A força
do destino…
O actual panorama político mostra as direitas mais perto de
uma frente comum pré-eleitoral do que as esquerdas. Apenas a eclosão do Chega perturba essa tendência. E as
esquerdas não se mostram apenas longe de uma frente pré-eleitoral, mostram-se
distantes de qualquer tipo de frente. A manutenção desta diferença parece ser a
única esperança de a direita ganhar legitimidade democrática para governar em
Portugal.
Se cada uma das esquerdas se limitar a mostrar que a culpa da
dispersão é das outras, tudo tenderá a ir-se complicando cada vez mais. Mas
este bloqueio não é um mero jogo de xadrez político. Por enquanto, tudo indica
que há uma maioria social e eleitoral de esquerda. Mas a maioria social pode
deixar de ser uma maioria eleitoral, se os partidos da esquerda insistirem em
resistir a uma conjugação estável de esforços que conduza a entendimentos ou
alianças com ambição duradoura. Eleitoralmente podem pagar caro a persistência
na divisão, dando ainda um inestimável presente às direitas; abrindo-lhes
desastradamente as portas da governação.
Recordemos, aliás, as consequências da incapacidade de nos
anos 80, o PS, o PCP e o PRD se entenderem para governar. Estruturalmente, ela
gerou o “cavaquismo” e a prazo levou à
extinção do PRD. O PS e o PCP foram subalternizados durante uma década. Todos
deveriam ter aprendido.
É claro que, atendendo à nossa história pós 25 de Abril ,
não será simples nem fácil. Podem ser diversas as eventuais resistências de
cada um. Compreensíveis. Mas não há outro caminho que corresponda politicamente
à actual relação de forças na sociedade portuguesa e que limite os riscos
inerentes ao futuro incerto que temos pela frente.
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