sábado, 29 de agosto de 2015

O BRASIL NO SEU LABIRINTO - 6


Datado do passado dia 26 de agosto, foi publicado na página virtual da CartaCapital um texto que merece ser lido e meditado, da autoria  do colunista Marcos Coimbra, o qual é sociólogo, presidente do Instituto Vox Populi e também colunista do Correio Braziliense. Ele compara a campanha atual contra Dilma (2015) da que foi feito contra Fernando Henrique Cardoso [FHC] (1999), quando era ele o Presidente da República.
O texto intitula-se Do “Fora FHC” ao “Fora Dilma”, procurando mostraras semelhanças entre os apelos de 1999 e as manifestações recentes” e lembrando que “as marchas são legítimas, mas claramente partidárias. E assim devem ser tratadas”.



“O governo está mudo, incapaz de formular e transmitir sua narrativa dos acontecimentos no País, de como chegamos aonde estamos e para onde vamos. Não tem um discurso a respeito do que faz, do porquê e o que almeja. Limita-se a reagir de forma espasmódica e pouco criativa às pressões recebidas.
Pede a todos, ricos e pobres, simpatizantes e adversários, concordância com a necessidade de um “ajuste”. Parece no fundo querer um cheque em branco, pois não explica aos cidadãos os motivos que o exigem, não esclarece quais sacrifícios serão necessários e não fixa um horizonte.
Da oposição raramente se ouve algo que preste. Ela não expõe ideia, projeto ou proposta ao debate nacional. Seus líderes, embora cheios de cabelos brancos, agem tal qual meninos radicais. Fazem o mesmo que criticavam em seus velhos inimigos, os petistas contra quem brigaram em seus tempos de governo. 
A gratuita sugestão de Fernando Henrique Cardoso a Dilma Rousseff, a renúncia, é um exemplo perfeito dessa irresponsabilidade. A menos que se trate de uma reles vingança de quem teve de ouvir apelo idêntico.
Em 1999, em meio à crise instaurada no início de seu segundo mandato, o tucano ouviu do petista Tarso Genro a sugestão de deixar a Presidência e convocar novas eleições. Genro baseava-se na “fraude eleitoral” cometida por FHC durante a campanha, quando prometera fazer o inverso do que fazia, e no fato de ele ter perdido condições morais de governar, depois do “escândalo da privatização”.    
Enquanto os principais nomes da oposição se apequenam, os pequenos ficam menores. Ora nos brindam com declarações de um reacionarismo truculento, ora posam de ingênuos e fingem espanto diante das revelações a respeito da maneira como se financia, desde sempre, a política no Brasil. Terão se esquecido de que a eleição de praticamente todos foi custeada por meio do mesmo mecanismo?
O que se ouve e se lê na mídia é quase sempre de chorar. Às vezes por ignorância, na maioria dos casos por opção ideológica, oferece-se à opinião pública uma interpretação equivocada de nossa vida política. Em regra, a função dessa “leitura da realidade” é legitimar o discurso da oposição. Isso ficou claro no tratamento dado pela dobradinha mídia/oposição às manifestações antigoverno.
Centraram a discussão na dimensão quantitativa: relevante era o número de participantes. A oposição fixou-se na quantidade tanto quanto os meios de comunicação. Como se os manifestantes diferissem daqueles que permaneceram em casa apenas por seu ativismo e os brasileiros fossem uma massa homogênea, o que faria de quem protestava a amostra perfeita de todos.
Diante dessa hipótese inverossímil, a reação do governo e seus simpatizantes foi negá-la. À argumentação das quantidades, proposta pela oposição e pela mídia, fez-se a contraposição da sociologia dos manifestantes. As mesmas fotos que atestariam o “tamanho” dos eventos evidenciariam sua composição atípica. Ao contrário de expressar o Brasil, seriam exclusivas da classe média branca das metrópoles.     
As duas teses são verdadeiras: os protestos foram “grandes” e de fato seus participantes não eram sociologicamente representativos do conjunto do País. Mas nenhuma delas centra-se no aspecto mais significativo do fenômeno.  
Pela segunda vez temos um presidente no início do segundo mandato a enfrentar graves problemas. Pela segunda vez a popularidade presidencial despenca e fica em idênticos 8% de avaliação positiva em agosto do primeiro ano pós-reeleição. Antes de Dilma Rousseff, também Fernando Henrique ouviu “apelos” para renunciar e viu seus oponentes moverem-se para conseguir seu impeachment
Pela segunda vez, estimulada por clima parecido, a oposição convoca protestos populares. O “Fora FHC” de 1999 chegou a colocar cerca de 200 mil manifestantes nas ruas de Brasília e, muito provavelmente, seus organizadores teriam enchido a Avenida Paulista se assim o desejassem. 
Qual a diferença em relação a hoje? Em 1999, o establishment foi hábil ao pespegar a etiqueta de “coisa de petista” no “Fora FHC”, o que impediu que ele fosse interpretado como uma manifestação do conjunto da sociedade. Agora, os mesmos personagens propalam a tese inversa e querem tornar “dos brasileiros” um movimento específico de uma porção, não majoritária, do País. 

