sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O PS em Coimbra - entrevista a Luís Marinho



Tem-se agravado a irrelevância do PS de Coimbra, quer no contexto do distrito, quer no quadro do PS como organização nacional. A sua credibilidade política reduziu-se, parecendo ter atingido níveis preocupantes. Aproximam-se de novo eleições internas. Na última pugna, houve uma candidatura liderada pelo Luís Marinho que apresentou um balanço crítico do primeiro mandato de Vítor Baptista à frente da Federação, tendo protagonizado uma alternativa ao caminho até então seguido.
O que aconteceu desde então, mostra que os vencidos de há dois anos estavam certos, quando puseram em causa o acerto desse caminho e ao fazerem um prognóstico muito negativo sobre o que aconteceria se a maioria conseguisse manter a liderança.
Por isso e pelo seu conteúdo, tem o maior interesse a entrevista feita a Luís Marinho, pelo jornalista Rui Avelar e publicada ontem no “ Campeão das Províncias”, da qual com a devida vénia nos permitimos transcrever os aspectos mais significativos.


Campeão das ProvínciasO estado das coisas no PS/Coimbra está a mobilizá-lo para se (re)candidatar à presidência da Federação? Porquê?

Luís Marinho – O “estado das coisas” não me afecta particularmente (a mim). Atravessa hoje o distrito uma onda de mal-estar e desconforto, fundada na consciência ética dos socialistas, a qual desencadeará, certamente, uma mudança. O PS/Coimbra já viveu melhores dias e eu não sou imune a esse sentimento generalizado de angústia e desalento. Impõe-se uma ruptura, que nos devolva o orgulho da pertinência ao Partido Socialista e o bem-estar da militância. Sou um dos que estão nessa dinâmica recuperadora, disposto a assumir as responsabilidades que a vontade de muitos e a minha consciência me impuserem. De resto, o PS não me mobiliza de agora. Mobiliza-me há mais de 30 anos…

CP – Disse, há ano e meio, que “o confronto de ideias (...) está enredado numa teia de fidelidades clientelares, de cumplicidades e troca de favores que anula, quase por completo, a fecundidade política do colectivo partidário”. Qual a origem desta situação e que caminho preconiza para operar a ruptura sugerida?

LM – Disse-o, mas nem todos me acreditaram. Infelizmente. Hoje, não tiraria uma vírgula ao que foi dito. A situação que ora se vive é o resultado dessa maleita que sintomaticamente diagnostiquei nessa frase. E a que ninguém quis pôr cobro. Ninguém, na larga maioria política de que dispõe a direcção distrital teve uma palavra, um gesto, para cortar as amarras de uma rede que hoje não é uma figura de retórica, mas uma realidade que a todos nos enrodilha. Mesmo os que sorrateiramente saíram da maioria para dinamizarem uma crítica surda, nunca antes, ou mesmo hoje, levantaram a voz contra as práticas de diluição entre os interesses privados e a função de serviço público que atravessou o PS. Foi nessa tolerância e nesse silêncio que esteve o erro. Que aumenta sempre, à medida das cumplicidades desculpabilizantes, que tornam politicamente impunes os actos e irresponsáveis políticos os seus agentes. Aí não estou, nem estive nunca. Fui a primeira pessoa, no PS/Coimbra, a afirmar politicamente que negócios não se misturam com a política. Até já me disseram que a minha afirmação de então me fez perder o Congresso…
Como se opera a ruptura? Pela exigência de declarações de interesses, públicas, publicadas e registadas a quem exerce funções de decisão política. Chegou o tempo de eliminar a desconfiança popular que acompanha os mandatos políticos. Podem errar, certamente, mas há muita gente honesta e limpa na vida política, e, no PS, as excepções conhecidas só confirmam a regra, um partido de gente séria!

CP – Também afirmou ser necessário que, no PS/Coimbra, se faça “política, transparentemente, e nada mais do que política”…

LM – Quem quiser fazer comércio, ser empresário ou gestor de interesses abre uma loja, monta uma empresa ou um gabinete de consultoria. Uma ficha partidária não é alvará para nenhum desses negócios privados.

CP – Que falta acontecer para se assumir como candidato?

LM – Falta-me saber se a crise não se esgota num protesto, num desalento ou até numa desistência, tudo fugas à realidade sem sentido construtivo. Falta-me saber se da emoção se passa a acção, se os militantes querem participar num esforço de mudança ou já não acreditam e se resignaram. Mas não só. Falta-me saber, também, se uns certos que criticam a direcção da Federação só o fazem por frustração face a promessas não cumpridas de lugares e outros meios de promoção social. Esses só aspiram a uma mudança de pessoal que lhes volte a prometer o que o anterior falhou, porque acreditam que a nova aposta tem os meios do Estado à disposição para os satisfazer. Sinceramente, não se faz uma alternativa com angustiados, nem vale a pena lutar por quem tão levianamente muda de santo, mas não de devoção…
Se me convencer, porém, que o descontentamento é sinónimo de determinação e que a frustração é o patamar da energia, assumir-me-ei, no momento oportuno, como candidato para ganhar sem nenhum receio de perder. Assim, o meu esforço é compensado pela razão. Será uma luta de causas, com vitória certa no futuro.

CP – Caso se perfile para a liderança distrital do PS/Coimbra, qual o seu projecto?

LM – Será um projecto de mudança, no respeito por todos. De ruptura quanto às fragilidades éticas, de combate às perversões aparelhísticas e antidemocráticas, de inovação quanto aos conteúdos programáticos e de renovação quanto aos protagonistas políticos. Ao fim e ao cabo, um instrumento eficaz para ajudar o PS nas lutas que vai travar nos próximos meses e anos contra a Direita e os que se dizem à nossa Esquerda. Não é com um PS comprometido, mole, que acredita mais no aparelho do que nos cidadãos, que venceremos os próximos desafios. Em concreto, será um programa que já está em elaboração e que será sufragado pelos militantes que nele queiram depositar contributo e o assumam, individualmente, como seu. Será um programa multilateral e multifacetado nas ideias e nas participações que executarei, escolhendo os melhores do nosso distrito, sem descriminações.

CP – É expectável o aparecimento de duas candidaturas – a de Victor Baptista (para terceiro mandato) e a de Mário Ruivo. Ainda assim, vislumbra espaço para protagonizar uma?

LM – O que separa Victor Baptista de Mário Ruivo é o desamor entre o criador e a criatura. O primeiro sente-se ferido com o segundo a quem estendeu a passadeira para as suas ambições de hoje, perante a surdina de críticas pessoais, de quem lhe quer tirar o lugar. Acresce que o segundo invoca hipotéticos apoios da mais alta instância do PS, que o primeiro não pode admitir, face à sua história, de fidelidade a José Sócrates. Mas do ponto de vista programático e da concepção do partido, não há diferenças entre eles, repetindo os expedientes e os discursos que levaram o PS ao estado em que está.
Por isso, uma alternativa de mudança tem todo o imenso espaço que é necessário para remoralizar, reconstruir e reconciliar o PS de Coimbra. Sem o que não há vitórias políticas, à vista, sobre os nossos adversários.

CP – Em 2006, Luís Marinho propunha-se “fechar a página triste de um consulado autoritário” na Federação. Há razão para manter o desígnio?

LM – Em parte. Se Victor Baptista fosse tão autoritário e determinado face a Luís Vilar como foi contra mim até eu teria de me calar e não dar esta entrevista…”


As próximas eleições internas no PS de Coimbra podem ser decisivas. Como em todos os momentos cruciais, é enorme a diferença entre prosseguir-se o caminho que tem vindo a ser trilhado ou mudar-se de rumo. De facto, chegou-se a um ponto em que o cansaço dos militantes e a frustração dos eleitores podem aproximar-se do ponto de ruptura, correndo o PS o risco de ficar longe dos níveis de apoio social e eleitoral que lhe deram consistência histórica e perenidade.

