SONDAGENS AO LONGO DE UM ANO
Vale a pena olhar para o conjunto das sondagens,
quanto às intenções de voto para as legislativas, publicadas em Portugal desde o
início de julho de 2017 até ao fim de julho de 2018. Consideraremos as que
foram feitas pela Eurosondagem e pela Aximage, as duas empresas que as fizeram sistematicamente
durante esse período. Estão em causa 23 sondagens, das quais 13 da Aximage e 10
da Eurosondagem, feitas ao logo de 13 meses.
Se tivermos em conta o conjunto das sondagens, o PS
oscilou entre um máximo de 45,1% e um mínimo de 38,1%; o PSD entre 28,7 % e
23,6 %; o BE entre 10,6% e 7,7 %; a CDU entre 8,9 % e 6,9%; e o CDS entre 7,5%
e 4,2%. Separadas, as sondagens das duas entidades apresentam algumas
diferenças.
Na Aximage, o PS oscila entre 45,1% e 38,1 %, na
Eurosondagem varia entre 40% e 42%. Já quanto ao PSD a variação é entre 28,7 %
e 23,6%, na Aximage; e de 28,7% e 27,3%, na Eurosondagem. Quanto ao BE, na
Aximage, oscila entre um máximo de 10,6 % e um mínimo de 7,7%; e na
Eurosondagem, entre 9,5% e 7,7%. Por seu lado, a CDU varia entre 8,9% e 6,9 %
na Aximage; e entre 7,8% e 6,9% na Eurosondagem. Por último, o CDS, na Aximage,
oscila entre 7,2% e 4,2 %; e na Eurosondagem, entre 7,5 % e 6%. A soma dos partidos
de direita (PSD+CDS), na Eurosondagem varia entre 35,5% e 33,3%;na Aximage
entre 35,1% e 28,9%.
Comparando os resultados obtidos pelas duas
entidades, verifica-se que a variação entre os máximos e os mínimos é maior na
Aximage do que na Eurosondagem.
Pressupondo que não ocorram situações extremas, que
revolvam em profundidade as preferências eleitorais do último ano, e olhando
para o conjunto dos resultados, pode concluir-se que é provável que o PS seja o
partido mais votado, podendo mesmo ter mais votos sozinho do que a soma dos
partidos de direita. Mas será difícil e improvável que chegue à maioria
absoluta.
Já o PSD, consistentemente abaixo dos 30%, vê
agravada a sua situação pelo facto de a sua soma com o CDS não ter chegado em
nenhuma sondagem aos 36%. Está assim longe de um bom resultado, tal como do
governo. O efeito Rui Rio, como consequência de uma novidade hipoteticamente esperançosa,
parece assim não ter passado de uma miragem. No caso do CDS, a aspiração de
Cristas de ser levada a sério como candidata viável à liderança do Governo da
República cobriu-se de ridículo.
Genericamente, o potencial eleitoral do BE e da CDU
manteve-se estável, com oscilações não significativas. Em conjunto, atingem
intenções de voto que tendem a não baixar dos 15% e a não exceder os 18%. Tal
como o PS, não parecem ter sido prejudicados pela celebração do acordo que
sustenta o governo atual. Ao contrário, os três tendem a somar em regra mais de
55% das preferência dos eleitores, quase sempre mais de 20% acima do bloco de
direita.
Sublinhando o sentido dos comentários feitos, as sondagens
mais recentes revelam uma tendência ascendente do PS, ainda que ligeira; uma
perda ligeira do PSD; uma estabilidade relativa do BE e da CDU; e um impulso de
subida do CDS, conquanto pouco significativo.
Num estudo de opinião recentemente tornado público,
ficou clara a preferência dos eleitores do PS, do BE e da CDU, pela
continuidade do atual acordo político. Confirmou-se assim a ideia de que é eleitoralmente
muito arriscado romper o acordo presente para qualquer dos seus protagonistas.
Risco especialmente grande para quem for o causador da rotura, sendo certo, no entanto,
que mesmo os partidos que o não tivessem causado poderiam ser fortemente penalizados,
pelas consequências
devastadoras do confisco objetivo ao povo de esquerda de um
horizonte de esperança.
As negociações orçamentais, as lutas sindicais e o
grau de acrimónia que as envolva, bem como as decisões que o Governo for
tomando não podem deixar de ter em conta tudo isso.
Se a solução portuguesa
começa a ser vista como esperança noutros países europeus, seria caricato e
trágico que fossemos nós a deixá-la escapar entre os dedos.
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