O camaleonismo, doença
senil do PSD
Corajosamente, alguns
jovens e menos jovens turcos do PSD têm vindo repetidamente a ostentar o seu
orgulho por serem uma direita sem complexos. Uma direita, aliás, de que o PSD seria
o partido mais representativo em Portugal e que como tal se deveria afirmar com firmeza. Com essa ambição está em
consonância clara o facto de o PSD pertencer à maior família política da
direita europeia : o Partido Popular
Europeu. É certo que ainda muito jovem o PPD resolveu ficcionar-se de social-democrata. Na Europa não acreditaram. Foram
arroubos juvenis que não tiveram sequência.
No mesmo sentido, há poucos
dias foi-me dado ver num noticiário
televisivo o Dr. Rui Rio numa ação de rua interpelar uma cidadã espanhola, dando-lhe
conta da sua identificação com Pablo Casado, líder do Partido Popular em
Espanha, um partido da direita conservadora, bem longe de qualquer centro.Fraternidade ibérica...
Foi, por isso, com
espanto que ouvi hoje, no encerramento da sua campanha, o Dr. Rui Rio recusar firmemente
que o PSD fosse um partido de direita, para o afirmar bem ao centro, tão longe
da direita como da esquerda. Um espanto, uma novidade. Temos pois um partido
que tem dentro de si muitos e muitos cidadãos que se consideram e se dizem de
direita, que se encaram como sendo de direita, tem opções doutrinárias e ideológicas
de direita, tem um programa económico de direita, tem uma visão conservadora e neoliberal
do mundo e da política de direita, mas não é de direita. É de centro. É obra!
Ou será hipocrisia política pura e dura?
Talvez ciente da
dificuldade em fazer passar a ilusão pretendida, de ocultar a hipocrisia, o Dr.
Rio escolheu o emblemático Largo do Carmo para local desse comício e no final
da sua prédica aludiu vagamente ao Grândola Vila Morena. Suprema ousadia…
Moralidade: o líder do
maior partido da direita portuguesa sentiu-se tão pouco confortável dentro da
própria pele, que resolveu renegar a sua identidade própria, recusando formal e
expressamente considerar o PSD como fazendo parte da direita.
Compreende-se que
ele queira libertar-se da sombra do pafismo troikista, mas uma tão grosseira
hipocrisia, uma tão escandalosa fuga à própria identidade, é demais. E sendo
excessiva, corre o risco de se evidenciar como simples e prosaico camaleonismo
politico-ideológico de quem no fundo acha insalubre a sua própria identidade. Episódio
caricato neste tempo eleitoral que , no entanto, a meu ver, é um dos maiores ataques políticos feitos ao coração da
direita portuguesa nos últimos anos , perpetrado por um dos seus
mais destacados expoentes.
Em conclusão , é
prudente interrogarmo-nos sobre quem é afinal Rui Rio e por que razão o PSD precisa de se disfarçar
de centro se continua a ser igual ao que sempre foi?
Quem nos governaria se os
portugueses deixassem o Dr. Rio governar ?
A direita no seio da
qual sempre o conhecemos, ou o um centro virtual que ainda ninguém viu e que se
calhar só existe como artefacto de uma propaganda mistificatória? Grande aventura, grandes
riscos…
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