Este não é, por isso, um tempo em que se possa transigir com a sombra das pequenas ambições, com o cuidado pelas pequenas carreiras, nem com o oculto comércio de ameaças e favores, que degradam a vida política e apoucam as organizações que com ele se conformam. É um tempo que tem que ser de liberdade e de responsabilidade, para quem tenha o direito de escolher. E, muito particularmente, para os que se não conformaram, tendo já antes enfrentado a actual maioria, para os que, estando já então inscritos no PS, não votaram, para os que, tendo apoiado a actual maioria, mudaram realmente de opinião.

No horizonte perfila-se uma luta política dura, exigente e decisiva. Por isso, é compreensível que se queira ver a liderá-la alguém que já tenha dado provas de coragem política e determinação, no confronto com a actual maioria na Federação de Coimbra do PS. Alguém que possa com naturalidade significar objectivamente um tipo de liderança e um protagonismo diferentes, alguém que, quando outros se encolheram temerosos ou conformados, aceitou liderar a resistência.

Pelo contrário, não se compreenderia que aqueles que já antes se dispuseram a enfrentar o poder instituído na Federação, aceitem agora ser reduzidos a uma massa de votos politicamente vazia, com o simples objectivo de servirem de combustível para ambições políticas de um qualquer suave dissidente de última hora. Um suave dissidente que levou anos a descobrir que Vítor Baptista não servia para Presidente da Federação; ou, o que seria pior, sempre tenha tido sobre ele essa opinião, não a tendo deixado transparecer, por conveniência ou pusilanimidade, ao longo de vários anos.
O PS, muito especialmente em Coimbra, precisa de uma luta política de ideias e não de uma esgrima entre fulanismos; precisa de oferecer ao sufrágio dos militantes alternativas claras e frontais e não do empastelamento de cálculos e intrigas.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Círculo Vicioso




A Quadratura do Círculo é bem o espelho do pluralismo político-ideológico à portuguesa: PS, com 45% do eleitorado = 1 voz; direita, com menos de 40% dos votos = 2 vozes; os outros 15% do eleitorado, situados à esquerda = 0 vozes.

Episódio no programa de ontem: Pacheco Pereira está preocupado com o empobrecimento de Portugal, revelado pelo Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, recentemente divulgado. Culpa ciciada: a política deste governo. Resposta de Jorge Coelho : nenhuma. Como se tivesse que ficar embaraçado, pela devastadora razão do oponente…

Três observações: é falso que os dados revelados revelem empobrecimento de Portugal. Mostram apenas que, no “ranking” mundial, Portugal desceu do 28º para o 29º; mas o seu rendimento aumentou. Não empobreceu, enriqueceu. Outros enriqueceram mais? Sim. Mas significará isso que Portugal ficou mais pobre , por tervisto a sua riqueza decrescer?

De qualquer modo, mesmo que assim fosse, os dados que levaram à descida de um lugar são de 2005, o ano das eleições. Ano em que o Governo actual governou pouco mais de seis meses, tendo herdado uma situação desmoronada. Dessa descida, se quisermos designar um culpado, será mais legítimo olhar para os governos anteriores do que para o actual . Ou seja, os governos da direita liderados pelo partido do Dr. Pacheco Pereira.

Aliás, no ano anterior, esse governo das direitas portuguesas já conseguira fazer baixar Portugal do 27º lugar para o 28 º.

Eis uma pequena ilustração da seriedade intelectual das nossas direitas e da anemia argumentativa da nossa área socialista.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Venezuela: o amigo americano



Vou difundir um texto divulgado recentemente na Venezuela e que recebi pela Internet, que documenta a intervenção da CIA na vida interna daquele país, atiçando os que se opõem ao actual poder político.


O seu conteúdo harmoniza-se bem com a política desta administração americana para a Venezuela; e até agora não chegou ao meu conhecimento qualquer desmentido crível.

Por outro lado, com base nele não estão a ser imputados à CIA comportamentos que ela nunca tenha tido. Pelo contrário, muitas e muitas vezes já fez coisas bem piores. Na verdade, é um facto que a CIA teve um papel determinante no derrube de Allende e na instalação no Chile da ditadura de Pinochet; todos sabemos que o monumental embuste das armas de destruição maciça que serviu de pretexto à invasão do Iraque teve a marca da CIA ; o mesmo aconteceu com o golpe de Estado, desferido contra o governo da Venezuela antes da mais recentes eleições presidenciais, que não chegou a ter 24 horas de êxito, mas que foi tentado com envolvimento da CIA.


Portanto, nestes dias de intoxicação mediática anti-Chaves, através de meios cuja credibilidade não é superior à do texto transcrito, é útil conhecer-se também o lado por ela escondido da realidade venezuelana; ou seja, o lado que há meia dúzia anos tem tido o apoio reiterado do povo venezuelano.



Informe confidencial de la CIA devela plan de saboteo al referendum del 2 de diciembre.

A continuación presentamos el informe completo de la operación que tiene la Agencia Central de Inteligencia (CIA) en nuestro país dirigido a evitar la Victoria del SÍ en el Referendum de la Reforma Constitucional del próximo 2 de Diciembre.


Este informe confidencial, fue leído parcialmente en la edición de La Hojilla en Tv por Venezolana de Televisión del día 26 de Noviembre.Lo estamos publicando para que las organizaciones sociales y el pueblo bolivariano lo conozcan y estén atentos, alertas y dispuestos a neutralizar las intenciones de saboteo y caos que pretenden promover en los próximoas días.


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November 20,2007MEMORANDUM CONFIDENCIAL


De: Michael Middleton Steere.US American Embassy


Para: Michael HaydenDirector Central de Inteligencia Americana.



Asunto: Avance de la Fase Terminal de la Operación TenazaTomando en consideración los anteriores avances documentales en torno a la Operación Tenaza que coordina Humint en Venezuela según la directiva 3623-g-0217, cumplo en informarle para los fines consiguientes, del status actual dedicha operación, la cual entra en su fase terminal según lo estimado.


En forma resumida, presentamos los diversos escenarios puntualizados en los memoradum anteriores, los cuales en las últimas semanas adquieren nuevos desarrollos:1) Escenario Electoral.Tal como lo puntualicé en el informe precedente, las tendencias de intenciones de voto se mantienen. Hasta ahora las distintas mediciones realizadas, incluidas las nuestras, le dan al SI una ventaja entre 10 y 13 puntos ( 57 % SI, 44% NO ).Tal estimación porcentual se dan en el marco de una abstención que ronda el 60% de los votantes inscritos.Nuestros análisis, observan que esta tendencia es irreversible en el corto plazo, es decir, en los próximos quince (15) días no se pueden modificar esos porcentajes de una manera significativa.Por otro lado, la campaña publicitaria promovida por el Plan y las deserciones de las filas gubernamentales ( Podemos- Baduel, por ejemplo ) han logrado quitarle a Chávez 6 puntos en su posición de arranque inicial, tal como NO había ocurrido en otras campañas, donde ha partido con una ventaja entre 15 y 20 % Sin embargo, se puede esperar un congelamiento del impacto esperado, ya que tales tendencias tocaron piso.


