domingo, 17 de junho de 2012

AS MAÇÃS IMPOSSÍVEIS DA Sra. MERKL


O clamor cresce. Pedem-se coisas à Sr.ª Merkl, pedem-se coisas ao FMI, pedem-se coisas ao BCE.

A  loiraça teutónica rosna com animosidade crescente contra  a malandragem do Sul.

No sul os anafados acham que sim, que a loiraça tem razão. Estão rodeados por uma enorme malandragem, pobre é certo, mas malandragem. Não é aos seus ferraris que a sereia gorda alemã se refere. Os magros do sul, mês após mês inventando novos buracos nos cintos para os apertarem mais, olham-se ao espelho esquálidos e não compreendem que consumismo desembestado tenham praticado para merecerem os raios implacáveis da deusa germânica. Não percebem, mas desconfia-se que a própria deusa também não compreende o sentido último do que diz. Diz o que se recearia que dissesse e desse modo mostra-se prussiana  e nórdica, como se esperava.

Os alquimistas do fetichismo economicista alimentam diligentemente essa e outros deuses, cada vez mais convencidos que a realidade social tem algo de errado que contraria a eficácia das suas mezinhas. Mas uma coisa denodadamente não fazem : admitir, por um instante que seja, que o defeito está na qualidade do que receitam e não numa modesta realidade social que se limite a ser ela própria, sem estados de alma.

O clamor cresce. Pedem-se coisas à Sr.ª Merkl, pedem-se coisas ao FMI, pedem-se coisas ao BCE. É estranho. [E aqui peço licença para me repetir]: Se eu olhasse para essa plantação de inesperados cromos como se fossem um prosaico laranjal, esse clamor equivaleria a pedir-lhe que nos desse maçãs, que nos desse maçãs. Acham provável que as dê?

Confesso-me céptico: eu não acho!

E é por isso que, cada vez mais, me convenço que se queremos realmente maçãs será mais acertado plantar macieiras do que continuar pateticamente a instar os laranjais para que produzam maçãs.

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