A Sr.ª Ministra não gosta de gravatas, tendo por isso ordenado o seu não uso entre os seus subordinados. Nalguns templos de certas religiões, os fiéis descalçam-se para poderem entrar. A partir de agora, será decerto uma imagem corrente ver os visitantes desembaraçarem-se das gravatas, despirem os casacos, para entrarem em mangas de camisa para a reunião com a Sr.ª Ministra.
Talvez a Sr.ª Ministra tenha escondido uma antipatia "freudiana" ancestral pela gravata, por detrás da piedosa intenção de poupar no ar condicionado. Mas deixemos as especulações e fixemo-nos nas realidades.
Como primeiro efeito colateral perverso, registe-se desde já, a perda do monopólio no que concerne à des-sofisticação programada, por parte de uma certa esquerda radicalmente elegante e sub-repticiamente snob. Como segundo efeito, este muito mais fracturante, perfila-se a adopção de um novo princípio: quando o calor apertar, não ligue o ar condicionado, dispa-se.
De facto, se dermos o devido valor ao que objectivamente está em causa, seria de uma grande ingenuidade pensar-se que uma importante ministra da corte do Dr. Paulo Portas se ergueria como adamastora perante o império das gravatas, para logo soçobrar tibiamente perante o reino dos casacos, dos vestidos, das saias, das blusas ou mesmo perante a república popular dos quentes soutiens. Não seria lógico. Não estaria à altura da cultura simbólica deste governo e muito menos da sua inequívoca densidade épica.
Por isso, se houvesse entre nós verdadeiros oráculos, à altura dos que pontificaram na Grécia do primeiro Sócrates, certamente nos teriam já mostrado o auspicioso futuro dos ministérios tutelados pela nossa encalorada ministra. Certamente, que teriam já feito desfilar, perante os olhos atónitos da nossa imaginação, esse episódio supremo que irá seguramente coroar a longa saga da ministra contra o ar condicionado.
O episódio protagonizado por um aliciante grupo de homens e mulheres, de todas as idades, uns expondo um perfil ossificado e seco, outros deixando explodir à luz do dia o luzidio aspecto de uma carnação generosa, poucos devidamente esculpidos em músculos e curvas, pela esforçada ginástica de todas as manhãs. Um episódio histórico, em que uma jovem senhora, algo distinta, embora ligeiramente rechonchuda, com altivez puxou a bandeira nacional que cobria uma placa comemorativa, onde agora se podia ler: “Ministério do Ambiente – zona de nudismo”; e, mais abaixo, em letras mais pequenas: “território livre de tudo o que faça calor”; e, por último, em baixo em letras ainda menores: “campanha nacional contra o ar condicionado”.
Consta, como cereja no bolo, que o próprio Álvaro da Economia está criteriosamente a estudar a melhor maneira de rentabilizar a inovação como atracção turística, dispondo-se , talvez, a colocar no roteiro turístico, a seguir aos Jerónimos e ao Museu dos Coches, a visita ao referido ministério que passaria a ser designado, a título de promoção, como Ministério do Ambiente e do Nudismo.
3 comentários:
Nunca pensei ter uma concordância tão grande com tal medida.
Uma ideia básica:despir contra o déficit!
Até propunha que,tal medida,fosse alargada a todos os serviços públicos.
Fora com o ar condicionado.
Vamos tirar a roupa.
Já se pode privatizar a EDP.a REN,etc.
Todos nus,comtra a crise!
Mesmo a proverbial folha de videira poderia suscitar insuportáveis desperdícios energéticos!
Isso, brinquem e depois vão ver como lhes mordem..!
Andamos anos a fio discutindo o sexo dos anjos e depois é o que nos acontece - Um espião ou pseudo espião como primeiro ministro...
A dita Esquerda enquanto está no poder em vez de prevenir e ajudar o esforço de quem trabalha, não, prefere complementar com bónos bem chorudos os exploradores desse mesmo trabalho.
Assim meus amigos socialistas, não vamos lá... de o "Catraio"
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