En tal sentido, esta oficina recomienda ejecutar lo previsto en el Plan para la Operación Tenaza en el caso de consolidarse en los próximos días este escenario. Como es de su conocimiento hemos propuesto un abanico de respuestas, entre las que están:Impedir el referéndum o desconocer sus resultados aún cuando se llame a votar por el NO.En términos de orientación táctica estas bisagras pueden dar la impresión de ser contradictorias, pero para el momento político coyuntural es necesaria su combinación. En los días que quedan podemos seguir fortaleciendo las actividades que apuntan a impedir el referéndum y al mismo tiempo preparar las condiciones para desconocer los resultados del mismo.En el acondicionamiento político del no reconocimiento de los resultados del referéndum, ha resultado importante la creación de la matriz de opinión sobre un triunfo seguro del NO y en tal sentido seguiremos trabajando con las encuestadoras que hemos contratado.


Al mismo tiempo que mantenemos una sostenida campaña por el NO, se viene trabajando en la crítica al CNE y su conexión con una serie de trampas, lo cual genera en la opinión pública la sensación de fraude. En ese sentido hemos venido insistiendo en los tópicos referido a las inconsistencia del registro electoral permanente, donde contactamos con un equipo de expertos de las universidades, que por su prestigio académico hace creíble una manipulación de la data por parte del CNE, igual ocurre sobre las dudas sobre la tinta y el comportamiento de las máquinas de votación.En este contexto, empantanar el acto de votación el día 2 de Diciembre es consustancial con la premisa de VOTA Y QUEDATE para poder producir una implosión que nos permita ejecutar la directiva ya establecida en la Operación Tenaza. En este último aspecto hemos convenido con fuerzas aliadas comenzar a dar información en las primeras horas de la tarde del Domingo 2 de Diciembre, explotando los sondeos preliminares en las mesas de votación.


La operación montada requiere de una coordinación con medios de comunicación a nivel internacional, según lo pautado.Como hemos explicado en otro documento, manejarnos en estos dos escenario no deja de ser políticamente peligroso, por la fractura que existe en los grupos opositores. A pesar de nuestro esfuerzo por unir a todos los sectores, hay opiniones encontradas en torno a algunos aspectos de nuestro Plan. Hemos realizado contactos y reuniones con Primero Justicia y Nuevo Tiempo y al parecer no van a suscribir nuestra estrategia. Todo lo contrario del Comando Nacional de la Resistencia y Acción Democrática, con quienes venimos trabajando las dos opciones. Aquí es necesario resaltar el papel que viene desempeñando Peña Esclusa y Guyon Cellis según las coordinaciones previas realizadas por Richard Nazario, en lo relativo a diseminar en todo el territorio nacional pequeños focos de protestas, que generen un clima de ingobernabilidad, permitiendo culminar en el levantamiento general de una parte sustancial de la población.Sin embargo, considero conveniente que este nexo operacional lo canalice la oficina para evitarle complicaciones a la embajada2)


Las tareas inmediatas de la fase terminal.·


La combinación de las anteriores pinzas o bisagras ( impedir el referéndum, denunciar el fraude y tomar la calle )para un cierre victorioso de nuestra operación, demanda de un sostenido esfuerzo diplomático para aislar aún más a Chávez en el terreno internacional, tratar de lograr la unidad de la oposición y buscar la alianza de los abstencionistas y los que votan por el NO, incrementar la presión de calle en los días previos al 2 de Diciembre, sostener con firmeza la propaganda contra el régimen, ejecutar las acciones militares de apoyo a las movilizaciones y tomas propagandísticas, culminar los aprestos operacionales de nuestras fuerzas acantonadas en la Base aledaña. El apoyo de los equipos externos provenientes del país verde y azul, esta coordinado, la acción marítima de azul esta prevista y, las fronteras con verde en los puntos determinados esta libre.


De inmediato pasamos revista a las actividades realizadas para cumplir con tales metas.

A) En cuanto a las movilizaciones de calle, tal como lo contempla el Plan, hemos logrado persuadir a importantes sectores estudiantiles vinculados a las instituciones educativas privadas para que se incorporen orgánicamente a nuestras iniciativas para salir de Chávez. En la tercera semana de Noviembre se logró un acuerdo marco con los lideres emergentes que han acogido nuestro ideario de democracia y libertad, varias reuniones de trabajo hemos realizados, bajo la coordinación de los rectores Rudolph Benjamín Scharikker Podolski de la Universidad Simón Bolívar y Ugalde de la Universidad Católica Andrés Bellos. Estas autoridades han constituido un equipo donde participan unos grupos de profesores entre los que destacan Ángel Oropeza y su equipo del post-grado de Ciencia Política. A las reuniones han asistido dirigentes estudiantiles de varias universidades: Yon Goicochea de la Universidad Católica Andrés Bellos (UCAB), Juan A Mejías de la Universidad Simón Bolívar (USB), Douglas Barrios de la Universidad Metropolitana, Ronel Gaglio de la Universidad Monte Ávila, Gabriel Gallo de la Universidad Santa María. Entre estos líderes hay consenso en términos generales, pero con algunas diferencias en cuanto a las acciones concretas para los próximos días. Ha resulltado halagador la postura asumido por dirigentes estudiantiles de un grupo denominado Bandera Roja, antiguamente enemigo jurado de los intereses nuestros en el país. Su dirigente Ricardo Sánchez, de la Universidad Central de Venezuela, fue uno de los que apoyo nuestra propuesta de acciones de calle directas contra las instituciones: CNE, Tribunal Supremo de Justicia y el Palacio de Miraflores.


De todos modos, hay que seguir trabajando la unidad de acción de estos grupos, ya que hay peligro de fractura bajo la premisa de la no violencia y las exigencias operacionales que se contemplan en el Plan, siendo parte de la misma realidad contradictoria que evaluamos en el escenario electoral, ya que en estos grupos estudiantiles influyen tanto el Comando Nacional de la Resistencia como Primero Justicia y en su seno se expresan las diversas posturas partidistas.


B) Como usted conoce, uno de los objetivos de la Operación Tenaza es controlar una franja territorial o institucional, con apoyo masivo de ciudadanos descontentos, en un lapso contemplado entre 72 y 120 horas, tiempo estimado como lapso mínimo para detonar la fase ascendente de las acciones prevista, donde se contempla el pronunciamiento militar. En esto no están comprometidos todos los sectores, por lo que demandamos una mayor actividad del equipo dedicado a construir nuestras alianzas. Particular importancia tiene los contactos y reuniones con los oficiales de los diversos componentes, particularmente de la Guardia Nacional. Si bien el enlace que anteriormente la oficina central envió hizo su tarea, la coordinación con esta fuerza clave no ha sido fácil por la dispersión de sus comandos.En este ámbito, como ya está enterado por el mensaje de emergencia enviado, uno de los equipos coordinado por nuestro enlace operativo fue detectado y decomisado parte del armamento, lo cual ha generado algunas dificultades de seguridad. Ante los peligros de utilización política de los hechos conocidos públicamente, hay que preparar unas coartadas y contrapropaganda que evite el impacto desmoralizante de algunas imputaciones que de seguro hará el gobierno, dado a los rastros encontrados en algunos celulares y en la lapto decomisada.


C) En la esfera de la propaganda y las operaciones psicológicas contempladas en el Plan en curso, es donde hemos cosechado los mayores éxitos, hasta tal punto que en las últimas semanas hemos impuesto nuestra agenda y dominado la escena publicitaria. Los aportes de la SIP y de las agencias internacionales han sido clave. Especial reconocimiento merece Benjamín Gregg ZIF, AAPP de la Embajada , por este trabajo. El y el equipo organizado por Ravell viene rindiendo sus frutos y requiere en esta última fase mayores aportes nuestros.En este último aspecto debo informarle que de los 8. Millones de $ que fueron transferidos casi todo han sido gastado en propaganda, publicidad y contribuciones a algunas de las organizaciones de fachada.