Desde o domingo 16 veio a público uma única pesquisa com manifestantes que continha a pergunta fundamental, a respeito do voto em 2014. Foi de responsabilidade da Universidade Federal de Minas Gerais e realizada em Belo Horizonte. Entre os entrevistados nas 
ruas da cidade, 79% votaram em Aécio Neves e 11% anularam ou deixaram em branco o voto. A se considerar os dados de pesquisas semelhantes conduzidas ao longo do primeiro semestre, o quadro em outros locais não terá sido muito diferente.
A discussão relevante não é se os manifestantes foram muitos ou poucos. Ou se foram típicos ou não da sociedade. O mais importante: estavam nas ruas, quase exclusivamente, eleitores do PSDB.
Problema? Obviamente não, pois esses cidadãos têm todo direito de se mostrar tristes com o resultado da última eleição. O que não justifica esconder da opinião pública o fato de serem eles a ocupar as ruas.
No modo como a dupla mídia/oposição apresentou e discutiu as manifestações ficou escondida sua característica mais importante. E o governo, em sua mudez, não teve argumentos para rebater a fábula. O Fora FHC foi “coisa de petista”? Certamente. Falta é dar nome às atuais manifestações. Quem sabe não poderiam ser consideradas um “tucanaço”?”


sábado, 22 de agosto de 2015

O BRASIL NO SEU LABIRINTO - 5


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Na página virtual do jornal argentino  Página /12, foi hoje publicado um artigo assinado por um dos seus jornalistas, David Cuffré  El proyecto para Brasil─ que analisa os possíveis reflexos da crise brasileira na América Latina, com destaque para a Argentina. É uma perspetiva que destaca um aspecto da crise que está longe de ser secundário.


