DEMOCRACIA ─ E DA BOA!
A direita, revelando um apurado bom senso e um profundo
sentido de justiça, insiste generosamente na perfumada sinfonia da reforma
eleitoral.
Engrossando o coro com energia, levantam-se das suas
sepulturas políticas, onde a história displicentemente os colocou, alguns dos
seus mais clássicos expoentes. O próprio Oráculo de Boliqueime , ágil e
enciclopédico, disse de sua justiça com
a grave sabedoria do costume. Há mesmo um balbuciar vago, tímido e alegadamente
científico oriundo da esquerda baixa que dá algum aconchego ao transcendente
desígnio da direita.
Círculos uninominais, apagamento da diversidade de
representação política pela redução da proporcionalidade ─ enfim, qualquer
coisa que possa dispensar a direita e os seus acólitos de conquistarem lugares
electivos sem precisarem de ganhar mais votos. Dar a palavra ao povo, sim
senhor. Mas nada de exageros. Não lhe deixar nunca espaço para poder fintar a
direita em momentos cruciais. Enfim, democracia de fino recorte.
Mas estando volátil o xadrez político, o desígnio guloso e
esperto da direita para a reforma eleitoral, pode tornar-se num verdadeiro “hara-kiri”.
Por isso, certo, certo e do seu interesse “nacional” é obedecer a dois grandes
princípios estruturantes.
1º- o total dos votos no PS será corrigido, amputando-lhe 33%;
2º -qualquer maioria parlamentar de esquerda (PS sozinho ou
acompanhado) terá que ser previamente autorizada pelo actual Presidente da
República, após parecer favorável do Oráculo acima referido.
Quando tal for alcançado, as sereias da democracia sem peias
dar-nos-ão a melodia dos seus cânticos…
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