En este último caso, hemos tenido dificultades con la Development Alternative INC, ya que la inteligencia enemiga tiene ubicada nuestra conexión con el señor Gerson Patete y tienen monitoreada la cuenta corriente del Banco Mercantil, No 0105-0026-59- 102636243- 1. Es urgente no seguir haciendo transferencia a esa cuenta y establecer otro canal para el financiamiento contemplados en esta fase de la Operación Tenaza

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Proposta inocente.


O Presidente Horta resolveu entalar o Comissário Barroso, trazendo à superfície o seu comprometimento com o Clube dos Mentirosos. Um Clube que, como se sabe, patrocinou a guerra do Iraque e agravou gravemente a instabilidade política e os problemas económicos induzidos pelo preço do petróleo. Para isso nada melhor do que propor a sua candidatura ao Prémio Nobel da Paz.


O Comissário Barroso queixou-se de que lhe mentiram. Ou seja, os artistas do Clube dos Mentirosos não nos mentiram apenas a todos nós, mentiram também uns aos outros. Com um pouco de esforço, o que o nosso Comissário pode vir a merecer é a Medalha de Ouro do Fingimento.

Esperando que o meu saudoso tio, Joaquim Namorado, não se zangue, não resisto a recordar um extracto de um pequeno poema seu que "homenageia" bem o clube acima citado:

"A máquina de fazer notas falsas
era uma máquina tão falsa
que nem notas falsas fazia... "

Dormindo com o inimigo ? Mistérios do sindicalismo espanhol.





Hoje, publica-se no diário espanhol "Público"um texto sobre uma parte do sindicalismo espanhol que merece atenção e reflexão. Merece atenção dos sindicalistas portugueses, dos militantes de esquerda portugueses e do povo de esquerda em geral. Mas merece, principalmente, a atenção das direcções do PS e da CGTP. Se este possível aspecto da Espanha se viesse a identificar com o nosso futuro, seguramente que estaríamos perante um importante enfraquecimento da esquerda e um importante reforço político do patronato. Depois dessa inversão consumada, ocupar-nos-íamos por certo de uma inútil distribuição de culpas. Melhor será que sigamos um caminho diferente.

O texto intitula-se:"Fidalgo acerca CCOO al PP". Tem como sub-título: "El líder sindical colabora con la fundación de Aznar, se reúne frecuentemente con Rajoy y no tiene relaciones con el PSOE". O seu autor é FERNANDO GAREA. Ei-lo:


"Cuentan que José María Fidalgo siempre ha tenido la obsesión de que Comisiones Obreras sea el sindicato hegemónico y que ha intentado combatir la identificación tradicional entre el PSOE y UGT, que amplifica la potencia de éste último.
En esa estrategia se cruzó por el camino la visión de José María Aznar para acercarse a un gran sindicato y pasar del enfrentamiento, que se le podría suponer a un partido de centro derecha, hasta la colaboración más o menos reconocida o pública con CCOO. El sindicato, que nació vinculado al PCE, se ha separado con Fidalgo paulatinamente de los comunistas y del resto de la izquierda, al menos, en la actuación de sus dirigentes. El primer secretario general de CCOO, Marcelino Camacho, formó parte de la dirección del PCE y de Izquierda Unida; el segundo, Antonio Gutiérrez, es diputado del PSOE y el tercero, Fidalgo, colabora con FAES, la fundación del PP.


Amigo personal de Aznar
Fidalgo ha ganado las batallas a otros dirigentes más partidarios de una política de izquierdas, como Agustín Moreno y Rodolfo Benito, entre otros.A día de hoy, el líder de CCOO habla más con Rajoy que con Zapatero o cualquier otro miembro de la dirección del PSOE, según reconocen miembros de la cúpula del PP. Ayer coincidieron en el homenaje a Marcelino Camacho.
Esa distancia ha contribuido también el hecho de que el Gobierno de Zapatero decidiera indemnizar a UGT por el patrimonio histórico. Fidalgo no oculta sus buenas relaciones con Aznar y es amigo personal de los tres ministros de Trabajo del PP: Javier Arenas, Juan Carlos Aparicio y Eduardo Zaplana. No lo es de Jesús Caldera, actual ministro de Trabajo, al que critica abiertamente en sus intervenciones en los seminarios de FAES.
Dirigentes de CCOO colaboran con la fundación de Aznar e intercambian documentos con sus responsables y Fidalgo ha participado dos años seguidos en actos públicos con Aznar. En 2006 arremetió contra la política de Caldera, junto al ex presidente del Gobierno, y este año hizo lo propio, con parada en la medida estrella de Zapatero, el cheque-bebé de 2.500 euros. Todo eso entre elogios mutuos de Aznar y Fidalgo.


Críticas a Zapatero
En esta legislatura trascendió también la coincidencia de Fidalgo con Rajoy en la crítica a la política antiterrorista de Zapatero, es decir, una de las estrellas de la estrategia de oposición del PP. En las anteriores legislaturas, Fidalgo, en cambio, lideró el apoyo a la política contra ETA de Aznar, ya sea en la etapa del diálogo con la banda terrorista como luego en la de dureza con la Ley de Partidos y la ilegalización de Batasuna.
No se le recuerdan tampoco a Fidalgo pronunciamientos en contra de lo que se dio en llamar la "teoría de la conspiración" en la investigación del 11-M desde marzo de 2004.
Las relaciones con el actual Gobierno distan mucho de las que mantuvo con el del PP. Por ejemplo, la iniciativa de Zapatero de reunir a la CEOE y a los líderes sindicales en las vísperas de los consejos europeos ha contado siempre con la resistencia de Fidalgo. En alguna ocasión, incluso, el líder de CCOO directamente no ha acudido.
Los intentos por establecer relaciones con Fidalgo desde la Oficina Económica de La Moncloa también han fracasado siempre. Con el anterior responsable, Miguel Sebastián, sólo accedió a reunirse una vez en dos años y medio para hablar de la reforma laboral.También se recuerda en el Gobierno la dureza con la que el líder de CCOO criticó las propuestas fiscales del PSOE, cuando aseguraba que dejarían al Estado sin fondos, mientras que ahora no discute las del PP.


Un enfrentamiento
Pese a la cercanía política y, sobre todo, personal con Aznar, Fidalgo se enfrentó abiertamente al Gobierno del PP en un episodio muy concreto, que marcó un punto de inflexión en la anterior legislatura: la huelga general del 20 de junio de 2002.
No obstante, el líder de CCOO jugó en esos días un papel de puente entre el Gobierno de Aznar y UGT que nadie ocultó entonces. El Ejecutivo del PP quiso utilizar a Fidalgo para parar la protesta, pero, finalmente, la presión del resto del sindicato y el convencimiento de UGT para seguir adelante arrastró a CCOO a la huelga general.
En febrero de ese año, Juan Carlos Aparicio le presentó a Fidalgo la reforma del mercado laboral en varias comidas y cenas privadas, para intentar que el secretario general de CCOO le ayudara a sacarla adelante. El líder del sindicato se resistió, pero neutralizó a miembros de CCOO partidarios del enfrentamiento abierto con el Gobierno.


