sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Vacinas gripadas


Mais um texto de J.L.Pio Abreu , publicado hoje no Destak, que resolvi transcrever para "O Grande Zoo". Ele goza com a "inteligência loira", o que me diverte particularmente.



"Tratamento eficaz "

"Há 2 anos, em Janeiro de 2006, vivia-se o pânico da gripe das aves. A agenda mediática deu-lhe para aí, talvez por não haver notícias de crianças desaparecidas ou mal tratadas. O certo é que o povo sofria, então, com a perspectiva de uma epidemia tão avassaladora como a pneumónica de trágica memória.

O incansável Ministério da Saúde ficou alerta e as beneméritas empresas farmacêuticas mobilizaram-se. Da feliz combinação, resultou que o país iria produzir vacinas para dar e vender. Ficaríamos auto-suficientes e não mais havia que temer a terrível pandemia.

Tudo iria acontecer numa fábrica de Condeixa. O acordo foi festejado com pompa e circunstância pelo Senhor Ministro da Saúde e demais autoridades, na presença de todos os canais televisivos. Dado o arrojo do projecto, com preparação de infra-estruturas e aquisição de tecnologia, a produção só se iniciaria em 2008. Mas a gripe podia, entretanto, aguardar até lá.

Nos dois anos que passaram, em vez de infra-estruturas e aquisição de tecnologia, a dita empresa fez contas, estudos, prospecções e viagens. Conclusão: não tinha qualquer sentido produzir vacinas, e foi isso que decidiu agora (anda, aliás, a produzir genéricos, como todo o mundo em Portugal). Mas o povo está sossegado. A doença aconteceu na televisão e curou-se logo aí. E digam lá que não temos um grande serviço de saúde! "

J. L. Pio Abreu

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