segunda-feira, 17 de abril de 2023

 

O Dia Claro

                 (17 de Abril de 1969)

               - fragmentos de memória poética

 

 1.

Acendeu-se este dia de manhã

na alameda da memória,

sem melancolia, sem saudade.

Apenas liberdade,

respiração sem tempo

e um cravo vermelho de audácia

na aventura.

 

Na cidade há um vago perfume

de guitarras em fogo.

O Mondego recorda-se das serras e do mar

e viaja por nós, colhendo-nos, dizendo-nos.

                          

 

2.

Colho a pureza inteira deste dia

nas lentas alamedas da memória.

Acende-se no tempo uma saudade,

firme, calorosa, doce, intensa.

 

Respira-se nas ruas, fogo lento,

uma difusa luz de encantamento

e os dedos inquietos dos estudantes

tecem as lendas do deslumbramento.

 

Estavam diante de nós os muros altos

das desoladas sombras da tristeza,

o cerco sujo da soturnidade,

o violento  punhal  da desgraça.

 

Mas a manhã abriu-nos libertando

 os sonhos  que acordaram loucamente

sedentos de alegria e liberdade.

 

Rui  Namorado

       (17.04.2023)

 

 

                                                

 

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