sábado, 7 de setembro de 2019

O fantasma da maioria absoluta do PS



O fantasma da maioria absoluta do PS

Cada eleitor dá um voto a um partido ou coligação, não lhe sendo dada a possibilidade de optar no ato de votar  entre  uma maioria relativa ou absoluta do partido ou coligação que lhe parece venha a ser a vencedora.

Todos os partidos ou coligações aspiram a ter o maior número de votos , embora nem todos possam aspirar com verosimilhança a uma maioria absoluta. Mas é absolutamente estúpido algum deles pedir com sinceridade uma maioria absoluta, pela razão já aduzida de que cada eleitor vota ou não vota nele, não podendo votar com a condição de que tenha ou não tenha um certo tipo de maioria. 

Por isso, quando alguém pede uma maioria absoluta realmente está apenas a tentar induzir uma ideia de força e de vitória, de robustez política e de vocação maioritária. É uma estratégia de propaganda, não é uma estratégia política. Nessa medida, combater essa estratégia de propaganda como se fosse uma estratégia política é um equívoco que se arrisca a ser contraproducente para quem o pratica. Mas combater essa estratégia de propaganda, quando ela não é assumida, é totalmente absurdo. Ao combater-se uma hipotética ambição, alegadamente inconfessada, de uma maioria absoluta de um outro partido ou coligação, está apenas a fazer-se a esse partido o favor de admitir que ele é suficientemente forte e está suficientemente prestigiado para que essa hipótese se coloque.

O alarido que tem rodeado uma hipotética maioria absoluta do PS é um bom exemplo do que temos vindo a dizer. Aliados e inimigos têm-se deixado dominar por essa obsessão, permitindo que se enraíze objetivamente o reconhecimento de que o modo como o PS conduziu o Governo nesta legislatura lhe dá popularidade e não desprestígio. Doutro modo, estaria mais em causa o risco de uma possível derrota do que uma vitória qualificada. E quando se qualifica de eleitoralista uma medida ou uma política apenas por ser do interesse de muitos está apenas a sublinhar-se e a reconhecer-se o acerto dessa medida ou dessa política.

Por isso, imputar ao PS como quase-crime a inconfessada ambição de uma maioria absoluta, longe de o enfraquecer, apenas evidencia a convicção dos seus adversários de que ele está suficientemente forte para que esse problema se coloque. Os comentadores e jornalistas que, julgando-se luminosos, insistem na mesma tecla, apenas ampliam esse empurrão estrutural dado assim ao PS.

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