O CONGRESSO
Assombração e Silva não desiste de fazer de homem do saco.
Julga ele que assusta a esquerda, oferecendo-se como ícone ao que julga serem
as legiões da direita.
A direita comove-se com o reaparecimento do fantasma dos
seus sonhos perdidos. Ouve entretanto com reserva o alarido que rodeia o
modesto salvador que lhe oferecem.
Esperava com ansiedade um robusto galo de combate. Teme que
lhe estejam a querer fazer engolir o que os seus adversários possam com
verosimilhança considerar um modesto, ainda que pomposo, garnisé.
O bom povo, que eles querem cercar, olha com desconfiança o
circo mediático. Das apregoadas glórias do laranjal, recorda-se vagamente. Mas
menos como glórias do que como pesadelos.
São também apregoadas legiões de sábios que, em reuniões
muito circunspectas, congeminam gravemente os muros com que querem rodear o
nosso futuro. No essencial, procuram convencer os explorados que acentuar-se a
exploração é o caminho mais seguro (quiçá o único!) para que os pobres tenham a
boa sorte de aproveitar o enriquecimento dos ricos para colherem os frutos da
sua proverbial generosidade.
O bom povo pensa e torce o nariz. Habituado a migalhas,
estranha quando lhe ofereçam banquetes.
Assombração e Silva sai para jantar, na esperança de que a
esposa o espere com um petisco.
Os jornalistas e os comentadores, plenos de imparcialidade
garantem que o número caváquico foi o sucesso de topo do transcendente conclave
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