segunda-feira, 19 de julho de 2010

Jogo perigoso


Estou certo que, subjectivamente, o BE e o PCP não querem ser um instrumento político da direita no combate que travam com o Governo e o PS.


Mas parece-me, objectivamente, cada vez mais inequívoco que os partidos de direita e os analistas que nela, mais ou menos disfarçadamente, se embrulham, integram como simples peças, quer o BE, quer o PCP, no xadrez político com que antecipam as suas estratégias.


Por exemplo, falam em moções de censura, em novas eleições , em queda do governo, como se a decisão essencial, quanto a tudo isso, coubesse apenas aos orientadores do Dr. Passos Coelho, aos estados-maiores dos poderes fácticos, a cujas directrizes, os partidos de direita tão sensíveis costumam ser. Para eles, o BE e o PCP entram nesse jogo como peões, nunca como jogadores. Vão comportar-se como lhes convier.


Gostaria de estar certo de que estão redondamente enganados , estando imprudentemente como que a contar "com o ovo no cu da galinha".


Mas , infelizmente, há um tão arreigado sectarismo anti-PS nas direcções desses partidos, que eu não consigo afastar, por completo, o receio de que, chegado o momento decisivo, realmente, o BE e o PCP, façam passar, à frente de tudo, a sua hostilidade ao PS, deixando-se manobrar como verdadeiras peças de um xadrez, através do qual os poderes da direita e do dinheiro, procurarão dar xeque-mate ao governo e ao PS, quando julgarem que lhes convém.


Se acabar por ser assim, correm, no entanto, um risco suplementar, dado que atrás do tempo, tempos vêm, e as bases sociais do BE e do PCP podem não ficar satisfeitas com as consequências sociais e políticas que esse xeque-mate lhes fará sofrer.

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