domingo, 24 de maio de 2009

A Universidade em obras


Por uma infeliz conjunção de circunstâncias,
- talvez encandeado por um excesso de confiança no seu próprio brilhantismo,
- ou demasiado absorvido pela sombra simplificadora do seu Técnico,
- ou demasiado marcado pelo imperativo dos cortes orçamentais,
- talvez demasiado apressado na deglutição acrítica das alegadas iguarias bolonhesas,
- ou, quem sabe, apenas entediado, pela infeliz circunstância de o terem feito emigrar para o inóspito ónus da tutela das Universidades,
o ministro M. Gago fez regredir a participação dos estudantes na vida das Universidades até limites tão modestos, que teriam sido admissíveis para um marcelismo que tivesse sobrevivido, mas em que ninguém teria sequer pensado durante os anos em que Abril ainda projectou sobre nós toda a sua força.

Por isso, quando ontem nas Escadas Monumentais apreciei, com nostalgia e esperança, uma reconstituição simbólica de episódios da crise universitária de Coimbra de 1969, deparei com as imagens que vos mostro. Eis uma reivindicação de há quarenta anos, que o Ministro M. Gago conseguiu tornar actual.

5 comentários:

b m disse...

Só posso assinar por baixo. E com gosto.

Anónimo disse...

E fomos nós que andámos brandindo a bandeira, para estes senhores desfazerem o que tanto custou a conquistar.

aminhapele disse...

É como dizes.
A Universidade está gaga...

Rui Namorado disse...

A realidade global das Universidades, e da Universidade de Coimbra em particular, é tão complexa que qualquer visão apressada, em vez de permitir encontrar caminhos de rasgo, pode conduzir a viagens circulares.

É estulto menosprezar os problemas que a Universidade tinha, antes do processo de Bolonha,e que este, em muitos aspectos, afinal veio agravar.

Mas isso não significa que a Universidade esteja parada e que não atinja patamares de excelência em algumas das sua valências, ou em alguns dos seus centros de investigação, ou pelo protagonismo individual de alguns dos seus membros.

Talvez, no fundo, o essencial seja que compreendamos que o problema das universidades portuguesas, por um lado, não é só das universidades, por outro lado, não é só português.

ph disse...

Um belo post de um senhor com a vi~sao que lhe foi oferecida por ter vivido a crise relatada com os seus porprios olhos.
Ainda por cima residindo naquela nobre e secular instituição...
Continuação.