sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Os excitados políticos


Há extremismos políticos que são autenticamente isso mesmo, extremismos de ambos os lados do espectro. São clássicos e em regra previsíveis.

Mas há também a volátil família dos excitados políticos que se exacerbam facilmente por questões limitadas mesmo que relevantes. Confundem impulsos de ocasião com opções de fundo e podem dispor-se a combater hoje o que incensaram ontem.

O perfume de radicalidade que, ás vezes, julgam exalar, é realmente o odor doentio de um simples umbiguismo político, que confunde com valores e ideias universais os seus pequenos e estéreis desesperos pela imperfeição do mundo.

Hoje, podem julgar que o coração lhes bate incondicionalmente à esquerda, amanhã podem descobrir que já não há direita nem esquerda e, se a vertigem político-mediática os abalar mais profundamente, podem mesmo descobrir-se aguadeiros daquilo que antes julgavam combater.

Quando são poucos, limitam-se a contribuir para o colorido da cena política. Se forem alguns , podem chegar a ser detonadores de explosões que em muito os ultrapassam. Sempre em nome de seráficas generosidades, embrulhadas nas palavras mais limpas da história da humanidade, mas completamente cegas quanto aos efeitos políticos que podem produzir.

Por isso, não é prudente menosprezar o perigo que pode transpirar dos excitados políticos, por mais ortorrômbico que seja o resultado da sua excitação. Quase sempre são fogos–fátuos, mas em momentos especiais e inesperados podem ser detonadores de evitáveis desastres.

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