As palavras vão
atropelar-se neste começo de saudade. A memória está a começar a percorrer, espantada,
todos os seus recantos. Perfilam-se as homenagens. Justas.
Penso numa
maneira simples, caro António Arnaut, de te dar um abraço que nunca receberás.
Descubro. Certamente, que Torga gostaria de te prestar solidariedade, se
pudesse. Procuro. No oceano da “Poesia
Completa”, de Miguel Torga, escolho um pequeno poema : “Confiança”. Faço
que com ele Torga saúde o seu amigo Arnaut. Ambos se reunirão certamente para que ela seja transmitida a todos nós. Não os podemos defraudar!
Eis o poema:
O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura…
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova…
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