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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O homem do fato cinzento diz FMI.




O homem do fato cinzento diz FMI.

O homem do fato cinzento disse: “Ficámos surpreendidos com os resultados a que chegou a economia portuguesa”.
O homem do fato cinzento devia ter dito: “Enganámo-nos nas previsões pessimistas que fizemos quanto á economia portuguesa.”
O homem do fato cinzento acrescentou: “Mas devem ser feitas mais reformas estruturais”.
Eu pergunto ao homem de fato cinzento: “Se te enganaste porque nos dás os mesmos conselhos que darias se tivesses acertado?”
O homem do fato cinzento indica, embrulhando-as num economês internacional, quais são as suas reformas estruturais. Se traduzirmos pacientemente o seu economês internacional para português corrente, facilmente veremos que se reduzem a três tipos: prejudicar os trabalhadores, favorecer o capital e enfraquecer o Estado.
Como vemos é muito importante valorizar o português corrente, já que em economês internacional os portugueses como todos  os povos  podem ser enganados, mas em português corrente  os portugueses são muito mais dificilmente ludibriados. E os políticos-megafone do FMI em Portugal não podem ser tão desenvoltos como ainda não deixarem de ser, sob pena de correrem o risco de esqualidez eleitoral.
Duas perguntas me assaltam incomodativas, em conclusão:
1ª Por que razão milhares de cérebros sofisticados, pagos regiamente por dinheiros públicos, espremem a sua inteligência durante anos e anos para acabarem por recomendar  no essencial uma dócil obediência aos sonhos mais primários de qualquer patrão de esquina que esqueça a inteligência estratégica e a generosidade humana?
2ª Por que razão cabe aos Estados pagar e credenciar uma burocracia tecnocrática ostensivamente posta ao serviço do capital financeiro mundial?

Não espero que o homem do fato cinzento saiba responder.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O capital financeiro e as matilhas assimétricas.



[ Nos jornais de hoje: Juros da dívida inauguram novo ano abaixo de 2,6% , mas o rating de crédito continua em "lixo financeiro".]

A inquisição económica das agências de notação continua a condenar-nos ao inferno do lixo. Mas os mercados da dívida soberana, noutros casos tidos como sacrossantos, têm-nos deixado frequentar o paraíso dos juros baixos.

Que pecado é o nosso que nos faz ser condenados ao inferno por uns, para nos deixar repousar no paraíso pelos outros? Sendo que uns e outros estão, alegadamente, ungidos pela mesma santidade que os conduz a uma objectividade serena e férrea.

É estranho; quase parece que a sua santidade tem os pés de barro e a sua objectividade é apenas um embuste de uma subjectividade bem pesada.

Quase podia garantir, perante tão contraditórios julgamentos, que o serviço de uns e outros é muito menos aquilo que quer fazer parecer do que aquilo que lhes dita a função de peças estratégicas da produção ideológica do capital financeiro.

De facto, se uns e outros, ou alguns deles, não são tontos, a parafernália de instrumentos informáticos e de técnicos de ponta que se espraiam pelas suas salas, não são na verdade instrumentos para identificar conjunturas económicas e para informarem investidores, levando-os a directivas desencontradas que os desqualificam. Estamos apenas perante pesquisadores de argumentos que possam ser colocados ao serviço das estratégias politicas de teor algo vampiresco dos grandes centros de poder financeiro mundial e dos poderes institucionais que os exprimem e suportam.

A directiva é afundar a Grécia? Disparem-se as munições guardadas que façam parecer que a Grécia é um caos em potência. A palavra de ordem é salvar a Irlanda? Dispare-se o fogo de artifício que a transporte até ao céu da tranquilidade. Quanto a Portugal, está para se ver ? Ponha-se um lado a distribuir cachaços e outro a ministrar afagos.


Que os beneficiários deste embuste de luxo e os donos desta matilha de excelência paguem regiamente aos atores e autores deste “grande teatro económico” pode compreender-se. Que os poderes públicos, que deviam representar os povos agredidos, também paguem á canzoada que os morde, parece-me um tanto ou quanto estúpido. Talvez não seja corrupção ilegal, talvez nem sequer seja pecado, mas é estúpido.

terça-feira, 3 de maio de 2011

SOB INTENSO NEVOEIRO



A comunicação de Sócrates deixou as oposições sob intenso nevoeiro. É certo que não tirou coelhos ( salvo seja!) da cartola, nem sugeriu paraísos ao virar da esquina. Não anunciou o gesto brusco que nos libertasse do garrote da finança internacional. Limitou-se a mostrar que os gilós de seviço exageravam largamentre, quando prometiam infernos como único futuro ao alcance dos portugueses.


