quarta-feira, 30 de novembro de 2011

MAS QUANDO CAMINHAVA PARA O CEPO

Recordar as vozes de grandes poetas é um estímulo insubstituível para a nossa razão e um guia seguro para as nossas emoções. Ouçamos pois, uma vez mais, Bertolt Brecht, na versão portuguesa de Paulo Quintela.



MAS QUANDO CAMINHAVA PARA O CEPO

Mas quando caminhava para o cepo onde o iam matar
Caminhava para um cepo que fora feito pelos seus iguais
E também o machado que agora o esperava
Fora feito pelos seus iguais. Apenas eles tinham partido
Ou tinham sido expulsos, mas estavam sim ali
E presentes na obra das suas mãos. Nem mesmo a luz
Nos corredores por onde passava para a morte
Haveria sem eles. Nem a casa
Donde era levado, nem qualquer outra casa.
Porque é que
Tem ele de estar sozinho, ele que falou por tantos?
Por isto:
Os opressores juntam-se
Mas os oprimidos andam desunidos.

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