terça-feira, 11 de maio de 2010

Eleições num estado alemão

No domingo passado, no mais populoso estado alemão, a Renânia do Norte-Westefália ( com cerca de 18 milhões de habitantes), decorreram as eleições regionais que a Srª Merkl receava. Neste momento, não se sabe ainda, com completa certeza, que tipo de governo vai ser formado.

As perdas dos democrata-cristãos (CDU) foram severas, tendo excedido os 10% de votos e tendo atingido um quarto dos deputados de que antes dispunham. Mesmo assim, ficou com mais 0,1% de votos do que os sociais-democratas (SPD) e com o mesmo número de deputados. Na verdade, o SPD recuperou da hecatombe das últimas legislativas, mas ainda ficou 2,6% abaixo dos maus resultados que tinha tido neste Estado nas anteriores eleições regionais. Os liberais (FDP) aliados dos democrata-cristãos no governo do Estado (aliás, o mesmo acontece no Governo federal), subiram meio ponto percentual e conquistaram mais um deputado. Ficaram, pois, muito longe de compensar a derrota dos seus aliados. Em contrapartida, os Verdes (Die Grünen), subiram quase 4% dos votos [deve dizer-se que há uma discrepância entre as duas infogravuras usadas neste texto, já que uma atribui-lhes 10,1 % e a outra 12,1%] e quase duplicaram o número de deputados, passando de 12 para 23. O Partido das Esquerdas (Die Linke), com 5,6% de votos, entrou pela primeira vez neste parlamento estadual , tendo ficado com 11 deputados.

Uma coligação SPD/Verdes ficaria à beira da maioria absoluta, mas não a atingiria. Assim, só obteria maioria absoluta, ou uma grande coligação ou uma coligação com os três partidos de esquerda. Ou seja, o SPD continua assombrado pelo espectro de que tem procurado fugir desde 2005, quando no início de uma nova legislatura federal renunciou a uma coligação de esquerda a três ( SPD, Verdes, A Esquerda), por si liderada, para ser o partido secundário, numa grande coligação CDU/CSU- SPD liderada pela SrªMerkl. Na verdade, A Esquerda parece não ser um fenómeno conjuntural, pelo que ignorá-lo tende a envolver um risco crescente de se fazer com que a direita se perpetue no poder.

E deste modo a tentativa de manter A Esquerda como um actor político exterior a qualquer protagonismo institucional parece estar destinada ao fracasso. E o SPD continua a arrastar-se numa lenta recuperação que não tem sido suficiente para que se possa dizer que verdadeiramente de novo levantou voo. O preço pela deriva moderada de Gerhard Schröder contiunua a ser cobrado pelos eleitores.

Poderá o SPD recuperar a força perdida, mantendo uma quase docilidade complacente, perante a dogmática finaceirista dos neo-liberais ?

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