sexta-feira, 29 de março de 2013

POEMA DA VERDADE












A verdade não é este silêncio,
amargo, plano, sufocado.
A verdade não é este deserto,
sem gestos , sem luz e sem ideias.

A verdade não fica neste exílio,
neste castelo antigo, abandonado.
A verdade não vive na tristeza
destas palavras soltas sem sentido.

Verdade é este vento que regressa,
enorme, desmedido, sem pecado.
Verdade é teres um sonho em tuas mãos,
à espera que o decidas  semear.

A verdade semeia-se  e renasce
como gesto de amor incendiado,
abrindo-se às palavras que hão-vir,
num íntimo pudor de ter ideias.

Só é verdade o sonho que não para,
no medo, na amargura, nas fronteiras.
Só é verdade cada primavera
conquistada, vivida, palmo a palmo.

A verdade não é este silêncio,
destas palavras podres repetidas,
destas palavras ditas sem sabor,
sem lábios, sem vigor  e sem saudade.

A verdade não para, não se rende,
não fica neste exílio degredada.
Mistura-se na vida, vai em frente,
nascida de novo, em cada dia.
[ Rui  Namorado]

2 comentários:

Carlos Esperança disse...

Um belo poema. Parabéns.

JGama disse...

Belo e profundo. Parabéns!