Já ouvi a reacção do último fantasma vivo do cavaquismo, ressuscitado para tomar conta do Passos. Avaliou o resultado anunciado das conversações com a troika, sem conseguir deixar de dizer que era um bom acordo. Mas teve que tartamudear um esconso autoelogio do PSD, sem estar muito certo se estava virado para o sul, para o norte, ou simplesmente do avesso. É a linha tarã-tã-tã; embora conste que está em preparação uma nova carta com todas as perguntas que já foram respondidas, para saber se as respostas são as mesmas.


Quanto ao mano Portas que é Paulo, comentou com grande sentido de Estado a comunicção de Sócrates: "Isso não tem importância nenhuma. O importante é que eu quero ser o próximo primeiro-ministro". Os lusitanos exultaram e uma brisa de contentamento inaudito soprou nas altas mesas dos "pecebes" da nossa sociedade.


As esquerdas notarialmente reconhecidas como as únicas autênticas ( é certo que cada uma à sua maneira) têm uma posição simples, directa e clara: bum! Arrasam o Sócrates, o FMI, o BCE e a União Europeia. Se pudessem agarravam na terra e deitavam-na fora.


Pela minha parte, afasto-me pé ante pé, antes que leve alguma cabeçada. A coisa está preta. Os tempos estão difícieis; os milhafres da finança internacional pairam. Mas talvez o Zé Povinho lhes faça o "manguito". E principalmente: talvez não seja ainda desta vez que a coelhada vá ao pote.


E para cúmulo, alguns soldados americanos mataram o Bin Laden em legítima defesa, falta apenas um simples milagre para um ex-Santo Padre ser realmente Santo, o barcelona amansou os madrids versão mourinho e os "andrades" esperam ansiosamente os "lampiões" para os tosquiarem de vez. E mais do que isto vai começar a queima e coimbra vai apanhar uma das que só passam com amoníaco. O Sócrates pode ficar descansado: a troika vai pescar para o alqueva, o último fantasma do cavaquismo só lhe vai escrever mais três cartas, o Portas de direita vai ter o apoio entusiasta da mamã para ser primeiro-ministro, quanto mais não seja, quando for grande; e as oposições à esquerda são contra como lhes compete.


Não me afastei como devia: levei mesmo uma cabeçada! Desculpem!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A austeridade leva ao desastre !


Por indicação do blog Ladrão de Bicicletas, fui ler no “Le Monde” a entrevista com Joseph Stiglitz que a seguir transcrevo. Eis uma voz demasiado sonante, para poder ser varrida para debaixo do tapete com um resmungo indiferente, só porque incorre no enorme pecado de destoar da cansada ladainha neoliberal.

Mesmo tendo-se caído no estado de necessidade para onde se deixaram empurrar os poderes instituídos, como se pode ver lendo a entrevista, os trilhos oficiais não são os únicos susceptíveis de ser percorridos. Mas o que também me parece óbvio é que se não se tomarem medidas que preparem primeiro e traduzam depois uma saída controlada do capitalismo, gradual mas efectiva, que implique uma transformação em profundidade do modo de produção actual, envolvendo, nomeadamente, um novo cuidado ecológico, os hábitos de consumo, o estilo de vida, a organização empresarial e as atitudes culturais, vigentes nas sociedades actuais, a chamada crise continuará a assombrar-nos e a estrangular o nosso futuro.

Enfim, ouçamos o que Joseph Stiglitz tem para nos dizer:


"L'austérité mène au désastre"

[Propos recueillis par Virginie Malingre]

Joseph Stiglitz, 67 ans, Prix Nobel d'économie en 2001, ex-conseiller économique du président Bill Clinton (1995-1997) et ex-chef économiste de la Banque mondiale (1997-2000), est connu pour ses positions critiques sur les grandes institutions financières internationales, la pensée unique sur la mondialisation et le monétarisme. Il livre au Monde son analyse de la crise de l'euro.




