AINDA OS VIOLINOS TORCIDOS
Eduardo Santa Cruz ofereceu-nos a memória deste meu
texto, que abaixo transcrevo, aqui publicado em 7 de Dezembro de 2021, sublinhando
a sua atualidade. Só tenho que lhe agradecer.
Entretanto, em 30 de Janeiro de 2022 houve eleições
legislativas em Portugal, tendo-se assim iniciado a XV Legislatura da
Assembleia da República. Como é sabido, foram ganhas pelo PS com maioria absoluta.
A tropa fandanga de que falo no meu texto foi portanto desbaratada. Atualmente,
estamos em novo período pré-eleitoral, já que o PR interrompeu uma vez mais legislatura
que estava a decorrer.
“ OS VIOLINOS TORCIDOS
Pode ler-se numa página virtual do
Expresso:
“Entre julho e setembro, face ao
segundo trimestre do ano, só a Áustria e a França viram o PIB crescer mais que
Portugal. A nível global, as economias da zona euro e da UE cresceram no
terceiro trimestre, quer face ao período homólogo quer em cadeia, indica o
Eurostat”.
Assim só pode lamentar-se que a
realidade esteja tão largamente errada, alheia aos uivos de lamentação
tremendista duma larga coligação de inefáveis aveludados, de subtis
malandrecos, de rigorosos numerólogos, ou de simples tontos, que tão
exuberantemente anunciam, prenunciam e inventam desgraças inenarráveis que
espreitam este descuidado país.
É uma tropa fandanga onde se acotovelam
fantasmas acavacados e mal passados de natais sofridos, as sereias ingénuas de
um liberalismo imaginário, a atamancada ferocidade dos neofascistas, os
paulíssimos das boas famílias, os chicões mais aguçados, o maior partido da
oposição solidamente no centro da direita e até os pasteis subtis de todas as
sedes de moderação.
Toda essa tuna de desafinados,
absolutamente rigorosos, tenta desesperadamente apoucar e assustar o povo, na
esperança de lhes cair no regaço a legitimidade política para devastarem o
país.
Um país espantado por ver estes
oráculos pífios garantirem-lhe desgraças no preciso momento em que começam a
levantar-se depois duma tempestade que tão devagar se vem atenuando.
Rapaziada da corda, muito cuidado.
Estes violinos rombos de melodias inventadas, anunciando-se como ungidos
salvadores, mais não conseguirão nunca do que salvarem os seus privilégios e as
suas mais ou menos discretas mordomias.
Cuidado rapaziada, por detrás da sua
retórica pessimista, a grande aposta desta gente, o seu gritante sonho, é o de
conseguiram ser uma espécie de avesso do Robin dos Bosques: tirar aos pobres
para dar aos ricos.
Para isso, têm que afastar o PS da
governação ou tolhê-lo o mais possível, substituindo-o, se possível, pela
anemia crónica mas perigosa da direita.
Felizmente, a realidade tem resistido aos sonhos
salteadores.”
Parte superior do formulário