Os ousados
invasores dos nossos espíritos …
Um apreciável leque de aves mediáticas das mais diversas
colorações mostra-nos cada dia a sua finíssima argúcia, a sua preciosa
capacidade para penetrarem nos mais recatados recantos dos nossos espíritos,
nos segredos profundos das nossas preferências e dos nossos gostos, nos árduos
territórios das nossas discutíveis opiniões, tantas vezes incertas e
hesitantes.
De facto, são eles que, tantas vezes, perante o nosso mais surpreendido espanto, nos
informam sobre o que preferimos, o que detestamos, o que merece o nosso repúdio
ou o nosso aplauso, sobre aquilo que pensamos do presente , do passado e do
futuro, e até sobre os nossos medos e os nossos sonhos mais fundos.
Os portugueses não
aceitam// Os portugueses esperam // Os
portugueses não compreenderiam // Os portugueses pensam // Os portugueses
receiam // Os portugueses querem // Os
portugueses sonham com … // Os
portugueses estão chocados com…// Os portuguese exigem!
Por mim, surpreendo-me muitas vezes, atónito perante aquilo
que alegam que eu aceito, que eu espero, que eu repudio, que eu desejo. Tanto
mais que ninguém teve antes o cuidado de me perguntar o que realmente quero, o
que realmente penso, antes de me atar na molhada de todos os portugueses, para
depois me atribuir as mais desvairadas ou previsíveis opiniões.
São especialmente férteis, em tais cometimentos, os responsáveis
políticos mais exuberantes ou mais parlapatões, as responsáveis políticas mais
exuberantes ou mais parlapatonas, os
comentadores e as comentadoras de maior ou menor extração jornalística, mas
mais verborreicos ( as).
Seguindo-lhes o ousado caminho e atrevendo-me assim a
imitá-los, permito-me dizer: “ Os portugueses exigem ( palavra enérgica!) que
quem der pública notícia dos seus desejos, dos seus repúdios, das suas opiniões
ou das suas reivindicações tenha a modesta decência de os consultar primeiro”.
Ou então a Mafaldinha, a Dona Gertrudes, o Andrézito, o
Chiquinho, o Dr. Policarpo, o Engº Petrónio, a Aldegundes e os outros e outras
devem simplesmente dizer: “ Eu penso! Eu exijo! Eu repudio!”
Será talvez algo de mais modesto ; mas será seguramente mais
verdadeiro e mais honesto.
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