Parar la huelga general
Desde esas reuniones hasta la huelga general, el propio Aznar, el entonces vicepresidente Rodrigo Rato y el citado Aparicio multiplicaron sus gestiones con Fidalgo para intentar infructuosamente apaciguar la protesta.
En su acercamiento al PP, Fidalgo ha contado con el apoyo de dirigentes como María Jesús Paredes, la secretaria general de la federación de Banca (Comfia), que es la principal protagonista de un escándalo que ha salpicado al sindicato durante las últimas semanas.
Público ha desvelado que Paredes y su pareja, el también dirigente de CCOO Francisco Baquero, han acumulado un patrimonio inmobiliario superior a dos millones de euros en los últimos años. El sector crítico pedirá hoy explicaciones a Fidalgo sobre el caso, en la reunión del Consejo Confederal, el máximo órgano entre congresos de CCOO."

domingo, 25 de novembro de 2007

As Cheias Há Quarenta Anos






Hoje, passados 40 anos, transcrevo três pequenos poema que escrevi, em homenagem a quem morreu nas cheias de 1967, ocorridas na região de Lisboa. Foram incluídos, mais tarde, em 1970, no meu livro “Maio Ausente”, editado no Cancioneiro Vértice.






25 DE NOVEMBRO DE 1967

( Aos que sofreram as inundações de Lisboa)

1.

Há essa noite
rudemente escrita
no experimentado espanto
da cidade


algas lentas de medo
à flor da água
longo soluço
duma morte larga


Lisboa
sua excessiva dimensão
de mágoa


2.

Tragédia persistente
escolheu actores
mais que experimentados


coisa por eles mal possuída
única lautamente repartida
já estava sua morte anunciada


Não são heróis
os mortos perfilados
na memória tão forte dessa noite


há muito estava a morte na cidade
nas baixas casas tristes da cidade
na carne podre deste tempo nosso



3.

Homens de igual morte prometida
é escasso bem o pranto da cidade
é preciso romper o nevoeiro
escolher a morte mais que ser escolhido



sábado, 24 de novembro de 2007

Polícias policiados e um Ministro.




1. O Sr. Inspector-Geral criticou as polícias, sugerindo vagamente que eram, por vezes, uma espécie de “cowboys” e colocando fortes reservas à sua competência.

O Sr. Ministro tem, no entanto, confiança nas polícias, tendo tido o cuidado de dizer que o Sr. Inspector-geral lhe tinha dito em privado o contrário do que tínhamos acabado de ouvir o Sr. Inspector –Geral dizer.



Um sindicalista da GNR acha que devia haver mais formação, aproveitando para dizer que os seus sindicalizados precisavam de melhores condições de trabalho.

Uma anafado polícia de um dos sindicatos já exigiu por escrito ao Sr. Ministro uma posição, à qual juntou a exigência de exoneração do Sr. Inspector –Geral, uma vez que os polícias se não revêem nas posições do exonerável

2. Por mim, emito desde já a seguinte ordem: O Sr. Inspector –Geral vai dirigir o sindicato da GNR; o Sr. Ministro vai ordenar o trânsito no Rossio; o dirigente sindical da GNR toma conta da Inspecção-Geral ; e o anafado polícia comparecerá fardado ao próximo Conselho de Ministros.

3. Na realidade e na ficção, um elemento comum: uma grande confusão.

Universidade de Coimbra - tradição e juventude ?



Anteontem, participei num programa do Rádio Clube Português, comemorativo dos 120 anos da Associação Académica de Coimbra, emitido a partir da Universidade de Coimbra, onde representei a Faculdade de Economia, na qualidade de Vice-presidente do Conselho Científico, no impedimento do Presidente. Participaram professores e estudantes das várias Faculdades.


Quanto à minha Faculdade, destaquei o grande desenvolvimento dos estudos pós-graduados, situados nas áreas das suas quatro licenciaturas (Economia, Sociologia, Gestão e Relações Internacionais), bem como o significativo cosmopolitismo dos seus estudantes.




Continuam a decorrer os processos individuais de doutoramento que estavam já em curso, traduzidos numa relação de tutela na investigação entre o orientador e o doutorando. Além deles, já homologados segundo as novas regras, o conjunto dos cursos de doutoramento, dos mestrados e das pós-graduações, que estão a funcionar neste ano lectivo, chega aos vinte. Neles estão inscritos 327 alunos, dos quais 17% são estrangeiros. Estes últimos são oriundos do Brasil, dos outrods PALOPS e de mais seis países. No seu todo, estes alunos representam cerca de 12% do total de alunos da FEUC. Aliás, este número é de cerca de 2700, dez por cento dos quais são estrangeiros, distribuídos por vinte e nove nacionalidades diferentes. Podem agrupar-se em três grandes conjuntos de peso aproximado: Brasil, outros PALOPS e países da União Europeia. Fora destes três grupos, há pouco mais de uma dezena de estudantes de vários países.




Ao que julgo saber, esta percentagem de estudantes estrangeiros não se afasta da que existe na Universidade como um todo. No entanto, quanto a esta há um dado complementar com algum significado. Se juntarmos aos estudantes com outra nacionalidade, aqueles que tendo nacionalidade portuguesa nasceram fora de Portugal (em larga medida, casos de dupla nacionalidade), chega-se a um número que representa cerca de vinte por cento do total de alunos da Universidade. Como se vê, há por aí alguma publicidade enganosa de outras Universidades que, como se vê, reivindicam uma primazia de cosmopolitismo discente que não têm.

Conforme disse o Magnífico Reitor, e o Diário de Coimbra de ontem, noticiou, no ranking elaborado por "The Times Higher Education Supplement", um dos mais críveis e prestigiados no plano mundial, a Universidade de Coimbra ocupa a posição 145 a nível europeu e a 319, a nível mundial. Isto representa uma apreciável descida no ranking, mas não a impede de ser a Universidade portuguesa mais bem classificada. A seguir, surge a Universidade Nova de Lisboa que é 158 a nível europeu e 341 a nível mundial.

Os rankings não são uma sentença infalível, com base na qual se possam lançar anátemas ou desfraldar vaidades, mas podem ajudar no apuramento das estratégias e na aferição dos resultados. E não são fungíveis: o seu valor tem a marca das entidades que o promovem e do prestígio que granjearam. Este é um dos mais reputados. Não é por isso honesto ignorá-lo, na esperança que apareça um outro qualquer que dê uma preciosa primazia às conveniências de ocasião.

Por isso, não se pode deixar de registar, negativamente, a descida experimentada no último ano, que significativamente não foi apenas da Universidade de Coimbra, já que foi uma tendência experimentada por outras Universidades portuguesas. Eis um indício, que torna mais verosímil imputar a evolução à política universitária do governo do que ao improvável acaso de várias Universidades terem funcionado pior do que antes, por demérito próprio, ao mesmo tempo.


As Universidades portuguesas têm muito que progredir. E o país também. E o nível de alfabetização também, tal como a literacia e o nível de desenvolvimento cultural e a vivência cívica. Precisamente por isso, as Universidades públicas portuguesas precisam de ser destinatárias de uma política universitária adulta que as apoie sem reserva mental e que encontre mecanismos de avaliação e controle honestos, fiáveis e concludentes. Mecanismos de avaliação que possam fornecer indicações efectivas quanto às melhorias a fazer e quanto aos erros a corrigir, a partir de critérios amadurecidos, susceptíveis de avaliarem todos os parâmetros de que se faz a excelência e a utilidade social e cultural de uma estrutura tão complexa e tão avessa ao conjunturalismo como é a Universidade. Mecanismos de avaliação que não sejam cegos no apuramento dos aspectos em que as disfunções das Universidade são reflexo incontornável de mazelas e insuficiências da sociedades, contra as quais nada podem fazer por si sós.

