quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O sabor dos ruídos


Um sujeito calvo e anafado, alegadamente advogado de longa duração, está sentado confortavelmente, perante o Sr. Crespo.

Crespo, melífluo, pergunta, como se incendiasse gasolina. O homem explode no primeiro-ministro, não deixando pedra sobre pedra.

Mas continua, como justiceiro, saído de algum zorro ignorado. Nada lhe escapa. Ensino, professores, toda a polícia , juízes, magistrados, jornais, e, pasme-se, até advogados. Num meio sorriso sorrelfo, mas contido, o próprio Crespo deixa sussurrar-se que talvez seja a mais, um pouco a mais.

Mas o sujeito vai à desfilada. Os netos aprendem inglês, Portugal está preso por um fio. E, finalmente, mostra de onde veio, citando os velhos tempos que eram bons. Bons tempos esses do antigamente, bem arrumados e com juizinho. Era rapaz novo e respirava . Eram tempos de esperança, tempos lisos. E Crespo ali ficou, muito sereno, enquanto se polia o "estado novo" e se mordia abril surdamente.

E não pude evitar mais um excremento: "Vai realmente mal este país. Não se pode falar, não se pode falar. Ressuscitem o bom do salazar."

2 comentários:

andrepereira disse...

Sabujos de segunda classe.

ahp disse...

Gostei sobretudo da frase: "Crespo, melífluo, pergunta, como se incendiasse gasolina."
Define na perfeição o estilo das "entrevistas" do Crespo!