Vous avez récemment dit que l'euro n'avait pas d'avenir sans réforme majeure. Qu'entendez-vous par là ?
L'Europe va dans la mauvaise direction. En adoptant la monnaie unique, les pays membres de la zone euro ont renoncé à deux instruments de politique économique : le taux de change et les taux d'intérêt. Il fallait donc trouver autre chose qui leur permette de s'adapter à la conjoncture si nécessaire. D'autant que Bruxelles n'a pas été assez loin en matière de régulation des marchés, jugeant que ces derniers étaient omnipotents. Mais l'Union européenne (UE) n'a rien prévu dans ce sens.
Et aujourd'hui, elle veut un plan coordonné d'austérité. Si elle continue dans cette voie-là, elle court au désastre. Nous savons, depuis la
Grande Dépression des années 1930, que ce n'est pas ce qu'il faut faire.


Que devrait faire l'Europe ?
Il y a plusieurs possibilités. Elle pourrait par exemple créer un fonds de solidarité pour la stabilité, comme elle a créé un fonds de solidarité pour les nouveaux entrants. Ce fonds, qui serait alimenté dans des temps économiques plus cléments, permettrait d'aider les pays qui ont des problèmes quand ceux-ci surgissent.
L'Europe a besoin de solidarité, d'empathie. Pas d'une austérité qui va faire bondir le chômage et amener la dépression. Aux Etats-Unis, quand un Etat est en difficulté, tous les autres se sentent concernés. Nous sommes tous dans le même bateau. C'est d'abord et avant tout le manque de solidarité qui menace la viabilité du projet européen.


Vous prônez une sorte de fédéralisme ?
Oui. De cohésion. Le problème, c'est que les Etats membres de l'UE n'ont pas tous les mêmes croyances en termes de théorie économique. Nicolas Sarkozy a eu raison de faire pression sur (la chancelière allemande)

Angela Merkel pour la forcer à payer pour la Grèce. Nombreux sont ceux qui, en Allemagne, s'en remettent totalement aux marchés. Dans leur logique, les pays qui vont mal sont responsables et doivent donc se débrouiller.


Ce n'est pas le cas ?
Non. Le déficit structurel grec est inférieur à 4 %. Bien sûr, le gouvernement précédent, aidé par

Goldman Sachs, a sa part de responsabilité. Mais c'est d'abord et avant tout la crise mondiale, la conjoncture, qui a provoqué cette situation.
Quant à l'Espagne, elle était excédentaire avant la crise et ne peut être accusée d'avoir manqué de discipline. Bien sûr, l'Espagne aurait dû être plus prudente et empêcher la formation de la bulle immobilière. Mais, en quelque sorte, c'est l'euro qui a permis ça, en lui procurant des taux d'intérêt plus bas que ceux auxquels Madrid aurait eu accès sans la monnaie unique. Aujourd'hui, ces pays ne s'en sortiront que si la croissance européenne revient. C'est pour cela qu'il faut soutenir l'économie en investissant et non en la bridant par des plans de rigueur.


La baisse de l'euro serait donc une bonne chose ?
C'est la meilleure chose qui puisse arriver à l'Europe. C'est à la France, et plus encore à l'Allemagne qu'elle profitera le plus. Mais la Grèce et l'Espagne, pour qui le tourisme est une source de revenus importante, en seront également bénéficiaires.


Mme Merkel, pourtant, sait que la solidarité peut être importante. Sans cela, il n'y aurait pas eu de réunification allemande.
Oui. Mais, justement, il a fallu plus de dix ans à l'Allemagne pour absorber la réunification. Et d'une certaine manière, je pense que les ex-Allemands de l'Ouest estiment qu'ils ont déjà payé un prix élevé pour la solidarité européenne.


Pensez-vous que la viabilité de l'euro soit menacée ?
J'espère que non. Il est tout à fait possible d'éviter que la monnaie unique ne périclite. Mais si on continue comme ça, rien n'est exclu. Même si je pense que le scénario le plus probable est celui du défaut de paiement. Le taux de chômage des jeunes en Grèce s'approche de 30 %. En Espagne, il dépasse 44 %. Imaginez les émeutes s'il monte à 50 % ou 60 %. Il y a un moment où Athènes, Madrid ou Lisbonne se posera sérieusement la question de savoir s'il a intérêt à poursuivre le plan que lui ont imposé le Fonds monétaire international (FMI) et Bruxelles. Et s'il n'a pas intérêt à redevenir maître de sa politique monétaire.
Rappelez-vous ce qui s'est passé en Argentine. Le peso était attaché au dollar par un taux de change fixe. On pensait que