Mas tudo será diferente, se a avaliação efectiva do mérito global da Universidades, for substituída por uma salada de instrumentos de avaliação caracterizados pela sua susceptibilidade de quantificação simples, pela facilidade de recolha dos dados envolvidos, pela viabilidade prática de um célere tratamento das respostas a grelhas de questões tão lineares quanto possível. Ou seja, se confundirmos uma avaliação fácil, rápida, barata e quantificável, com a avaliação necessária, estaremos apenas a desperdiçar tempo e recursos, ou a encenar uma farsa avaliativa, cuja única possível utilidade é a der ser usada como arma de arremesso de ideias preconcebidas. Embrulhar o totoloto da avaliação em inglês e pagar a peso de ouro um grupo de avaliadores estrangeiros, que caiam de repente num terreno que não conhecem, para reunirem um leque anárquico de elementos informativos, para darem um qualquer palpite bem engendrado, não melhora as coisas. De facto, ele pode reflectir, se for esse o caso, uma boa qualidade intelectual dos avaliadores, pode até conter indicações relevantes, baseadas na sua experiência, mas não pode reflectir uma análise que não é feita, nem um amadurecimento objectivamente impossível, nem métodos de avaliação realmente abrangentes da globalidade em causa que não foram seguidos.

As Universidades têm vindo há muito a percorrer um processo de auto-avaliação que deve prosseguir, mas da última coisa que precisam é de um processo atabalhoado de avaliação que se destine mais a salvar as aparências ou a fundamentas cortes orçamentais, do que a apurar defeitos e virtudes, a detectar limitações e virtualidade, a propor as correcções necessárias e a sugerir os caminhos mais adequados.

Naturalmente que, como qualquer política universitária posterior ao 25 de Abril, a política do actual Ministro tem aspectos positivos e nalguns casos respondeu a necessidades práticas evidentes. Todavia, encarada no seu todo é decepcionante. De facto, adoptou uma atitude arrogante e impositiva, induziu uma pressa devastadora no Processo de Bolonha, que condicionou por um controleirismo de última instância, burocrático e sorrateiro, que atrofiou todo o trabalho das Universidades. Impôs contra a esmagadora maioria da comunidade universitária uma lei que reduziu a pouco mais de uma caricatura o funcionamento democrático das Universidades, envolvendo tudo isto num processo de estrangulamento financeiro que por se inserir num verdadeiro bloco central para a liquidação das universidade públicas, agrava o que fizeram os governos anteriores e corta as pernas a alguns dos aspectos positivos das suas próprias políticas.

Para um optimista, nem tudo está perdido. Assim, seria bom que se iniciasse um processo de reexame dos caminhos percorridos pelas Universidades, bem como das políticas seguidas pelos governos posteriores ao 25 de Abril, para se poder chegar, num prazo razoável, a uma partilha de objectivos estratégicos que entusiasmassem a comunidade universitária, dessem ao poder político garantias de bom uso dos fundos públicos envolvidos e aos portugueses um horizonte de esperança e confiança nas suas Universidade. Ainda se vai a tempo de inverter a deriva em que estamos envolvidos, reabrindo as portas que o Ministro tem vindo a fechar.

Doutro modo, as Univerisides caminham para o atrofiamento , os estudantes para a inquietação larvar que é seiva de todas as revoltas e o Ministro vai sendo arratstado para uma crispação crescente. Eis um horizonte, nada esperançoso.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Bacalhau à Jorginho, uma novidade política.





Foi um memorável fim-de-semana. O Sol escorreu com leveza pelas tardes, emprestando às faldas da Serra de Estrela a luminosidade fria dos Outonos suaves. O João Rui e a Fátima cercaram-nos com a arte de bem receber. Um presunto desafiador e uma fila de enchidos exuberantes abriram alas para a chegada de um arroz de cabidela que nos reduziu ao célebre silêncio do quando se come não se fala. Os doces podiam ter vindo de um convento que concentrasse a sabedoria das gulas discretas das freiras com o sabor a pecado.





A flexigurança, o futuro da Europa, a anemia do PS, a “bronquidão” das oposições, iam sendo acompanhadas com um tinto garboso e traiçoeiro que merecia claramente ser de Silgueiros, embora realmente o não fosse. A deriva neo-liberal, a fúria do ministro Gago contra as Universidades, a evanescência do BE, o “dinossaurismo recreativo” do PC, resistiam mal a um queijo da serra de primeira água que um néctar catalão ladeava com elegância.




A pedido daquela discreta parte de todos nós encarregada das digestões, passeámos tranquilamente por Figueiró. Visitámos a outra casa dos nossos anfitriões, aconchegada entre duas ruas estreitas, em vizinhança solidária com casas irmãs, evocando o carinho espontâneo das avós. Um frio ainda manso ia-nos recebendo pelas ruas, enquanto a tarde se despedia lentamente. Hospitaleiros, os beirões, aflorando aqui e ali, cumprimentavam cordialmente o pequeno destacamento de urbanos. Por minutos, o João Rui vestia a bonomia do João Semana e inteirava-se da saúde deste ou daquele. Cordialmente, a aldeia via-nos passar.




A Igreja, forte da sua talha dourada, exigiu fotografias. O Jorginho cometeu algumas. Por mim, lutei com denodo contra um telemóvel de última geração, carregando com sofreguidão em todos os botões. Mas a máquina, alérgica e mal habituada, resistiu. Fotos, nem uma. Já no remanso de Coimbra, descobri indignado que o que escasseara em fotografias sobrara num vídeo absolutamente indiscreto, que mostra isso mesmo: a minha luta inglória por fotografias que nunca apareceram.

Uma sopa abriu-nos amigavelmente a porta da noite, segura dos seus sabores naturais, orgulhosamente oriundos de Figueiró da Granja. Ainda entrelaçámos algumas conversas. Percorremos alarmados o PS de Coimbra, olhámos para o circo melancólico do PSD e murmurámos qualquer coisa de irrelevante a propósito do PP. Rompendo a custo o grão cerrado de uma televisão ancestral, Portugal e a Arménia entraram pela sala dentro. Seguindo à letra as instruções do Sr. Scollari torcemos galhardamente pela selecção. Foi consensual que sem o nosso vigor apoiante, dificilmente o Hugo Almeida tinha salvo Portugal. Chegou então “ O Meu Tio” ; e enquanto os menos resistentes deslizaram par o vale de lençóis, os mais noctívagos confraternizaram com o saboroso humor do Jacques Tati.

A noite adormeceu-nos, concedendo um frio perfeitamente aceitável. A manhã irrompeu gloriosa com um sol tonitruante a ecoar desde a Serra de Estrela até aos montes que com ela dialogam numa paisagem de urzes e granito. Madrugador, o Alberto, ia conhecendo um a um os vultos de Fornos de Algodres, por intermédio de um compêndio grave, tirado da biblioteca da casa. Os mais relapsos lutavam galhardamente contra a preguiça matinal.




Quando a tribo ficou completa, puseram-se as máquinas em movimento e rumou-se ao passado mais longínquo. Depositados no coração de uma aldeia perdida nos segredos dos montes, lá caminhámos esforçadamente à procura da Necrópole das Forcadas, para encontrarmos um monumento de tranquilidade, serenamente absorto no silêncio dos montes.




Serpenteando um pouco mais, por vales e serranias, eis-nos na Anta de Cortiçô, olhando o céu através das suas pedras e imaginando a robusta arte de as erguer. Estava ganha a manhã. As consciências autorizavam agora que se comesse o almoço.



Com o almoço, aliás, o fim-de-semana caminhava para o seu ápice. Já se preparavam os protagonistas, contidos mas pressurosos. O bacalhau espreguiçava-se numa assadeira de barro preto, deslizando em postas tranquilas. A broa esfarelava-se com profissionalismo e o azeite aguardava sem pressas. O João Rui exercitava uma sabedoria sem falhas na arte de bem aquecer um forno de lenha. Queria oferecê-lo, no seu melhor, ao alegado talento culinário do Jorginho.


