quarta-feira, 15 de junho de 2022

DEMOCRACIA ─ E DA BOA!

 


DEMOCRACIA
─ E DA BOA! 

A direita, revelando um apurado bom senso e um profundo sentido de justiça, insiste generosamente na perfumada sinfonia da reforma eleitoral.

Engrossando o coro com energia, levantam-se das suas sepulturas políticas, onde a história displicentemente os colocou, alguns dos seus mais clássicos expoentes. O próprio Oráculo de Boliqueime , ágil e enciclopédico, disse  de sua justiça com a grave sabedoria do costume. Há mesmo um balbuciar vago, tímido e alegadamente científico oriundo da esquerda baixa que dá algum aconchego ao transcendente desígnio da direita.

Círculos uninominais, apagamento da diversidade de representação política pela redução da proporcionalidade ─ enfim, qualquer coisa que possa dispensar a direita e os seus acólitos de conquistarem lugares electivos sem precisarem de ganhar mais votos. Dar a palavra ao povo, sim senhor. Mas nada de exageros. Não lhe deixar nunca espaço para poder fintar a direita em momentos cruciais. Enfim, democracia de fino recorte.

Mas estando volátil o xadrez político, o desígnio guloso e esperto da direita para a reforma eleitoral, pode tornar-se num verdadeiro “hara-kiri”. Por isso, certo, certo e do seu interesse “nacional” é obedecer a dois grandes princípios estruturantes.

1º- o total dos votos no PS será  corrigido, amputando-lhe 33%;

2º -qualquer maioria parlamentar de esquerda (PS sozinho ou acompanhado) terá que ser previamente autorizada pelo actual Presidente da República, após parecer favorável do Oráculo acima referido.

Quando tal for alcançado, as sereias da democracia sem peias dar-nos-ão a melodia dos seus cânticos…

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Pesadão e Silva falou.

 

Pesadão e Silva falou.

 


Pesadão e Silva falou.

Como irmão mais velho reduziu Rio a um esquálido ribeiro que censurou sem fraternidade pela irremediável secura.

Decretou teocraticamente a caducidade  da repartição entre a esquerda e a direita, mas inventou-se firmemente como o mais esotérico social democrata.

Glosou a vulgata crescimentista neoliberal com a transparência do simplismo economicista. Pavoneou-se  com a sua alegada vocação reformista, ruminando os mais sagrados tiques ideológicos  da direita mais classicamente inequívoca.

Massacrou ferozmente o PS, fornecendo o roteiro da sua oposição. Esmagou olimpicamente António Costa com o peso imenso da sua grandeza. O povo de esquerda exultou:” Se Pesadão e Silva nos ataca é sinal de que estamos no bom caminho-”

Antóno Costa limitou-se a fintá-lo. E a sorrir…

Num rasgo de última instância, o Prof. Silva ignorou corajosamente os trinca-fortes da saudade, varrendo-os para debaixo do tapete.

Só então a corte respirou de alívio e descansou:” afinal existimos! Uf!”