Viajar através da versão portuguesa de Paulo Quintela dos Poemas de Bertolt Brecht, abre sempre a porta a novas surpresas e a novas lições. Ajuda-nos muitas vezes a pensar, a proscrever uma eventual letargia, a compreender o que parece estranho. Ontem, quando um zumbido insalubre de numerologia financeira e predatória pairava no espaço mediático português, empreendi uma dessas viagens. Não posso deixar de partilhar com todos vós um poema então encontrado.
OS ESPERANÇADOS
Porque é que esperais?
Que os surdos vos ouçam
E que os nunca-fartos
Vos dêem alguma coisa!
Que os lobos vos alimentem em vez de vos devorarem!
Que por gentileza
Os tigres vos convidarão
Pra lhes arrancardes os dentes!
É por isso que esperais!
[Bertolt Brecht]
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