Buenos Aires ne romprait pas le lien, que le coût en serait trop important. Les Argentins l'ont fait, ils ont dévalué, ça a été le chaos comme prévu. Mais, en fin de compte, ils en ont largement profité. Depuis six ans, l'Argentine croît à un rythme de 8,5 % par an. Et aujourd'hui, nombreux sont ceux qui pensent qu'elle a eu raison.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O turbilhão

Com autorização do autor, vou transcrever mais um texto de J.L.Pio Abreu sobre o Estranho quotidiano que nos envolve. A crónica intitula-se O turbilhão, tendo sido publicada hoje no Destak. Ei-la:



O turbilhão

O último fim de semana foi histórico neste mundo global. O capital circulava à volta do globo e fazia turbilhões mais rápidos do que aqueles que a atmosfera engendra. Na Europa, num dia se perderam milhões, no outro dia tudo estaria perdido se ela continuasse a dormir. Melhor: se os nossos políticos não se soubessem entender a uma velocidade compatível com a dos cliques electrónicos.

Não era caso para menos. Por bem ou por mal, vivemos hoje dependentes dos fluxos de dinheiro que circulam pelos discos duros dos computadores. Aos políticos eleitos cabe governar dos povos que os elegeram. Mas eles deixaram-se adormecer quando acreditaram nas virtualidades da livre circulação do dinheiro transaccionado nos mercados. Enquanto os governos antigos se entregavam nas mãos de Deus ou da Glória Nacional, os governos actuais iam-se entregando nas mãos do Mercado.

Mas os mercados são feitos e dirigidos por homens. Não homens como nós, que nos vemos face a face, vivemos uns para os outros e aceitamos alguma frugalidade em troca da sã convivência, mas homens vidrados nos computadores e cegos para tudo o que não seja a sua ganância. E estes são implacáveis. Seriam capazes de destruir milhões de pessoas em troca de ganhos chorudos. Foi o que esteve quase a acontecer.

Neste fim de semana, os políticos europeus subverteram a lógica dos mercados ao criarem uma barreira de dinheiro fora da livre circulação. Assumiram a sua responsabilidade perante quem os elegeu, e demonstraram que a inteligência pode vencer a irracionalidade predadora.
[J. L. Pio Abreu]

domingo, 19 de abril de 2009

Economia Mundial e Condições de Trabalho

Uma vez mais, o Júlio Mota enviou-me o texto que abaixo transcrevo, assinalando a continuação da série de conferências e debates que têm vindo a materializar uma iniciativa, cuja importância, de dia para dia, se torna mais evidente.


" O grupo de docentes da FEUC dinamizador e organizador (com a colaboração dos estudantes do Núcleo de Estudantes de Economia da FEUC e com o apoio da Coordenação do Núcleo de Economia) do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC vem com a presente informar que irá decorrer, a 27 de Abril, a nona sessão do ciclo temático Economia Global, Mercadorização e Interesses Colectivos: Pessoas, Mercadorias, Ambiente e Paraísos Fiscais.

Esta sessão debruça-se sobre um tema que está agora na ordem do dia, uma vez que é uma das principais causas da crise que atravessamos, mas que lamentavelmente é um tema pertinente desde há vários anos: Economia Mundial, Direitos Fundamentais e Condições de Trabalho.

As condições de trabalho e salariais na China são altamente perturbadores dos mercados de trabalhos nos outros países, não apenas porque produzem os bens salariais que os países industrializados produziam outrora como são concorrentes e fortemente em tudo o que são indústrias mediamente intensivas em trabalho, mesmo que tecnicamente evoluídas. Porque se trata de um “capitalismo neoliberal de características chinesas”, na expressão de um dos mais importantes teóricos da Nova Esquerda na China, assente numa dinâmica de forte desigualdade de rendimentos e de minimização dos direitos do trabalho, a questão dos direitos fundamentais não poderia estar fora do Ciclo deste ano. Um filme sobre a China e uma conferência sobre os mercados de trabalho em tempo de crise, com a China como suporte, proferida pela professora Stephanie Luce, da Universidade de Massachusetts, constituirão assim a nossa nona sessão do Ciclo.