Medindo os gestos, imaginando cheiros, cultivando a memória de suculentos sabores, o novo Grande Chefe era agora apenas um artista, um artista do barro preto, um expoente emergente da gastronomia portuguesa. Estava escrito: o Grande Chefe ia ousar um bacalhau com broa.

Entre gulosos e cépticos os convivas aguardavam, entremeando a espera com despreocupadas tarefas e rápidas leituras.



As morcelas e as chouriças chegaram de rompante num derradeiro momento de glória. Um vinho honesto e robusto acompanhou-as discretamente. No forno, o bacalhau seguia um roteiro rigoroso. Os anos 60 pairaram por um momento, para logo serem substituídos pelo PREC, pelos anos dourados de Abril. O desfilar épico dos grandes gestos foi traduzido numa memória suave e bem disposta. Algo de chocante estava em vias de se aproximar. O Alberto não escondia a solenidade do momento: o seu vice-presidente oscilava entre a glória de um bacalhau sem fronteiras e o feroz apupar de convivas frustrados.




A Ção garantia com a sua presença o mínimo de legalidade gastronómica. Num assomo de regionalismo a Fátima Garção elogiava a açorda alentejana, no que teve o meu apoio. A Fernanda preparando-se para a incerteza conseguira um relevante boné. A Fátima e o João Rui, como bons anfitriões encorajavam educadamente o Jorge, que, com uma cara para grandes dias, atravessava temente o último quarto de hora de forno.

Subitamente, à nossa frente, impante de vaidade estava o bacalhau com broa. Com o ritmo repousado das grandes ocasiões, o Grande Chefe delegou na Clara o encargo de servir uma tribo suspensa, que olhava para o barro preto recheado de bacalhau com uma inquietação visível. As postas foram sendo depositadas nos pratos, a broa sorrateira foi-se entremeando com o bacalhau. Um pouco de azeite espreitava aqui e ali.




Foi então que os garfos subiram numa viagem que pareceu eterna, até à boca. O bacalhau chegou assim de mansinho, mas sem hesitações. Por um momento, o Jorginho pareceu empalidecer, o João Rui quase corou de emoção. Houve um curto momento de um imenso silêncio. Um curto momento, quase eterno.


Foi então que num rompante de exacerbamento gastronómico uma exclamação varreu a mesa de ponta a ponta: o bacalhau estava soberbo! O sorriso do Jorge rasgou-se. Só então se atreveu a algumas palavras de modéstia, gabando o forno, exaltando a qualidade do bacalhau. De nada valeu, o grande triunfador fora encontrado. Era precisamente ele o Grande Chefe. Um tinto indignado e invejoso, a quem já ninguém dava atenção, assistiu impotente ao triunfo do bacalhau. Com broa diria qualquer camponês de boa cepa. Concebido e executado pelo Jorginho, diria qualquer jornalista competente.





E por falar nisso: se um esforçado, embora talentoso, aquecedor de chouriças e de peixes, mereceu a capa da revista Visão, levado em ombros como especialista da arte culinária, como se poderia explicar que um Cozinheiro em Chefe de tão alto gabarito, possa continuar escondido dos leitores? Nem a Confraria do Bacalhau o consentiria...

Flexigurança e reforma das leis laborais.









Ontem, decorreu no Auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra um interessante colóquio sobre as alterações à legislação laboral e sobre a flexigurança. A iniciativa pertenceu ao CES da Fac. de Economia , ao IDET da Fac, de Direito. Os principais impulsionadores da iniciativa foram os Profs. Jorge Leite (FDUC/IDET) e António Casimiro Ferreira (FEUC/CES).
A conferência de abertura foi proferida pelo Prof. Bruto da Costa, da Comissão de Justiça e Paz e da Fac. de Teologia da Universidade Católica. Falaram depois três destacados especialistas em Direito de Trabalho: Prof. João Leal Amado (FDUC/IDET), Prof. Júlio Gomes (UCP) e Profª Regina Redinha (FDUP), que escalpelizaram os aspectos mais controversos da reforma das leis laborais em curso, com os quais articularam a problemática da flexigurança.
A primeira sessão da tarde foi aberta pelo Prof. Silva Lopes com uma intervenção dedicada ao enquadramento económico das questões em debate. Falou depois a Profª. Sara Falcão Casaca (ISEG/SOCIUS) que abordou alguns aspectos da vertente sociológica dos problemas em análise. O Prof. António Casimiro Ferreira (FEUC/CES) explicou com detalhe o sentido e o alcance do conceito de flexigurança, tornando claro o que ele tem de velho e de novo, bem como o que significa a sua aplicação prática para os patrões e para os trabalhadores.
Na Mesa Redonda de encerramento, moderada pelo Prof. Jorge Leite (FDUC/IDET), participaram representantes dos parceiros sociais (CGTP, UGT, CAP, CCP, CIP). As centrais sindicais fizeram-se representar, respectivamente, por Carvalho da Silva e João Proença.
Correspondendo ao interesse do tema e à qualidade dos participantes, o Auditório tinha uma boa assistência, tendo havido uma significativa participação nos debates.
Mencione-se a circunstância de os dois membros da Comissão de reforma das leis laborais que recentemente se demitiram da Comissão (Profs. Júlio Gomes e António Casimiro Ferreira) terem tido uma relevante participação no colóquio.
Predominou entre os oradores um forte cepticismo quanto ao sentido das alterações às leis laborais que se perfilam no horizonte. Foi mostrada surpresa perante o facto de o PS, que foi crítico do actual Código do Trabalho, por considerar que, em alguns aspectos, era lesivo dos interesses dos trabalhadores, em vez de rapidamente ter revogado os preceitos que criticara, quando estava na oposição, inventou uma Comissão que parece querer levá-lo a agravar ainda mais aquilo que, para ele, eram já antes os defeitos do Código.
Estranhou-se, aliás, que tenha escolhido uma Comissão para elaborar uma proposta de reforma das leis laborais na qual integrou representantes de todas os parceiros sociais e de um amplo leque de orientações políticas, tendo imposto como regra de decisão a unanimidade. Ou seja, quando não houvesse consenso não havia alterações. Se realmente assim aconteceu, até um aluno da 1ª classe perceberá que desse modo o mau Código dos governos de direita nunca seria melhorado em nada, por proposta desta comissão. Diga-se, no entanto, que o Governo e a maioria parlamentar estão muito longe de estar obrigados a conformarem-se com o parecer da Comissão. Recorde-se que, num caso semelhante, um outro governo socialista, o Governo Guterres, não seguiu a posição da Comissão do Livro Branco da Segurança Social.
Ao longo, de toda a sessão os únicos defensores da flexigurança foram os representantes das organizações patronais. Os sindicatos foram críticos, a CGTP mais fortemente.
Foi recordado o particularismo dinamarquês, sem ter sido esquecido que desde que implantaram a flexigurança os sociais-democratas dinamarqueses, que estavam no poder praticamente sem interrupção desde o fim da 2ª Guerra Mundial, nunca mais venceram as eleições legislativas.
Ficou claro que a flexigurança é uma designação nova de práticas antigas e uma tentativa de implantar de imediato as alterações que oneram os trabalhadores, sendo deixadas para depois as medidas compensatórias. Ou seja, a flexigurança perfila-se como uma manobra ideológica de propaganda e de anestesia social, para tentar minorar ou iludir a resistência dos trabalhadores a medidas que os prejudicam. Nas circunstâncias actuais de Portugal, parece ser mais um embrulho susceptível de disfarçar uma rendição quase incondicional aos interesses dos patrões do que uma verdadeira estratégia política de concertação.
Na verdade, foi salientado que para ser viável um tipo de equilíbrio compensatório entre as duas faces da flexigurança é indispensável um alto nível de desenvolvimento, um alto nível de educação e de cultura, uma elevada taxa de sindicalização e uma experiência prolongada de concertação social que suscite confiança entre os parceiros sociais. Todas estas condições, reunidas na Dinamarca, estão ausentes de Portugal, pelo que quem honestamente quisesse implantar a flexigurança em Portugal deveria primeiro percorrer o caminho necessário para que fossem alcançadas em Portugal condições próximas das que a Dinamarca preenchia, quando seguiu por esse caminho.
E não esqueçamos que a flexigurança sempre terá de ser no essencial um pacto social estratégico e prolongado entre sindicatos e associações patronais, responsabilizando-se o Governo pelas políticas de protecção social a ela inerentes. Nunca poderá ser uma política governamental imposta aos trabalhadores com o aplauso dos patrões.
Por mim, como militante do PS, saí deste colóquio bem mais preocupado do que para lá entrei. Mas ainda espero estar a ser demasiado pessimista, quando admito a hipótese de um Governo do PS vir a piorar leis laborais que a direita já antes estropiou gravemente. E piorá-las, ironia das ironias, com base numa fé inexplicável nos lugares comuns da vulgata economicista , deixando-se arrastar para uma espiral de medidas, cuja lógica mais funda é o regresso ao capitalismo selvagem, pela via sacra do neoliberalismo.
Estou a exagerar? Talvez... De facto, eu não duvido das boas intenções deste governo, no plano psicológico e no plano ético. Mas duvido, e muito, da utilidade para o povo português em geral, para os trabalhadores, para os excluídos, para o país, de qualquer política subordinada à vulgata neoliberal, mesmo travestida de ciência económica.

