O
insustentável ranking dos campus
Uma scuola d´economics
próxima do Tejo, muito bem situada nos rankings da excelência científica
neoliberalmente certificada, foi notícia por se ter sabido que admoestou
discretamente uma das suas professoras por ela ter mostrado publicamente algum desalinhamento,em
face da ciência autorizada pelos mecenas da referida scuola.
Enquanto a vida vai correndo junto ao Tejo com a
mansidão possível, os povos vão sendo anestesiados por uma certa ciência económica
rigorosamente exata que lhes explica a verdade férrea que lhes demonstra por que
razão é bom para os pobres continuarem pobres, os explorados continuarem explorados
e os excluídos continuarem excluídos. Ao mesmo tempo que os informa com apurada
objetividade do impessoal resultado científico (afinal quase um sacrifício)
para o capital financeiro continuar a inchar, emagrecendo povos e anulando
países. A inchar e indiretamente a poluir. Muito.
Entretanto, alguns graves numerólogos muito
inteligentes, diplomados pelas mais excelsas escolas de negócios (de negócios, como
eles altaneiramente nos concedem ) mostram, como se ensinassem uma sofisticada e
impessoal tabuada às multidões em sobressalto, que os problemas do mundo se
resolvem, em última instância, com a eternização da miséria de quase todos, em
nome de um bem-estar de excelência dos poucos mortais de que o capital precisa
para sugar os humanos.
As scuolas d´ecomics
que ao redor do mundo pesquisam e blindam esta verdade, tão conveniente para
poucos e tão tóxica para muitos, podem confiar em generosos financiamentos para
campus, para projetos de rigorosa ciência que confirme as verdades autorizadas,
para rankings de pomposas excelências, para prémios de banqueiros com alcunha
de nóbeis, para lugares não executivos em cúpulas rentáveis.
Até compreendo a preocupação dos grandes consórcios
que sugam a humanidade. Não é fácil convencer os povos sugados que as sangrias
só lhes fazem bem. Até porque a realidade desobedientemente teima em deixá-los
mais e mais anémicos. Também por isso, é um recurso estrutural para os grandes
agentes do grande capital terem o maior número de scuolas d´économics devidamente domesticadas, a cientificarem-lhes as lendas, em operações de alta matemática e de
baixo teor ético.
Temos que compreender? Mas vamos aplaudir ou apupar?
Deixamos que as burocráticas sereias dos alegados negócios nos conduzam à
guilhotina simbólica da aceitação conformista? Ou damos um pontapé na mesa e
dizemos (salvo o devido respeito) vão enganar as vossas avozinhas?!!!
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