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terça-feira, 27 de novembro de 2018

No PORTO - suplício e paixão.


No PORTO, apresentação de um livro no dia 4 de dezembro (3ª feira) às 18 horas.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

TRAGÉDIA APENAS GREGA ?

1. O parlamento grego aprovou o plano acordado com a respectiva "troika", parecendo aberta a porta para alguma descompressão no garrote economico-financeiro mais imediato, que tem vindo a estrangular esse país, recorde-se, membro da União Europeia. Em contrapartida, as violentas manifestações de rua , que assinalaram essa aprovação redimensionam objectivamente o significado da aprovação conseguida. Hoje, a agitação violenta parece ser um efeito colateral da mediocridade política dos líderes europeus e da sua acéfala subordinação às pulsões sôfregas do capital financeiro. Mas ela talvez esteja perto do limiar, a partir do qual a todo poderosa tirania dos mercados será apenas um detalhe esquecido na brutal chegada de um novo tipo de revolta popular, que meterá debaixo das mesas os políticos engomados, que agora ocupam a ribalta da cena política. Assim, o que se tem passado na Grécia, o que as instituições da União Europeia têm permitido que os pequenos impérios intra-europeus lhe façam, relativiza bastante o que vierem a ser os resultados eleitorais das próximas eleições legislativas gregas, que vão decorrer em Abril. Mas, seja como for, esses resultados vão ter uma repercussão tanto maior, no desenrolar dos acontecimentos na Grécia e na Europa, quanto mais atípicos forem, quanto menos saídas institucionais permitirem, no quadro dos caminhos habitualmente percorridos.

2. Vale por isso a pena comparar os resultados das eleições legislativas gregas, em Novembro de 2010, com os resultados de duas sondagens feitas na Grécia durante o corrente mês de fevereiro de 2012.

Na primeira linha, estão em itálico os resultados eleitorais de 2010; nas duas seguintes, em castanho, os números de duas recentes sondagens. A vermelho, estão indicados os nomes dos partidos de esquerda; a azul, os de direita. Os Verdes não elegeram deputados; penso que a actual Esquerda Democrática, antes integrada na Esquerda Radical, não concorreu sozinha, mas ficou com quatro deputados retirados ao conjunto desta última. Se as sondagens anteciparem realmente no essencial os resultados das próximas eleições, teremos pela frente uma metamorfose do xadrez político grego.

Ambas as sondagens anunciam para o PASOK uma verdadeira hecatombe política. Mas, na que lhe é mais desfavorável perde 35, 9%, descendo de 43,9 % para 8 %; a que lhe é mais favorável não deixa de ser desastrosa, colocando-o a descer 30,4%. Porém, na primeira sondagem, o PASOK passa a ser o 4 º partido da esquerda em peso eleitoral, quando nas últimas eleições teve sozinho mais do dobro dos votos que o resto da esquerda no seu todo.

Mas, se a sondagem mais desfavorável ao PASOK for a mais certeira, os seus votos mais os do partido de direita Nova Democracia, que seria o mais votado de todos, somando 39% (31+8), ficariam atrás dos três outros partidos de esquerda que atingiriam os 42,5% ( 12,5+12+18 ). Só o apoio da extrema-direita com 5%, colocaria este último conjunto em minoria, mas apenas no caso dos Verdes continuarem a não eleger deputados, já que, somados aos outros três partidos de esquerda, chegariam aos 46 %.

Se pensarmos que a extrema-direita abadonou o actual governo e que houve várias expulsões no PASOK e na ND, podemos avaliar a fragilidade de uma maioria que queira reproduzir o leque partidário que apoia hoje o governo. Mas, obtendo resultados próximos dos indicados por qualquer das sondagens, tem o PASOK o mínimo de condições objectivas para se aliar, qualquer que seja a justificação, à direita? É muito duvidoso.

3. De facto, se compararmos as penalizações eleitorais, a crer nas duas sondagens, que sofrem a direita e a extrema-direita, verificamos que são ligeiras. A ND perde um mínimo de 2,4 % e um máximo de 6,4%; enquanto a extrema direita perde um mínimo de 0,5% e um máximo de 0,6%. A sua base social parece largamente intocada, continuando no essencial a reconher-se neles.

Já o PASOK vê a sua base eleitoral completamente destruída, o que faz pensar que estamos perante um fenómeno socialmente mais fundo do que a simples variação, ainda que dramática, das intenções de voto. Podemos estar a assistir ao desfazer de um bloco social , donde resultará a irrelevância de um partido, até agora determinante na cena política grega. A direita, movendo-se num território que é afinal seu, dá assim sinais de se aguentar muito melhor do que uma esquerda que executou primeiro, partilhando depois, políticas distantes do seu código genético que muitas vezes chegaram a contrariar a sua própria razão de ser.