El proyecto para Brasil

      Por David Cufré

El proyecto económico detrás de las manifestaciones masivas de las últimas semanas contra el gobierno de Dilma Rousseff tiene como uno de sus objetivos prioritarios desandar el camino de la integración regional. En lugar de la alianza con Argentina, Uruguay, Paraguay y Venezuela, una cúpula empresaria de Brasil quiere reemplazar al Mercosur por acuerdos de libre comercio con la Unión Europea y Estados Unidos, sin restricciones ni condicionamientos de los antiguos socios sudamericanos. La movida es alimentada por los grandes medios de comunicación, que transmiten un mensaje monolítico a favor de profundizar las políticas neoliberales. Describen al bloque regional como un lastre, que impide al país despegar hacia el mundo. También le atribuyen una cuota de responsabilidad en la crisis económica, que cada vez es más grave. La salida, dicen, es apostar a nuevos socios comerciales para aumentar las exportaciones, al mismo tiempo que se avanza con señales hacia los mercados financieros, como un ajuste fiscal más severo, la anulación de impuestos al patrimonio, la suba de la edad jubilatoria, el arancelamiento de la salud, una reforma para achicar el Estado y la venta de activos públicos, como edificios y tierras de las fuerzas armadas. Todo ello debería seducir a capitales extranjeros para invertir en el país. Los actores sociales que impulsan esa vuelta de tuerca ortodoxa son los mismos que en Argentina sueñan con un modelo agroexportador, de apertura comercial y desregulación financiera y cambiaria: grandes productores agropecuarios, especialmente de soja y ganado (Brasil se ha convertido en una potencia mundial en ambos casos), sectores vinculados a la banca internacional; el establishment industrial con compañías globales, y una clase media y media alta de grandes ciudades que a pesar de haber sumado ingresos con los gobiernos del PT, no logra convivir con las clases populares que ascendieron gracias a las políticas de redistribución.
Una diferencia sustancial entre Brasil y la Argentina, que agrava las cosas, es que los gobiernos de Lula y Dilma nunca rompieron con el paradigma neoliberal. El país vecino no tuvo un 2001/2002 que enterrara a los años ’90 en el descrédito. Los avances sociales se produjeron gracias a políticas específicas, como el Bolsa Familia, y a la promoción del consumo y el empleo en las etapas de auge económico, promovidas por la suba de los precios internacionales de las materias primas. A eso se suma que el segundo mandato de Dilma arrancó el 1º de enero pasado echando por la borda promesas electorales desarrollistas y nombrando en su gabinete a referentes del proyecto neoliberal del agro y de la banca: Joaquim Levy en Hacienda, doctorado en Chicago, ex funcionario del FMI y director del Banco Bradesco hasta 2014, y Catia Abreu en Agricultura, ex presidenta de la Confederación Nacional de la Agricultura, la Sociedad Rural brasileña. Esta última dijo en junio, en una reunión en Bruselas con la Unión Europea, que Brasil debería firmar un acuerdo de libre comercio con ese bloque sin esperar el consentimiento del Mercosur. El sacudón obligó al gobierno de Rousseff a bajarle el tono, pero la propuesta reapareció la semana pasada por parte del presidente del Senado, Renan Calheiros, uno de los líderes del PMDB, quien hasta ahora mantenía una alianza con el PT pero que en este momento luce al borde de la fractura.
Calheiros se reunió con Levy y le presentó una carta de veinte puntos con los postulados neoliberales, algunos de los cuales se mencionaron más arriba: reducción del impuesto a la herencia, achicamiento del Estado, reforma laboral, flexibilización regulatoria para el sector de la minería, creación de una institución autónoma encargada de auditar la política fiscal, incentivos a la repatriación de capitales y nuevas exigencias para cobrar planes sociales, entre otros. Uno de los puntos dice textualmente: “Acabar con la unión aduanera del Mercosur a fin de posibilitar que Brasil pueda firmar acuerdos bilaterales sin depender del apoyo de los demás miembros del bloque regional”.
La canciller alemana, Angela Merkel, fue recibida anteayer por Dilma en Brasilia con honores de Estado, propios de la jerarquía de la visitante, pero también reflejo del momento político y de las presiones económicas que se viven en el principal socio comercial de la Argentina. La virtual jefa de la Unión Europea sostuvo: “Hay empresas alemanas que quieren y están dispuestas a invertir en Brasil, pero para ello se necesitan condiciones de inversión confiables”. La traducción del idioma diplomático a hechos concretos es dejar de lado la integración latinoamericana para afianzar nuevos lazos con las grandes potencias occidentales.
Eduardo Crespo, prestigioso profesor de la Universidad Federal de Río de Janeiro, analiza con su mirada argentina el proceso brasileño. Considera que los movimientos desestabilizadores contra el Gobierno que se expresaron en las marchas –de perfil “cacerolero”, con una potencia y una masividad nunca antes vistas para la sociedad brasileña– tienden a replegarse. Esto es así, estima, porque el poder económico y buena parte del poder político en la oposición prefieren que Dilma haga el trabajo sucio. Es decir, que implemente aquellos veinte puntos de cepa neoliberal, vaya para atrás con el Mercosur y cierre acuerdos con Europa y Estados Unidos. Y mientras tanto, la seguirán desgastando con las causas de corrupción, a ella y a su eventual sucesor, Lula da Silva. En 2018, la oposición tendría el camino allanado para ganar las elecciones, y el PT quedaría como responsable de la crisis ante la sociedad.
Algo de eso ya se vio con la estigmatización que está haciendo la prensa dominante –mucho menos plural que la argentina– del ex ministro de Hacienda Guido Mantega. El funcionario asumió con Lula en marzo de 2006 y permaneció hasta el final del primer mandato de Dilma, el 31 de diciembre último. Su gestión, como ya se dijo, mantuvo la impronta ortodoxa en términos fiscales, monetarios y cambiarios, aunque en comparación con su antecesor, Antonio Palocci, y su sucesor, Levy, parece un moderado. Eso les basta a los grandes medios para tildarlo de heterodoxo –aunque esté a años luz de Kicillof, para medirlo con la vara nacional– y culparlo de todos los males. “Levy tiene que arreglar los desastres que dejó Mantega”, instalan diarios y canales de televisión. No importa que el violento ajuste fiscal que impuso el actual ministro haya hundido a una economía que ya venía en caída, la responsabilidad se atribuye al “heterodoxo” Mantega.
En esa línea, hay sectores empresarios que aspiran a forzar una privatización de Petrobras, conmocionada por las denuncias de corrupción. Grandes petroleras del exterior están igualmente detrás de esa presa.
Por ahora no surgió en Brasil una reacción popular en defensa de sus intereses, y no será fácil que ocurra porque el partido político que solía representarlos, el PT, está embanderado con las políticas de ajuste. El panorama, así, es sombrío para el proyecto que cobró fuerza hace más de una década en Mar del Plata, cuando la región le dijo no al ALCA y avanzó en su integración. Será un desafío para Daniel Scioli, si se impone en las elecciones, convivir con un Brasil que en lugar de mostrarse como aliado tiene vocación de afianzar otras relaciones. Y si el ganador es Macri, los sueños de un proyecto nacional, popular y latinoamericano quedarán nuevamente en stand by. Ese es el proyecto que el establishment brasileño, Europa y Estados Unidos tienen para la verde-amarela