Esta foi a linha escolhida para esta sessão, porque se entende que a China é um dos vectores centrais da crise da economia real à escala mundial. Esta crise, de forma resumida, pode ser caracterizada pelos disfuncionamentos das grandes economias à escala mundo: a Europa, com as suas políticas de austeridade orçamental e de desigualdade na repartição, a China com uma política de desigualdade na repartição e de excedentes comerciais assentes nesta mesma desigualdade, enquanto os Estados Unidos seguiram uma política de desigualdade na repartição e de défices comerciais, em troca de títulos de crédito sem valor.

A importância do tema e da conferencista justificam a sua divulgação, razão pela qual vimos dar conhecimento desta iniciativa e para a qual contamos com o vosso apoio.






Programa - Sessão 9

Economia Mundial, Direitos Fundamentais e Condições de Trabalho

27 Abril

Hora: 16 horas
Local: Faculdade de Economia, Sala Keynes

Conferência de:
Stephanie Luce (Labor Relations and Research Center, Universidade de Massachusetts, Amherst): Mercados de Trabalho em tempo de crise

Comentários de:
João Amado (FDUC)
Maria da Conceição P. Ramos (FEP)

Filme e Debate

Hora: 21 horas e 15 minutos
Local: Teatro Académico de Gil Vicente

Filme/Documentário: China Blue, Micha X. Peled, 2007

Comentários e Debate:
Stephanie Luce
João Amado
Maria da Conceição P. Ramos

No Teatro Académico de Gil Vicente será disponibilizada gratuitamente uma brochura sobre a temática ligada ao filme, ligada às condições políticas, económicas e sociais da China, com particular relevo para o mercado de trabalho. Centrados pois na China, com a brochura pretende-se analisar a evolução política e económica na China, as linhas de força políticas que emergem com a nova China, as imagens dos Jogos Olímpicos de Pequim, a situação económica da China e dos Estados Unidos como elementos centrais da crise económica actual e, por fim, examinar os custos salariais em termos nominais e de paridade de poder de compra da indústria transformadora na China, concluindo-se com a análise das condições de trabalho e de remunerações numa das fábricas que produz para a Adidas e para a Reebock, entre outras.

Nesta brochura é de destacar a visão dos políticos da chamada Nova Esquerda, dos quais publicamos mesmo um texto, de um dos seus líderes mais representativos, um dos homens que foi um dos últimos a abandonar a praça Tiananmen na defesa dos estudantes massacrados. Curiosamente, a visão que esta linha de pensamento crítico pretende dar desta luta é que esta expressa o descontentamento dos chineses face ao neoliberalismo que se estava a implantar. Mas, com o esmagar desta contestação ao regime, quem perdeu com o massacre foram os críticos do neoliberalismo, quem ganhou foram as forças que defendem e implantam na China o capitalismo neoliberal. Sendo considerada a China um dos vectores centrais da crise da economia real de hoje, de acordo com análises económicas publicadas na brochura, afinal, quem perdeu não foram apenas os críticos do neoliberalismo chineses mas todos aqueles que hoje sentem os resultados do modelo neoliberal.

São ainda de salientar textos de dois economistas chineses, Minqi Li, autor de um recente livro, The Rise of China and the Demise of the Capitalist World-Economy (Pluto Press, 2008) e de Andong Zhu, economista a residir em Pequim.

Certos do vosso apoio a esta iniciativa e certos que tudo farão para a sua divulgação, o que antecipadamente agradecemos, queiram aceitar os nossos cumprimentos".

[Pela Comissão Organizadora - Júlio Marques Mota]

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Mais uma iniciativa a não perder



Com a notícia de um relevante colóquio, acabo de receber do Júlio Mota o texto que abaixo transcevo:



" Caros Amigos

Os docentes da disciplina de Economia Internacional, em colaboração com os alunos do Núcleo de Estudantes de Economia da AAC e com o apoio da Coordenação do Núcleo de Economia, estão a realizar o Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC de 2007-2008 com o tema


Integração Mundial, Desintegração Nacional: A Crise nos Mercados de Trabalho.

