sábado, 23 de julho de 2011

ERRAR

Das três esquerdas, uma é infalível. Nunca erra. Por isso, não precisa de explicar nem reconhecer o que para ela não existe: o seu próprio erro.

Das outras duas se poderia esperar que, tendo em conta a natureza de cada uma delas, fossem ágeis no conhecimento dos erros que cometem. Mas não são. Os respectivos mestres tendem para a excelência, quando se trata de explicar os erros cometidos, mas parecem tolhidos, quando se trata de reconhecerem tê-los cometido. E, dentro do pequeno leque dos erros reconhecidos, quase todos são admitidos apenas como erros de explicação ou de comunicação. E, quando raramente os admitem, é mais fácil aceitarem ter cometido erros tácticos do que erros estratégicos.

Ora, como o essencial dos actuais bloqueios que afligem as esquerdas são estratégicos, compreende-se que tudo se passa como se, no fundamental, as esquerdas se recusassem a pensar-se. O imediato tende a absorvê-las, separando-as do futuro; o exacerbamento do pormenor tende a potenciar a crispação entre elas, impedindo sinergias. Cada uma procura mover-se na perfeição no respectivo dia a dia.

Mas será que a preocupação quanto ao modo como andamos nos pode dispensar de ligar ao acerto no caminho ?

1 comentário:

aminhapele disse...

Agora,que chegou o Verão,já posso comentar,à minha maneira.
Não compreendo essa das 3 esquerdas,tal como ainda não entendi aquelas da 3ª ou 4ª República.
Nessa auto-estrada da esquerda,se bem entendi,há uma deriva para a esquerda e outra deriva para a direita.
Mas,neste entendimento,o que continuou em frente(supostamente a direcção correcta) bateu com a cabeça numa gaveta e apagou-se.
Parece uma auto-estrada de cartão,com derivas ou sem derivas,com rotundas ou sem rotundas.
A meu ver,a esquerda não passa nessa estrada.