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O BRASIL NO SEU LABIRINTO - 4



Um amigo, que partilha comigo uma curiosidade sistemática sobre o que se passa no mundo e a noção de que é necessário tentar aceder ao que está por detrás do ruído mediático dominante, para podermos perceber melhor o que vai acontecendo, teve a amabilidade de me chamar a atenção para um texto do teólogo brasileiro Leonardo Boff. Este expoente cimeiro da teologia da libertação fala-nos da conjuntura brasileira atual. Se percebermos melhor o que se passa no país irmão, talvez também consigamos compreender melhor o momento que vivemos em Portugal e na Europa.
O texto está publicado na página virtual da CTB (Central do Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil ), tendo como sugestivo título : O bullying midiático sobre o PT e sendo datado de 10 de agosto de 2015.



“Há um fato inegável que após a reeleição da presidenta Dilma em 2014 irrompeu muita raiva e até ódio contra o PT e o atual governo. Atesta-o um ex-ministro do partido da oposição, do PSDB, Bresser Pereira, com estas contundentes palavras:
“Surgiu um fenômeno que eu nunca tinha visto no Brasil. De repente, vi um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, contra um partido e uma presidente. Não era preocupação ou medo. Era ódio. Esse ódio decorreu do fato de se ter um governo, pela primeira vez, que é de centro-esquerda e que se conservou de esquerda. Fez compromissos, mas não se entregou. Continua defendendo os pobres contra os ricos. O ódio decorre do fato de que o governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres”(FSP 01/03/2015).
Este ódio foi insuflado fortemente pela imprensa comercial do Rio e de São Paulo, por um canal de TV de alcance nacional e especialmente por uma revista semanal que não costuma primar pela moral jornalística e, não raro, trabalha diretamente com a falsificação e a mentira. Esse ódio invadiu as mídias sociais e ganhou também as ruas. Tal atmosfera envenena perigosamente as relações sociais a ponto de que já se ouvem vozes que clamam pela volta dos militares, por um golpe ou por um impeachment.
Tal fato deve ser lamentado por revelar a baixa intensidade do tipo de democracia que temos. Sobretudo deve ser interpretado. Nem chorar nem rir, mas tentar entender.Talvez as palavras do ex-presidente Lula sejam esclarecedoras:
“Eles (as classes dirigentes conservadoras) não conseguem suportar o fato de que, em 12 anos, um presidente que tem apenas o diploma primário colocou mais estudantes na universidades do que eles em um século. Que esse presidente colocou três vezes e meia mais estudantes em escolas técnicas do que eles em 100 anos. Que levou energia elétrica de graça para 15 milhões de pessoas. Que não deixou eles privatizarem o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e os bancos do Espírito Santo, de Santa Catarina e do Piauí. Que nos últimos 12 anos nós bancarizamos 70 milhões de pessoas, gente que entrou numa agência bancária pela primeira vez sem ser para pagar uma conta. Acho que isso explica o ódio e a mentira dessas pessoas. Pobre ir de avião começa a incomodar; fazer faculdade começa incomodar; tudo que é conquista social incomoda uma elite perversa”(discurso no sindicato dos bancários do ABC no dia 24 de julho de 2015: Jornal do Brasil online de 25/07/2015).
Posso imaginar a enorme dificuldade que possuem as classes proprietárias com seus poderosos meios de comunicação de aceitar a profunda transformação que surgiu no país com o advento do PT, vindo de baixo, do seio daqueles que sempre estiveram à margem e aos quais se negaram direitos e plena cidadania. Como escreveu acertadamente o economista Ladislau Dowbor da PUC de São Paulo:
”Eles querem a volta ao passado, a restrição das políticas sociais, a redução das políticas públicas, o travamento da subida da base da pirâmide que os assusta”. E acrescenta: “A máquina administrativa herdada foi feita para administrar privilégios, não para prestar serviços. E os privilegiados a querem de volta”(Carta Maior, 22/09/2015).
Efetivamente, o que ocorreu não foi uma simples troca de poder mas a constituição de uma outra base de poder, popular e republicana que deu centralidade ao social, fazendo com que o estado, bem ou mal, prestasse serviços públicos, incluindo cerca de 40 milhões de pessoas, fato de magnitude histórica.
Para entender o fenômeno do ódio social socorrrem-nos analistas da violência na história. Recorro especialmente ao pensador francês René Girarad (*1923) que se conta entre os melhores. Segundo ele, quando na sociedade se acirram os conflitos, o opositor principal consegue convencer os demais de que o culpado é tal e tal pessoa ou partido. Todos então se voltam contra ele, fazem-no de bode expiatório sobre o qual colocam todas as culpas e corrupções (cf. Le bouc émissaire, 1982). Assim desviam o olhar sobre suas próprias corrupções e, aliviados, continuar com sua lógica também corrupta.
Ou pode-se atribuir aos acusadores aquilo que o grande jurista e politólogo alemão Karl Schmitt (+1986) aplicava a todo um povo. Este para “garantir sua identidade tem que identificar um inimigo e desqualificá-lo com todo tipo de preconceito e difamação” (cf.O conceito do político,2003). Ora, esse processo está sendo sistematicamente feito contra o PT, um verdadeiro bullying coletivo. Com isso procura-se invalidar as conquistas populares alcançadas e reconduzir ao poder aqueles que historicamente sempre estigmatizaram o povo como jeca-tatu e ralé e ocuparam os aparelhos de estado para deles se beneficiar.
Distorce minha intenção quem pensar que com o que escrevi acima estou defendendo os que do PT se corromperam. Devem ser julgados e condenados e, por mim, expulsos do partido.