Com a presente carta, vimos comunicar o programa da próxima sessão, a sessão 10 deste ciclo, a realizar no dia 11 de Abril com início às 10 Horas na FEUC e com o seguinte programa:


Programa:

As mobilidades no espaço da União Europeia: as novas linhas de tensão

Sessão 10 - 11 de Abril

Colóquio


Local: Auditório da FEUC

10.00
Abertura

10.20 – 11.00
Conferência de Jaques Mazier (Universidade Paris XIII): Globalização e Desigualdade. Crescimento lento, quem ganha e quem perde

11.00 – 11.40
Conferência de Joaquin Arriola (Universidade de País Basco/EHU): A nova imigração na Europa. Precariedade e hierarquização do trabalho no novo modelo europeu de acumulação.

11.40 – 11.50
Intervalo para café

11.50 – 12.10
Comentários por José Reis (FEUC) e João Amado (FDUC)

12.10
Debate com os participantes


Cinema e Debate


Local: Teatro Académico Gil Vicente

21.15 – 22.40
Filme/Documentáro: El Ejido, a lei do lucro
de Jawad Rhalib (2007)

22.40 - 23.10
Comentários por Jaques Mazier, Joaquin Arriola, José Reis e João Amado

23.10
Debate


No Teatro Académico Gil Vicente será disponibilizada uma brochura produzida pelos docentes da disciplina de Economia Internacional, com textos de apoio e de desenvolvimento da temática tratada no filme, ou seja, sobre a problemática da imigração no espaço europeu, sobre o mecanismo de regulação do capitalismo à escala da União Europeia e sobre a sua política relativamente às migrações. Deste ponto de vista, nesta brochura, é dado algum relevo à utilização da imigração como instrumento de apoio às políticas salariais e de emprego, de forma a conter a pressão salarial, a manter os níveis de precariedade e a conseguir, de facto, que o salário seja a grande variável de ajustamento na política macroeconómica. Será aí igualmente desenvolvido o papel actual da Espanha na regulação (ou não) dos fluxos migratórios do espaço da União Europeia.


Sobre o filme:
O filme fala-nos da imigração em Espanha, no tempo de Aznar. Com este filme é a Espanha de hoje que se irá colocar em debate no Gil Vicente, a Espanha de Rajoy e de Aznar. Mas, é também a Espanha de Zapatero, a Espanha que foi posta em debate televisivo no passado dia 3 de Março com o tema a imigração. É a Espanha que se tornou um novo país quanto às migrações, passando de país de forte taxa de emigração a país de forte taxa de imigração, com 8,5% dos seus habitantes a serem imigrantes legais e calcula-se ainda em mais de 50% destes os que estão ilegalmente no país. É a Espanha da política de Aznar (1996-2004), pois foi com este que o governo espanhol implementou uma nova política de emigração que levou à securização das migrações com leis extremamente rígidas a contribuírem para a manutenção da “fortaleza Europa” que se irá mostrar.
A partir daqui será também da Espanha de Zapatero que se quer falar, pois é com Zapatero que se “quer impulsionar uma política de imigração na União Europeia. Porque as migrações têm que ser uma política europeia, dado que existe a livre circulação de pessoas no espaço da EU. Pois devemos lembrar que metade do crescimento económico que temos tido nestes últimos anos se deve à imigração. O que os imigrantes pagam para a Segurança Social corresponde ao pagamento a um milhão de pensionistas espanhóis...
É a Espanha de Aznar e de Rajoy que estará presente e é este último que defende “não se pode tolerar, como se está a passar em muitas câmaras que suportam a política de integração dos migrantes, que haja espanhóis que perdem direitos sociais porque vêm estrangeiros com um nível de rendimento mais baixo”.
É contra isto que se quererá também falar da Espanha de Zapatero quando afirma: “o certo é que este é o primeiro governo que dedica dinheiro à integração dos migrantes: 800 milhões de euros nesta legislatura e vamos chegar aos mil milhões e depois, em 2010 chegaremos aos 2.000 milhões para a integração dos trabalhadores nos municípios onde há mais imigração, para que haja mais ajudas sociais, mais subsídios e, por conseguinte, para que nenhum cidadão se sinta prejudicado.”


Informamos que o programa do ciclo, bem como todos os documentos até aqui produzidos, podem ser consultado no sítio: http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int

Sem outro assunto e certos da vossa atenção e aguardando a vossa presença nestas sessões assim como a divulgação deste evento cultural, apoio este que antecipadamente agradecemos, apresentamos os nossos cumprimentos.

Pela Comissão Organizadora

Júlio Marques Mota