O Ferrão perdeu-se nas suas próprias ferroadas. Julgou
que encalacrava António Costa, atropelando-o com as perguntas induzidas pela
narrativa política da direita. Ou por não ter uma visão política própria
diferente, ou por ter receio de parecer demasiado manso, se dispensasse o
bordão da propaganda da direita. Foi uma figura triste, semelhante a que faria
um microfone sem cabeça.
Um jornalista intelectualmente honesto, que colocasse
a António Costa perguntas substanciais bem escolhidas, podia ou não pô-lo em
dificuldades. Dependia das respostas que deveria permitir que fossem dadas. O que não aconteceu, ficando a
impressão que Ferrão fazia perguntas, mas não procurava respostas. Temia as respostas.
Uma boa entrevista prestigiaria o jornalista, quer
corresse mal quer corresse bem ao entrevistado. O jornalista não está ali para incensar
ou para apoucar o entrevistado. Está ali
para mostrar ao público aquilo que lhe pareça essencial no pensamento do entrevistado, quanto
aos temas que lhe pareçam relevantes.
Ferrão não
percebeu isso. E ao querer arrasar António Costa, implodindo a sua própria qualidade
jornalística e enlameando a sua honestidade informativa , acabou por favorecê-lo . Fez a figura de um
garnisé tonto que dá furiosas e inofensivas bicadas num galo de raça.
A estação televisiva do Dr. Balsemão não foi
beneficiada com tão vergonhosa prestação de um dos seus tenores mais ostensivos.
Fica uma pergunta aos que advogam a subsidio dependência do capitalismo comunicacional: Os dinheiros públicos devem ser gastos a
compensar a mediocridade jornalística reinante? Devem ser gastos a custear a
propaganda política da direita?
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