quarta-feira, 22 de julho de 2009

Papagaios improváveis


O trauliteiro Jardim, um vulto de transcendente importância na Madeira, tem por hábito, após uma sesta bem merecida, regougar dislates sobre a revisão constitucional, que desembainha como se fosse algo que dependesse apenas da sua entaramelada opinião. Algo parecido com : "O Dr. Jardim diz, a revisão acontece. À populaça, cumpre desempenhar o papel que lhe reserva tão azougada figura: espantar-se".

Ora, acontece, que mesmo que o referido personagem convença a verdadosa Drª Ferreira Leite a assinar por baixo de todos os seus devaneios constitucionais, tal significará zero em termos de revisão constitucional. E se numa vertigem suicidária, o Dr. Portas se aprestasse a marchar disciplinadamente, atrás dessa dupla surrealista, o improvável trio continuaria a valer , em termos de revisão constitucional o mesmo zero.


E como, nem num sonho de pernas para o ar, se pode desenhar um cenário em que, após gritarem em conjunto com o Dr. Jardim, "Abaixo o Comunismo !", o BE e o PCP , lhe obedecem rebanhosamente no seu alto desígnio de estropiar a Constituição de Abril, é o PS quem verdadeiramente tem a chave com a qual pode fechar de uma vez a boca desgarrada do floroso ilhéu.


Ora, sendo assim, é justo que se espere deste último partido uma palavra seca mas definitiva que encerre, de uma vez por todas, qualquer vislumbre de significado político útil aos dislates constitucionais que periodicamente o Dr. Jardim boceja do alto da sua ilha.
Bastar-lhe-á declarar, com solenidade, por intermédio do seu porta-voz que, exigindo a revisão constitucional uma maioria de dois terços, o PS não aprovará as idiotices imaginadas pelo Dr. Jardim, quando acorda estremunhado depois de um qualquer sonho agitado. E, sendo assim, os trovões reaccionários com que o Dr. Jardim nos pretende assombrar, politicamente valem menos do que os tímidos vagidos de um bébé chorão. E não valerão mais, mesmo que a vóvó pegue nele ao colo, para o embalar ternamente na sua complacência.


E, já que está com a mão na massa, o PS poderia dar um contributo precioso para aliviar o debate político da vozearia inconsequente dos que parecem fazer crer que a revisão constitucional é um fenómeno meteorológico dependente do calor das suas fartas imaginações, dizendo: "Não contem com os nossos votos para anularem os ecos e as marcas do 25 de Abril na nossa Constituição, não contem connosco para entrevar a democracia com engenharias duvidosas, não contem connosco para conceder novos músculos a Belém, não contem connosco para inventar sistemas que transformem a falta de votos em excesso de poderes".


E poderia concluir: " Estimados, circunspectos e ajardinados pescadores nas águas turvas mediáticas; cerebradores de todas as direitas, sequiosas de poder; simples tontos - o PS afundará com o seu voto qualquer dislate revisionista da Constituição de Abril, pelo que se pede a todos vós a fineza de apontarem para outros alvos as vossas vistosas espingardas de pólvora seca."

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