Poderá o PASOK levar ainda mais longe a sua marcha para um completo suicídio político? Talvez; mas não é provável, correndo aliás o risco de cair numa anemia política de tal ordem, que pode tornar a sua posição irrelevante, seja ela qual for, no plano da simples relação de forças.

4. O PSE (Partido Socialista Europeu) há muito que devia ter apostado na sua própria metamorfose; mas, nestas circunstâncias, não pode, sem potenciar muito os riscos de desmoronamento, continuar a mastigar trivialidades, preso ao efémero dos detalhes, mas inerte perante as dinâmicas de profundidade, que realmente contam. O mesmo acontece, embora em graus diversos, a cada um dos partidos socialistas da União Europeia. Nenhum deles, no entanto, pode justificar a sua própria paralisia estratégica com a inércia do PSE; fazê-lo só agravará o problema. Também no caso português, ou talvez especialmente no caso português, não se pode continuar a cultivar rotineiramente uma irrelevância após outra, como se o essencial fosse cumprir calendário e não inventar com ousadia um futuro outro, onde realmente caiba a sobrevivência da democracia como único caminho contra a desigualdade, pela justiça e pela sobrevivência durável da humanidade.

domingo, 27 de novembro de 2011

NA EUROPA: melancolia socialista.

Hoje, vou dar-vos a conhecer um pequeno texto noticioso, publicado no diário espanhol El País, escrito em Bruxelas, pelo jornalista , Ricardo Martínez de Rituerto, intitulado “Papandreu culpa a los conservadores de "hacer fracasar a Europa" ”, cujo subtítulo é “Los socialistas europeos buscan respuestas a la crisis que los arrolla”.
Pelo texto, se pode confirmar a gravidade do esvaziamento político que atingiu o Partido Socialista Europeu. Em contrapartida, não se consegue vislumbrar o mínimo sinal de esperança nos horizontes por ele sugeridos. Tenhamos esperança, apesar de tudo, de que se trate apenas de uma falha de informação e fiquemos a aguardr melhores notícias.


Mas se isso não acontecer , talvez não nos reste outra saída do que a de nos rebelarmos contra a inércia cinzenta das burocracias que sufocam o socialismo europeu, condenando-o a uma quase irrelevância. Uma irrelevância que as dificuldades presentes tornam insuportável.


Vejamos o texto:

"Los socialistas europeos celebran este viernes y sábado en Bruselas el congreso de su partido en la atmósfera de depresión y desorientación propia de quienes se han convertido en los administradores de políticas que sus electores consideran serviles a las ideas liberales y a los mercados. “Necesitamos otro espacio político”, dice el danés Poul Nyrup Rasmussen en el discurso de despedida como presidente del Partido de los Socialistas Europeos (PSE), un mandato que comenzó con otras expectativas en 2004. En su parlamento, Rasmusen ha dado calor político al ex primer ministro griego Yorgos Papandreu, quien, a su vez, ha arremetido contra “la Europa conservadora que ha hecho muy poco y muy tarde” por evitar la crisis que tiene a la UE contra las cuerdas.
Papandreu ha sido el penúltimo socialista al que la crisis le ha costado el cargo, justo por delante de los socialistas españoles barridos en las urnas el pasado domingo. A ambos les precedió el portugués José Socrates. Ante este panorama, Rasmussen ha animado a sus correligionarios con el hecho de la llegada de socialistas a los Gobiernos de Irlanda, Finlandia y Dinamarca, en todos lo casos en coalición y sólo en Copenhague al frente del Ejecutivo. Socialistas quedan también en las coaliciones gubernamentales de Eslovaquia (con próximas elecciones que pintan mal para ellos), Austria y Bélgica (en funciones).
Para animar al auditorio ha dicho Ramussen que quizá haya de nuevo socialistas al frente de Bélgica (si es que Elio di Rupo, que hace unos días tiró la toalla de formador de Gobierno, acepta el encargo regio de seguir intentándolo), Alemania (donde hay elecciones el próximo otoño), Francia (con François Hollande deseoso de desplazar a Nicolas Sarkozy en mayo de 2012) e Italia, en fecha imprevisible.
En buena ley, más deseos que realidades. “El enfado contra la austeridad está ahí fuera”, ha dicho Rasmussen a un auditorio que lo sabe de sobra porque lo está pagando caro. Con ánimo batallador ha pedido que estos dos días de debate y reflexión sean los de renovación y reactivación del socialismo europeo.
Papandreu ha reconocido las cosas como son: Europa “hoy está dominada por los conservadores”, antes de arrojar sobre ellos toda la responsabilidad de lo que ocurre: “Son los que han hecho fracasar Europa y han fallado al pueblo”. En el caso griego, subraya, fueron los conservadores de Nueva Democracia quienes minaron el territorio. Él, ha dicho, sólo heredó los problemas y adoptó medidas impopulares “para poner la casa en orden”, siguiendo los dictados de la Comisión Europea, el Banco Central Europeo y el Fondo Monetario Internacional.
Las referencias le han servido para explicar su órdago fallido del referéndum sobre el plan de rescate griego: se trataba de “redistribuir el poder, dar el poder a la gente, voz a su voluntad e ir más allá de los intereses conservadores”. En el aire ha quedado por qué no llegó hasta el final en su deseo de dejar al pueblo que “decidiera su futuro” mientras ha vuelto a hacerse eco de palabras que de repetidas suenan a hueco a electores de izquierda frustrados: estrategia responsable de crecimiento, Europa competitiva, necesidad de invertir en la juventud y el empleo...
Rasmussen cede la presidencia del PSE al exprimer ministro búlgaro Serguei Stanishev, que en 2009 perdió en su país las elecciones generales y europeas."

