Para corrigir informações truncadas sobre os estudantes de Coimbra expulsos durante a crise académica de 1962, postas levianamente a circulara nas redes sociais, nada como recorrer a um documento da época. Aqui está:
Crise Académica de 1962 - Documento
Em Maio de 1962 foi publicado o
comunicado que abaixo se transcreve :
Sem comentários!
À UNIVERSIDADE,
AOS MESTRES E AOS ALUNOS COMUNICA-SE:
Por decisão ministerial foram punidos
os colegas:
1º - Acusados de organizarem o I
Encontro nacional da Estudantes , cuja responsabilidade a assembleia Magna da
Academia assumiu,
a)
Com dois anos de exclusão de frequência de todas as escolas nacionais:
- José Augusto Rocha ( Dir. Geral da AAC )
- Margarida Lucas ( Dir. Geral da AAC)
- Francisco Leal Paiva ( Dir. Geral da AAC e
República dos Galifões)
- David
Rebelo ( Dir. Geral da AAC)
- Eduardo Soeiro (
Dir. Geral da AAC e República dos Pinguyns)
b)
Com dezoito meses de exclusão de frequência de todas as escolas nacionais:
António
Taborda ( Dir. Geral da AAC)
José Sumavielle ( Dir. Geral da AAC)
2º- Acusado de “ser de certo modo,
mentor da consciencialização colectiva” (sic):
Com
dois anos de exclusão de frequência de todas as escolas nacionais:
-
Francisco Delgado ( CITAC )
3º- Acusados de perturbar o
funcionamento duma aula ( 1º assalto da polícia de Choque à Associação
Académica) :
a)
Com um ano de exclusão de frequência de todas as escolas nacionais:
-
Luís Filipe Madeira ( República dos Kágados e Comissão da Queima de 62 )
b)
Com seis meses de exclusão de frequência da Universidade de Coimbra:
-
José Luís Nunes ( Centro de Estudos Filosóficos)
-
Parcídio Sumavielle ( Via Latina )
4º- Acusados de colaborarem na entrada
para a Torre, quando do primeiro assalto
da Polícia de Choque à Associação Académica :
a)
Com trinta meses de exclusão de frequência da Universidade de Coimbra:
-
António Carvalho
-
Mário Brochado Coelho ( Direcção do CITAC)
-
Maria Fernanda Dias
( Dir. Geral da AAC de 1960/61)
b) Com dois
anos de exclusão da frequência da Universidade de Coimbra:
- Alberto
Mendonça Neves ( República do Prakyistão)
- António
de Sousa Almeida ( Secção de Judo )
- Luís
Lemos ( Secção de Atletismo )
5º- Acusados de assinarem uma moção na Assembleia
Magna da AAC que pedia um voto de censura ao Reitor da Universidade e a sua
demissão :
a) Com dois
anos de exclusão da frequência da Universidade de Coimbra:
- Albano
Serra Pina
- Alfredo Estrela
Esteves ( Via Latina )
- António
Lameiras de Figueiredo ( República do Prakyistão)
- Carlos
Alberto Furtado ( República do Prakyistão)
- Eduardo
Casais
- João
Bilhau
- João
Quintela
- Jorge de
Sousa Rocha ( República do Prakyistão)
- Manuel da
Silva Ventura ( Secção Social )
- Maria
Fernanda Granado
- Rui Namorado ( Via Latina )
- Rui Neves
b) Com um
ano de exclusão da frequência da Universidade de Coimbra:
- António
Machado Vaz ( República do Bamus ó Bira)
- José
Macedo Cruz
- Vladimiro
Pereira Mateus
6º- Acusado de emprestar a capa e hasteada na Torre,
quando ocorreu o segundo assalto da Polícia:
Com um ano
de exclusão da frequência da Universidade de Coimbra:
- José Luís
Santos Lima / Secção Social )
7º- Acusado de subir à Torre, quando ocorreu o segundo
assalto da Polícia:
Com um ano
de exclusão da frequência da Universidade de Coimbra:
- José Luís
Morais Alçada
HOJE, ÀS 15
HORAS UMA COMISSÃO AVISTAR-SE-Á COM AS
AUTORIDADES UNIVERSITÁRIAS NA REITORIA.
Estudantes de
Coimbra
Nota final: No momento em que o comunicado foi divulgado
a Associação Académica de Coimbra estava fechada compulsivamente no rescaldo da
crise. A própria assinatura do comunicado sugere que não havia em funções
órgãos académicos legais. É possível que não se mencionem alguns nomes por
lapso. De facto, no próprio exemplar do comunicado que conservo há três nomes
manuscritos que não constavam da versão publicada.
Nota posterior à nota final: Depois de
ter escrito o que está para trás, lembrei-me de consultar de Álvaro Garrido, o
livro “Movimento estudantil e crise do estado Novo” (pag.214 ) ( Minerva
Editora- Coimbra ). Os nomes dos expulsos coincidem. No entanto, devem ser-lhe
acrescentados mais alguns, cuja expulsão foi decretada apenas em Agosto de
1962. Ei-los:
- Alberto
Rui Pereira
- César Oliveira ( República do
Prakyistão)
- António da Silva Coelho
- Joaquim Tomé
- Simão Santiago
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