domingo, 11 de novembro de 2007

O Dr. Menezes é um tigre de papel!




Como poderia ter dito um dia o Comissário Barroso se já soubesse de tudo : "Luís Filipe Menezes é um tigre de papel !"


De facto, ao procurar mostrar como é realmente feroz a fazer oposição, tem-se reduzido a evidenciar uma irresistível falta de imaginação. E, porventura, a principal razão desta falta estará precisamente no facto de ter imaginado que do que ele mais precisava era de imaginação. Ora, como todos sabemos, nada mais fatal para o imaginar do que o esforço para o conseguir.

Por isso, em vez atacar o primeiro-ministro pelas escolhas básicas do governo, apenas o acusou de indelicadeza para com o leader parlamentar, dando dele a fraca impressão de ser alguém que precisa de um guarda-costas político e tendo que fingir que se esquecera dos rasteiros ataques que o seu Partido, liderado pelo actual leader parlamentar, fez ao actual chefe do Governo.

Mas quando se pensaria que, após essa escorregadela, regressaria o verdadeiro artista da contundência política, em vez de a grandeza de uma orquestra de farpas certeiras, saíram dois arrastados toques de trombone, pífios e ferrugentos.

Na verdade, o Dr. Menezes propõe-se fazer pactos com o Governo, nas áreas de governação que intui venham a ser mais prestigiantes, tendo assim sido obrigado a passar um implícito certificado de qualidade, pelos menos nessas áreas. Esqueceu-se que essa aparente ideia de águia, não era de facto mais do que um tique de pardal: ou seja, um acesso da velha ronha da direita que, quando está no poder, ostenta a legitimidade irrepartível da sua maioria, quando está na oposição propõe à esquerda que renuncie a tudo aquilo a que ela não renunciou, quando esteve no poder.

Por fim, depois de tonitroar as acusações habituais, esmagando o governo de lugares comuns, atirou a suprema farpa: "O governo está com medo do PSD!" E a plateia, saboreando já o PS a refugiar-se temeroso debaixo da mesa e Sócrates titubeante e inseguro olhando apavorado para a sombra do Dr. Menezes, explodiu numa revoada de aplausos. Crescendo para o seu destino o grande chefe abandonou o palco deliciado. Triunfara!

Mas o mundo cá fora, injusto, parecia desconhecer o triunfo. E, gulosamente, o Professor puxou da caderneta laranja, rapou num ápice do lápis vermelha e, zás, ferrou-lhe um sete.

Dizem que o Dr Menezes, quando soube, empalideceu, ligeiramente, mas com denodo enfrentou mais este ataque sulista de entre Cascais-e-Estoril.
Lá longe, o Presidente, olhando para o mundo do alto das suas Américas, sorriu discretamente para Sócrates e não se lembrou de ver o Dr. Menezes.

Indignado, o Dr. Santana Lopes ergueu-se. E bastou-lhe fazer um gesto largo, para que metade do seu grupo parlamentar aplaudisse de pé. Mas isso, já não teve importância.






sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Nova morte do General De Gaulle.




Morreu hoje, em Washington, o General De Gaulle. Matou-o um francês de estatura média, descendente de húngaros, deslumbrado com os ricos, há pouco eleito Presidente da França. Eleito à sombra de um Partido que o General inventou, quando, nos idos dos anos 50 do século passado, salvou a direita francesa.


Como ia dizendo, o irrequieto Presidente foi prestar vassalagem a Bush, dizendo, com o seu conhecido talento cénico, que ia conquistar o coração da América. Mas como podia ele querer conquistar o coração da América, através de um Presidente que já o perdera? Ora, como o irrequieto Presidente está muito longe de ser estúpido, certamente que o sabia. Portanto, provavelmente, apenas queria conquistar o coração de Bush. E foi, possivelmente isso, o que mais matou o General De Gaulle.


As discretas câmaras de televisão mostraram a lua de mel, numa vasta sala cheia de luxo, de luzes e de sorrisos. Discreto, com uma expressão beata de quem subiu ao céu, o Ministro Kouchner , ex-comunista que hoje oscila entre um cripto-socialismo difuso e um "sarkozysmo" de sacristia, partilhava a glória do momento. Esse expoente exuberante da social-moderacia à francesa entrava assim pela porta das traseiras da história. Mas entrava...


Entretanto, o coração da América continua a bater desordenadamente por qualquer coisa que não seja Bush. De facto, a "pax democratica" no Médio-Oriente, que o "Clube dos Mentirosos" prometera para seis meses depois do início da guerra no Iraque , continua a perder-se no nevoeiro das miragens. Por seu lado, a Europa ameaça transformar-se numa orquestra pífia sob a batuta de um Comissário que é membro do Clube ( Para alguns, é certo, ele não fazia parte da reunião. Apenas estava ali para servir os cafés. Mas , de uma maneira ou de outra, sempre ficou na fotografia.).


Em França, pouco entusiasmados com o "western " de Sarkozy, os estudantes protestam. E já outros se preparam para entrar na dança, entre desanimados e furiosos , cansados do paraíso dos outros e das dificuldades próprias. Sarkozy medita, enquanto faz "jogging" no Texas.


Entretanto, confirma-se. Não haverá cerimónias fúnebres, nesta morte do General De Gaulle. Mas o oráculo de Colombey já vaticinou que neste dia o que deve ser celebrado é um requiem pela direita francesa. Na verdade, se a esquerda escapar à louca oscilação entre o trinca-fortismo tonto e a social-moderacia sem horizontes, talvez a direita deva começar a temer. No imediato, é certo, vão chegar-lhe euforias e flores, mas o seu longe é uma nuvem negra. Um dia, talvez se leia na História que aqui começou o seu trágico "canto do cisne".


E, com a imagem do irrequieto Sarkozy a curvar-se perante Bush , o General agonizante disse: "Trouxe-vos para Londres. Voltaram para Vichy."