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A VERDADEIRA LIÇÃO DINAMARQUESA


As eleições legislativas realizadas na Dinamarca, no passado dia 15 de Setembro , foram notícia pela vitória da esquerda. Uma ligeira brisa agitou a imprensa europeia. Entre nós o PS, algo contidamente, mostrou-se satisfeito. Um ou outro comentador deixou escapar a hipótese de uma nova vaga de vitórias eleitorais da esquerda, que talvez tivesse tido aqui o seu início.

É importante ter-se uma informação crível e rigorosa sobre o panorama político europeu, sem menosprezo pelo que se passa no resto do mundo. Uma informação radicada num pensamento crítico que a consiga organizar, afastando-a, tanto quanto possível, da superficialidade e do imediatismo.

Olhemos pois para o conjunto dos resultados eleitorais, considerando os deputados eleitos por cada partido de cada uma das duas coligações .Pelos quadros acima publicados, pode verificar-se que o parlamento da Dinamarca tem 179 deputados, dos quais 4 representam as regiões autónomas (dois as Ilhas Faroe e dois a Gronelândia). Na Dinamarca propriamente dita, os partidos concorreram a estas eleições agrupados em dois blocos políticos: o Bloco Vermelho (esquerda) composto pelo Partido Social-Democrata, pelo Partido Popular Socialista, pela Esquerda Radical e pela Aliança Verde-Vermelha; o Bloco Azul (direita), composto pelo Partido Liberal, pelo Partido Popular Dinamarquês, pela Aliança Liberal e pelo Partido Popular Conservador. O Bloco Vermelho conquistou 89 deputados e o Bloco Azul, 86. Nas duas regiões autónomas, os partidos locais têm lógicas próprias, mas os respectivos quatro mandatos tendem a repartir-se entre os dois lados, em partes iguais.

Helle Thorning-Schmidt, actual líder dos sociais-democratas, o maior partido da coligação vencedora, ainda que não sendo o partido em absoluto mais votado, será a primeira mulher a encabeçar um governo dinamarquês. Mas este triunfo político da componente dinamarquesa do Partido Socialista Europeu deve ser analisado com prudência.

Comece-se por assinalar que um partido, que hegemonizara a política dinamarquesa durante uma boa parte do século XX, esteve dez anos seguidos na oposição. Dez anos, precedidos pela alegada "invenção" da célebre flexisegurança, que, aliás, há alguns anos fez uma aparição efémera na cena política portuguesa. Dez anos, foi o tempo de afastamento do poder que rendeu tão imaginosa receita, apesar do contexto dinamarquês lhe ser particularmente favorável. Imaginosa receita, aliás alardeada com estrondo no Congresso do PS, em Santarém, em 2006, pelo seu próprio promotor, Poul Nyrup Rasmussen, que tem continuado a liderar o Partido Socialista Europeu com o protagonismo e a relevância que se conhecem.

