O
irrequieto Marques Mendes afirmou na SIC, ontem, dia 13 de maio,
que a “maior parte das pessoas que está a abandonar Sócrates não o faz por
convicção, faz por calculismo” .
Passemos
por cima da questão de saber o que quer dizer o irrequieto Mendes, quando fala
em pessoas que estão "a abandonar Sócrates". Concentremo-nos na parte da sua
afirmação que assegura que elas o fazem por “calculismo” e não “por convicção”.
O irrequieto Mendes formula desse modo um juízo
valorativo sobre as raízes subjetivas desse “abandono”, garantindo que a “maior
parte”, embora finja fazê-lo por “convicção”, realmente é movida por simples “calculismo”.
Ou seja , a maior parte dos abandonadores são afinal meros hipócritas. Faz
assim um juízo negativo de carácter.
Conforme pode ter visto quem ouviu o
programa, ele estava a referir-se a quem no
PS tomou posições públicas críticas em face dos comportamentos imputados a
Sócrates, se eles se vierem a comprovar judicialmente.
Em
que dados se poderá basear o irrequieto Mendes para ter proferido uma tal
afirmação? Exaustivo inquérito aos abandonadores, amostragem estatística comprovada, confidências
de agentes de uma qualquer polícia secreta ? Garantindo o bem informado comentador
que, estando em causa uma maioria de hipócritas nem todos o são, pergunta-se qual a
percentagem maioritária em que ele está a
pensar? Cinquenta e um por cento de hipócritas ou noventa e nove? Isso ele não
diz. Como aliás não indica um único nome quer de convictos quer de calculistas. Mendes limita-se a insultar impessoalmente e a absolver também impessoalmente.
As perguntas feitas são, naturalmente, retóricas. É óbvio que o comentador Mendes se limitou a bolsar um palpite insultuosos contra alguns membros
do PS que não identificou, a partir de uma mera convicção subjetiva, por mera impressão
pessoal, sem se preocupar com qualquer deontologia comunicacional ou com a
simples decência.
A
sua pesporrência, no entanto, impediu-o de se aperceber que os termos e o conteúdo do que
nesse aspeto disse, evidenciavam, por si sós, que não estávamos perante a expressão
de uma verdade apurada, mas perante uma simples imputação arbitrária, leviana, inverificável, gratuita e insultuosa.
Essa
figura, a quem dão tempo de antena ao domingo em
horário nobre numa estação televisiva, mostrou bem o que é : um
propagandista encapotado do PSD com
atuação semanal numa estação televisiva.
Mas neste caso, muito para além dessa circunstância político-partidária, há que
encarar o detalhe marginal de que aqui falamos como indício ou sintoma da parcialidade
intelectualmente desonesta deste senhor. Para este irrequieto senhor é algo de natural insultar gente indeterminada , sem ter sequer
a coragem e a preocupação de os identificar pessoalmente, mas objetivamente certo de que os emporcalharia em
conjunto. E, não identificando ninguém, ficaria também a coberto de qualquer resposta.
Enfim,
um grilo falante da direita enraivecida. Ou como se diz: pela ópera se conhecem
as gargantas.
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