O avanço do povo através do PT é precioso demais para que seja anulado. As conquistas devem continuar e se consolidar. Para isso é urgente desmascarar os interesses anti-populares, frear o avanço dos conservadores que não respeitam a democracia e que almejam a volta ao poder mediante algum tipo de golpe.”

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O BRASIL NO SEU LABIRINTO - 3


Vou hoje transcrever mais um texto da página virtual da CartaCapital, revista brasileira a que recorreo frequentemente , datado do passado dia 18 de agosto, que pode ajudar a compreender o que se está a passar atualmente no Brasil, ao trazer-nos um tipo de informação diferente daquele que nos é dado por outros textos já aqui divulgados. O seu autor é Renan Truffi, repórter  da CartaCapital. “Quem são os manifestantes de 16 de agosto ?"    é a pergunta a que o texto procura responder.” Ei-lo:

“Apesar de ter sido o terceiro grande protesto contra o governo petista e pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a manifestação de 16 de agosto mostrou que essa série de movimentos continua sendo constituída majoritariamente por uma única camada da sociedade brasileira.
É o que revela uma pesquisa com os participantes do ato em São Paulo, estado com o maior número de manifestantes. O perfil de quem tomou as ruas da capital paulista é: homem (57,30%), branco (73,60%), com idade entre 30 e 60 anos (59,2%), renda familiar superior a R$ 3.940 reais (70,9%) e alto nível de escolaridade (65,40%).
“A nossa ideia era um pouco ver se o protesto continuava homogêneo, pessoas com ensino superior completo, brancas. E a primeira conclusão é que o protesto não conseguiu incluir outras classes sociais. É um protesto muito excludente”, afirma Esther Solano, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ela conduziu o estudo com Pablo Ortellado, filósofo da Universidade de São Paulo (USP), e Lucia Nader, da Fundação Open Society, para o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação, da USP. O levantamento foi realizado junto a 405 pessoas, entre as 12  horas as 17 horas e 30 minutos do domingo 16, em toda a extensão da Avenida Paulista, tem 95% de nível confiança e margem de erro de 4,9%.
Segundo o estudo, os homens representam 57,30% do público, contra 42,70% das mulheres. A maioria das pessoas possui ensino superior completo (65,40%), enquanto que 13,30% estudaram somente até o ensino médio.
A faixa etária mais representativa é de pessoas com idade entre 50 e 60 anos (22,70%), seguida dos manifestantes que têm entre 30 e 40 anos (22,20%) e daqueles que possuem entre 20 e 30 anos (19,30%).
Na questão da classe social, a maioria (28,9%) possui renda familiar entre 7.880 e 15.760 reais. O segundo grupo mais representativo é o dos que possuem renda familiar com valor entre 3.940 e 7.880 reais: eles são 22,5% dos ouvidos na pesquisa. Além disso, 19% das pessoas dizem ter renda de mais de 15 mil reais.