Mas, se nos limitarmos a mencionar a vitória da esquerda nas eleições legislativas dinamarquesas, deixamos na sombra alguns dos seus aspectos que não devem ser esquecidos. Na verdade, enquanto partido isoladamente considerado, os sociais-democratas tiveram o seu pior resultado dos últimos cem anos; os seus deputados são agora menos de metade do que os deputados de toda a coligação de esquerda; em nada beneficiaram com o facto de os socialistas de esquerda terem perdido sete deputados; a direita sofreu um desgaste agravado por ter tido que governar com o apoio de um partido de extrema-direita o Partido Popular Dinamarquês.

Ou seja, mesmo tendo a sua líder como primeira-ministra, o partido dinamarquês da IIª Internacional e do PSE, estagnou, em termos de apoio eleitoral, apesar de dez anos de oposição. Dos resultados das eleições dimanarquesas não pode fazer-se, por isso, uma análise simplesmente beata da vitória obtida, que deixe na sombra todos os seus perturbantes recortes. Perturbantes recortes que parecem não desmentir a ideia de que, também na Dinamarca, os vários membros do PSE necessitam de assumir um novo impulso, de passarem por uma metamorfose refundadora que os coloque à altura do desafio histórico que os interpela.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

UM SILÊNCIO SEPULCRAL

Os eleitores gregos deram ao PASOK o encargo de tirar a Grécia do buraco onde a tinha deixado cair a direita. O buraco era afinal um abismo. A lógica dominante no actual sistema económico acicatou as matilhas especulativas, transformando a vida política grega numa agonia. O governo socialista faz o que pode, dentro das condições draconianas que lhe impõem e sob o receituário económico, desorientado e insalubre, que o obrigam a cumprir. Outros têm sido atraídos para a mesma voragem, entre os quais nós, os portugueses. Os poderes de facto e a direita europeia parecem mais animados por uma inexplicável sanha vingadora do que por uma solidariedade inteligente. Os povos agitam-se , resmungam, protestam. Cresce a incerteza quanto ao futuro.



Entretanto, perante o assédio violento aos socialistas gregos, condenados a pagar uma factura alheia, um silêncio sepulcral tolhe o PSE ( Partido Socialista Europeu), uma reacção mole e desgarrada é o nível de solidariedade máximo onde parecem poder chegar os partidos europeus que integram o PSE. E isto significa que se o povo grego parece estar a ser condenado a um pesadelo económico-social que pode contagiar toda a Europa, o PSE, e com ele os socialistas europeus, parece estar a mergulhar lentamente num abismo político.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Debate sim, canto coral não


Receia-se um festival de previsibilidades num colóquio que o PS, por via da sua fundação, vai promover proximamente em Lisboa.


Expoentes da ala direita do Partido, figuras do governo, especialistas da escola universitária de Lisboa que o PS transformou numa espécie de oráculo único da sua política económica e social, bem como, pelo menos, um delegado visível de um fantasma socialista europeu que se julgava já não existir, ameaçam com uma conferência. Tempero: um ou outro nome internacionalmente sonante.

A encenação pode ser vistosa, mas a pluralidade no debate interno não pode esgotar-se no círculo de notáveis que dizem as mesmas coisas em tons diferentes, com exclusão das vozes socialistas que realmente não são integráveis no coro de conformismo actualmente dominante.

Mas a verdadeira pluralidade não existe. De facto, o PS, ora resmungando, ora sorrindo, mas sempre num passo triste e conformado, vai fechando os seus próprios horizontes.

Arrepiemos caminho. Abra-se um debate verdadeiro, para ir mesmo ao fundo das coisas, onde caibam vozes que não sejam apenas versões orquestrais diferentes das melodias de sempre. Não persistam nessa mastigação, no essencial justificativa, da ideologia dominante, entrecortada por assomos dispersos, inconsequentes e cada vez mais raros de uma identidade perdida.

Olhem para os desastres políticos, por intermédio dos quais, a terceira via e seus próximos quase arrasaram o socialismo europeu. Tenham a humildade de reconhecer que a insistência, dos que têm hegemonizado a IS e o PSE, numa via que tem vindo a destruir, país após país, a força dos socialistas europeus, não pode continuar, sob pena de nos deixarmos envolver numa espiral de decadência, paralela à que reduziu os comunistas europeus a uma força residual e simbólica.

Passemos pois além de cerimónias que, querendo-se assemelhar a verdadeiros debates, arriscam-se a não ser mais do que encenações de propaganda, durante as quais se procura enfeitar as previsibilidades mansas, com duas ou três figuras de prestígio internacional, que assim acabam por não serem mais do que um pouco de pimenta num cozinhado insosso.