segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A dissidência insegura



Vão sendo conhecidos exemplos de militantes socialistas que foram aliciados para a candidatura a Presidente da Federação de Coimbra do PS, dirigida por um dissidente da actual maioria, com base em falsas informações.

A mais recorrente entre elas foi a afirmação de que o Luís Marinho não iria concorrer, nem haveria qualquer candidatura que desse continuidade à oposição ao VB, por si liderada em 2006.

É sintomático, quanto ao potencial renovador da dissidência, ter de recorrer para ganhar apoios à difusão de informações falsas, em vez de confiar no mérito das ideias, que certamente lhe estão subjacentes, para os estimular.

Na verdade, a candidatura que dará continuidade à que em 2006 defrontou VB tem o seu caminho balizado pelas posições então assumidas, a de VB insistirá nas opções situacionistas conhecidas. Mas a candidatura que representa uma dissidência da actual maioria ainda não explicou desde quando se arrependeu o seu protagonista principal de apoiar VB, porque razões o fez, bem como porque motivos não reforçou as fileiras da oposição, em vez de inventar uma terceira via politicamente indecifrável .

Aliás, as posições que se lhe conhecem caracterizam-se pela insistência em banalidades correntes, daquelas que se dizem sempre nestas circunstâncias, bem como pela cautelosa omissão de referências às questões mais escaldantes que preocupam os socialistas de Coimbra. Parece ser uma oposição suave, escondida por detás de um certa agressividade discursiva sobre tópicos políticos inofensivos.

Um observador que se guiasse pelo que é público, julgaria que a candidatura dissidente de VB tem como razão principal, para não dizer única, a vontade do respectivo candidato liderar a Federação já. Isto é, ele apenas é um dissidente pelo facto de o VB também concorrer. De facto, do que se conhece publicamente, poderia até parecer que se o VB o tivesse indicado como sucessor não teria havido qualquer dissidência no campo da maioria.

É certo que há um número apreciável de socialistas do distrito que compareceram a uma cerimónia de investidura recentemente relizada, certamente entusiamados pelo carisma do candidato. Pelo carisma, já que não foi certamente a força das ideias, que se não lhe conhecem, que produziu esse inusitado afluxo de camionetas a Coimba. Todavia, o entusiamo assente em pessoalismos e em exuberâncias de ocasião, sendo susceptível de crescer com rapidez, está sempre exposto a um esvaziamento gradual que o decurso dos meses que nos separam das eleições federativas tenderá a agravar.

Voltando às falsidades difundidas pela candidatura dissidente de VB, elas podem ter rendido alguns apoios de militantes incautos, que na sua boa fé se deixaram iludir, mas estão feridas pela fragilidade de ser pouco provável que, quem seguiu uma opção por ter sido mal informado, se sinta obrigado a continuar fiel a um compromisso que ele só assumiu por ter sido induzido em erro pelos próprios destinatários desse apoio.

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