Quase metade dos manifestantes (48,4%) tem renda superior a 7 .880 reais

A pesquisa também ajuda a desmistificar a tese de que, assim como os grupos Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua, que organizam os protestos, os manifestantes tenham um pensamento liberal sobre questões que envolvam a presença do Estado na vida dos cidadãos.
Os pesquisadores questionaram as pessoas sobre seus direitos e a grande maioria se mostrou a favor de educação (86,9% dos entrevistados) e saúde (74,3%) providas de forma gratuita. Somente a gratuidade dos serviços de transporte foi rejeitada pelos participantes (48,90%) do protesto em São Paulo.
Apesar de defenderam serviços públicos gratuitos, mais de 80% dos manifestantes também se mostram a favor da redução de impostos de uma maneira geral no País. A explicação para essa contradição pode estar em outra pergunta da pesquisa: quase 90% dos entrevistados acredita que o problema da má qualidade nos serviços públicos se deve à corrupção. Outros 93% colocam o problema como resultado de má administração, e 73% discordam de que a razão seja a “falta de recursos” para manter serviços para todos.
Outra questão foi sobre o financiamento empresarial de campanha. Entre as pessoas que estavam presentes na avenida Paulista, 73% não concordam com esse modelo de financiamento eleitoral. Outros 17,8% defendem o formato e 8,6% dizem que não têm uma opinião sobre o assunto.
A pesquisa também se debruçou sobre as opiniões dos manifestantes quanto ao sistema político. Praticamente todas as pessoas que foram protestar na avenida Paulista, aproximadamente 96,80%, estão insatisfeitas com a política no Brasil. Mas a maioria delas, ou 64,20%, pensa que a solução para a crise política é “entregar o poder para um político honesto”.
Outra parcela considerável (43,70%) pensa que os problemas serão resolvidos se o poder ficar a cargo de um juiz honesto, o que remete a figuras como as do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa e o juiz Sérgio Moro, à frente da Operação Lava Jato.
Se, por um lado, os manifestantes parecem acreditar em uma solução personalista, uma esmagadora maioria (71,10%) rejeita entregar o poder para os militares.
A percepção da corrupção no Brasil também parece variar, mais ou menos, de acordo com o escândalo citado. Aproximadamente 99% dos entrevistados consideram graves as descobertas da Operação Lava Jato e do “Mensalão”. Esse percentual diminui um pouco quando o assunto é o “mensalão do PSDB” e esquema de cartel no Metrô de São Paulo. Ainda assim, mais de 80% dos entrevistados os classificam também como graves.
Parte dos entrevistados nega gravidade de casos como o mensalão do PSDB e mal conhece Operação Zelotes

A diferença é mais significativa, no entanto, quando se trata da Operação Zelotes, que investiga 74 processos de sonegação de impostos por parte de empresas, entre 2005 e 2013, que envolvem um montante de 19 bilhões de reais. Neste caso, 58,80% dos manifestantes admitem que o caso também é grave, enquanto que 38% não sabem classificar a denúncia.
O que explica, então, o fato de os protestos se voltarem somente contra o PT? “A percepção é de que as pessoas acham que o sistema todo é corrupto. Aí o jogo dos organizadores é canalizar esse descontentamento geral com o sistema só no PT. O PMDB está sendo poupado de tudo, não é alvo, mas é considerado altamente corrupto”, afirma Esther.
Esse fenômeno apresenta uma variação maior quando os manifestantes são questionados sobre figuras políticas. Quase 90% responderam que consideram a presidenta Dilma Rousseff (PT) corrupta. O percentual é maior ainda sobre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), considerado um político envolvido em corrupção para 93,80%.
Apesar de rivalizar com o governo petista, nem o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), passa ileso : mais de 70% dos entrevistados o considera corrupto. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP), também é colocado no mesmo grupo por 77%.
Já o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), é classificado como corrupto para apenas 41,70%, contra 36,30% que rejeitam acreditar na participação dele em esquemas. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) também é corrupto para 37,80%, enquanto outros 35% negam essa pecha para o tucano.


terça-feira, 18 de agosto de 2015

MANUEL ALEGRE toma posição quanto às Presidenciais.



No DN de hoje vem publicado um texto de Manuel Alegre que divulga publicamente o seu apoio à provável candidatura presidencial de Maria de Belém. Estamos perante um valioso apoio, mas também perante um facto político relevante.

Na verdade, alguns adversários desta possível candidatura tinham vindo a tentar colar-lhe o estigma de ser uma candidatura confinada a uma facção interna do PS, que cristalizava recentes divisões em disputas internas, além de a procurar situar numa alegada direita interna do PS, da qual seria apenas mais uma expressão. Esta dupla tentativa de estigmatização era em si própria uma falsificação da realidade. A candidatura de Maria Belém, espelhando sua a história pessoal, de modo nenhum podia ser confinada  aos espaços alegados. O artigo de Manuel Alegre veio sublinhar e documentar o que acabo de dizer. Insistir nas imputações redutoras acima referidas traduzirá, daqui para a frente, uma pura agressão propagandística.

É tempo de legislativas. O quadro dos candidatos  presidenciais à esquerda está agora mais claramente definido, embora possa não estar ainda completo, pela possível emergência de candidatos apoiados pelo PCP e pelo BE. As candidaturas de Maria de Belém e de Sampaio da Nóvoa partilham estruturalmente um espaço político, ainda que nesse campo não sejam completamente sobreponíveis. 

Disputam a preferência dos eleitores, não concorrem a um qualquer campeonato de agressões mútuas. Se entre elas o combate for de ideias e de propostas, com drástica subalternização de ataques e imputações pessoais, ambas se dignificarão com isso e dentro da esquerda começar-se-á a ganhar o hábito de se discordar e de se competir cordialmente. Isto é em si positivo, mas quando se percebe que uma das candidaturas precisará dos votos dos apoiantes da outra numa segunda volta, fica clara a razão porque isso será indispensável.

Recordemos, com a devida vénia, o texto de Manuel Alegre hoje saído no DN :

Apoiarei Maria de Belém
por MANUEL ALEGRE

Era minha intenção não me pronunciar sobre presidenciais antes das legislativas, que são, para os socialistas, a prioridade das prioridades.
Mas algumas afirmações feitas ultimamente sobre a pessoa de Maria de Belém obrigam-me a tomar posição.
Está confirmado que Maria de Belém comunicou ao secretário-geral do PS que se candidatará à Presidência da República. É um direito que lhe assiste, merece respeito e não pode ser posto em causa por considerações táticas, interpretações sectárias e inaceitáveis ataques de carácter.
Começo por lembrar que Maria de Lourdes Pintasilgo e eu próprio fomos pioneiros de candidaturas cidadãs à Presidência da República. A engenheira como inde- pendente, eu como militante do PS, embora sem o apoio da sua direção. As candidaturas presidenciais são, por excelência, o espaço da cidadania. Mas este tanto existe dentro como fora dos partidos. Ninguém tem o exclusivo da cidadania. Ser membro de um partido não constitui uma menoridade cívica, como ser independente não confere a ninguém um estatuto de superioridade sobre quem assume a sua filiação partidária.
Posto isto, declaro que a candidatura de Maria de Belém terá o meu apoio. Não tanto por ela ter sido mandatária nacional da minha segunda candidatura, nem por termos estado juntos no Congresso do PS em 2004, defendendo os mesmos valores contra a versão portuguesa da tentação blairista. Mas porque Maria de Belém é uma socialista substantiva, com uma longa biografia política e provas dadas na luta pelos valores da liberdade, pelos direitos sociais, pela igualdade de género e pelos serviços públicos que simbolizam a natureza progressista e igualitária da nossa democracia: Serviço Nacional de Saúde, escola pública, Segurança Social. Sabe-se quem é, que posições tomou, que causas defendeu, em quem votou. A sua atividade, tanto nas lutas académicas anteriores ao 25 de Abril como no processo da construção da democracia, foi sempre orientada pela recusa de qualquer forma de ditadura, pela defesa da liberdade e da justiça social.
É tempo de Portugal ter uma mulher na Presidência da República. Muitas das críticas a Maria de Belém partem de preconceitos sexistas e machistas.
Não há proprietários da esquerda nem monopólio de candidaturas. Maria de Belém, ao contrário do que alguns disseram, não divide, não fratura nem é redutora, antes tem condições para unir, alargar e mobilizar aqueles que, dentro e fora do PS, na sociedade civil e em diversificados setores da vida pública, desejam a mudança, um presidente que respeite a Constituição e seja, de facto, o presidente de todos os portugueses.
Apoiarei uma candidatura de Maria de Belém porque não me considero órfão de ninguém nem admito que o PS e a esquerda se resignem a perder a eleição presidencial. Estes quatro anos de "uma maioria, um governo e um presidente" mostram que, se é fundamental ganhar as legislativas, seria um erro imperdoável menosprezar a importância decisiva das eleições presidenciais. Não vale a pena alimentar ilusões sobre uma hipotética coabitação com outro presidente de direita, fosse ele qual fosse. A experiência de Cavaco Silva devia ter vacinado de vez os socialistas, toda a esquerda portuguesa e todos os que prezam a função institucional do PR como árbitro e garante das instituições democráticas.
A candidatura de Maria de Belém é, em si mesma, um ato de coragem cívica, essencial a qualquer combate político. Partindo da esquerda socialista, terá a abrangência e transversalidade indispensáveis a uma candidatura vencedora. Conheço a sua capacidade de debate e a sua consistência política aliadas a um profundo sentido de tolerância e solidariedade. Maria de Belém é uma falsa frágil. Essa é a sua força. Tem condições para derrotar qualquer candidato de direita.


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O BRASIL NO SEU LABIRINTO - 2


Mino Carta é um dos mais representativos jornalistas da revista brasileira CartaCapital. Os seus textos, independentemente de com eles concordarmos , dão-nos informação honesta e crível, ajudando-nos a pensar.
Vou transcrever um artigo seu, publicado hoje (14/08/2015) na página virtual da referida revista. Ele comenta a atual conjuntura política brasileira. Intitula-se : “A fênix nativa”; e tem como sub-título: “Se o golpe não convém ressuscite-se a conciliação”.
É muito esclarecedor. Ei-lo:Info

“Com K ou sem K, a palavra caos se oferece a diversas interpretações. Em 1964, havia quem acreditasse que o golpe de Estado salvaria a pátria ao sustar o caos no nascedouro. Passados 51 anos, não falta quem entenda que do golpe nasceria o caos.

Cinquenta e um anos atrás, e mesmo desde agosto de 1961 com a renúncia de Jânio Quadros, a casa-grande deu para sentir-se ameaçada por Jango Goulart, o vice alçado à Presidência. O mundo era outro, dividido ao meio entre dois impérios, beligerantes de uma guerra dita fria. Os graúdos nativos apreciavam a condição de súditos do império do Oeste, o qual padecia, porém, de uma espinha no flanco, fincada bem ali a 100 quilômetros da Flórida, Cuba fidelista.

Jango ostentava um passado buliçoso, a começar pela origem getulista, e a prosseguir pela valente militância petebista, sem exclusão da perigosa proximidade com o cunhado Leonel Brizola. Só faltava chamar San Tiago Dantas para a Chancelaria. Implorada pela casa-grande e seus porta-vozes midiáticos, sustentada por Washington, a intervenção militar se deu sem derramar uma única, escassa gota de sangue nas calçadas. Falsos pretextos fazem parte do jogo.

O golpe de 64 é uma das grandes desgraças brasileiras, a mais recente. Interrompeu um processo natural que, ao longo dos anos, décadas talvez, demoliria a casa-grande e a senzala. Sofremos até hoje suas consequências.

Em relação à situação atual, gravemente turvada pelo descontrole parlamentar, pelo fracasso petista, pelo reacionarismo tucano, pelo terrorismo da mídia em meio a uma profunda crise econômica provocada tanto pela fé neoliberal que assola a Terra quanto por erros governistas, a posição de CartaCapital já foi exposta inúmeras vezes. Entendemos como golpismo puro qualquer propósito de impeachment ou de convocação de novas eleições.

Vivemos a enésima versão, revisada e corrigida, da conciliação das elites velhas de guerra, fênix nativa.

Poderia causar estranheza o fato de cidadãos graúdos, federações empresariais, dois jornalões e as próprias Organizações Globo se pronunciarem publicamente contra qualquer tentativa de apear Dilma Rousseff. Se bem entendemos editoriais, manifestos e entrevistas, desta feita a sanha golpista, caso satisfeita, precipitaria o caos, que agora é obrigatório evitar. Mudaram de ideia, e não me queixo. Até ontem os barões da mídia trombeteavam as manobras e, em geral, as manifestações anti-Dilma, e eis que aderem ao senso comum.

Por que, pergunto intrigado aos meus pensativos botões. Respondem que o mundo também mudou, o maniqueísmo dos anos 60 assumiu formas e cenários adequados a alterações fatais. Ao observar a conjuntura mundial, constata-se que o Brasil deixou de ser aquele súdito submisso de Tio Sam graças à política exterior praticada por Lula, ainda que Dilma tenha baixado um tanto a bola. Vale também registrar que o velho Sam perdeu muito do vigor de antanho. E, de resto, o Demônio hoje em dia não é o comunista. Além disso, as Forças Armadas, conquanto incutam um inextinguível temor como númeno, deixaram de ser, como fenômeno, um exército de ocupação pronto ao papel de jagunço da casa-grande.

É o pano de fundo. Na ribalta, a “guerrilheira” Dilma não é Jango, e seu governo oferta à casa-grande garantias suficientes para pôr em sossego seus inquilinos. Não é por acaso que o diligente bancário Joaquim Levy lá está para executar a lição da própria. Por que intervir, se a vivenda dos especuladores e dos rentistas está em ordem? E, de outro ângulo, por que enfrentar a incógnita do pós-Dilma, se por ora o governo acuado se dispõe a levar em conta, e se possível executar, um pacote de providências excogitadas pelo Senado, reduto, aliás, de numerosos oligarcas?

Melhor assim. Melhor que a tensão diminua e que o pior seja evitado. Nada impede que paneleiros incapacitados para o exercício do espírito crítico, e mesmo para a consciência da cidadania, renovem no domingo 16 seu protesto insensato. Pouco importa, prevalecerá a tendência desenhada pelos graúdos, tão escassamente preocupados com a fragilidade da democracia verde-amarela, mas sobremaneira com sua própria paz espiritual e material.

Na circunstância, melhor assim, repito. Nem por isso perco a oportunidade de assinalar: casa-grande e senzala continuam de pé. Vivemos a enésima versão, revisada e corrigida, da conciliação das elites velhas de guerra, fênix nativa. Percebo que neste momento mexe as asas debaixo das cinzas.”