domingo, 13 de janeiro de 2013

OS MENSAGEIROS NEGROS DO FMI


Um dos expoentes históricos do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje, no seu programa de domingo na TVI, que o documento do FMI, recentemente divulgado, não era técnico, mas político. Disse assim claramente que estávamos perante um tomada de posição política. Reconheceu uma verdade evidente, mas reconheceu. Uma verdade que, pelo fato de ser evidente, não deixa de ser perturbadora.

Realmente, vimos assim  ser publicamente reconhecido, por alguém insuspeito de esquerdismo, que um organismo internacional, ao qual  aliás pertencem países com governos de cores políticas diversas, permite que um corpo de funcionários seus (nessa qualidade), sem qualquer legitimidade para isso, se intrometa na vida política interna de um país. Intromissão praticada através de uma tomada de posição que reflecte e exprime  uma opção política concreta e específica, completamente carecida de qualquer homologação ou validação democrática, ou de qualquer aceitação universal.

Para além do escândalo, no plano da ética política, que isso representa, esse pequeno gang de engravatados, envolveu o seu documento de propaganda com a falsa imagem de que ele era o resultado de uma imparcialidade técnica que, por sua vez, reflectia uma  ciência pura. Isto, para não falar da duvidosa deontologia desse pequeno gang se ter aproveitado da situação concreta de assistência financeira em que o país se encontra e do modo como a casa mãe desses políticos de facto se situa nessa circunstância, para dar mais  força a esse embuste.

Tudo isto é moralmente repugnante, no plano do respeito pelos valores democráticos e no plano da soberania do povo português, nada tendo a ver com cedências de soberania livremente consentidos pelo Estado português, em nome da sua inserção em sujeitos políticos supranacionais, seja qual for a opinião que se tenha sobre essas cedências e o seu conteúdo. Mas, neste caso, o desrespeito desta intromissão  pela nossa soberania política é gratuito,  total e grosseiro.

No entanto, o cúmulo da degradação política está no facto de, ainda por cima, ter sido um governo de um estado democrático que incitou o pequeno gang de funcionários internacionais a perpetrarem este desmando. Funcionários aliás  confortados pela certeza de que, por pior que seja o resultado da aplicação do seus conselhos, nenhum eleitorado os julgará por isso e nenhum poder judicial os condenará. Um governo que abriu a porta a esta intromissão na mira de que ela lhe servisse para os seus próprios desígnios. É a política abaixo de zero!

Na verdade, pode ser  legítimo  que um governo, no respeito pela respectiva  Constituição e pela legalidade democrática, faça propostas e tome medidas políticas que não agradem a todos, sujeitando-se a posterior avaliação dos eleitores. Mas não é legítimo o comportamento assumido. Tal como é pura mistificação intelectual, desprovida de qualquer ética, procurar disfarçar de conclusões científicas as escolhas políticas e ideológicas. É, todavia, ainda mais  repugnante procurar blindar esta mistificação, abrindo a porta aos mastins tecnocráticos do neoliberalismo, para, com a ajuda das suas gastas receitas, dar força a essas medidas, com as quais se vai massacrar socialmente  o povo português.

E que este governo se envolva em mais uma triste embrulhada, quase se pode dizer que  é trivial. Mas que no seio das oposições haja quem pense que se pode ser manso perante tais comportamentos do governo da direita e conquistar a confiança do povo português, é cada vez mais uma inocência  que pode muito bem confundir-se com tacanhez política.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Pós-Graduação em ECONOMIA SOCIAL


Economia Social 

- Cooperativismo, Mutualismo e Solidariedade

Candidaturas  abertas  até 31 janeiro 2013

As candidaturas são feitas online. Veja AQUI mais informações.

Contactos para informações Escola de Estudos Avançados - FEUC
Telefone: +351 239 790 501/510
e-mail: eea@fe.uc.pt


Apresentação

O curso de Pós-Graduação em “Economia Social – cooperativismo, mutualismo e solidariedade” é promovido, no quadro da Faculdade de Economia da  Universidade de Coimbra, pelo respetivo Centro de Estudos Cooperativos e da Economia Social (CECES/FEUC), o qual desde 1981 se ocupa do cooperativismo e que, desde os meados dos anos 90, estendeu o âmbito da sua actividade à economia social no seu todo.

Neste Centro trabalha uma equipa multidisciplinar de professores e investigadores, oriundos de áreas diversas, tais como, a Economia, a Gestão, o Direito e a Sociologia. Nos últimos anos, o CECES/FEUC, que há muito mantém uma ligação efetiva com diversas áreas da economia social, organizou vários Cursos Livres e promoveu Colóquios sobre a temática desta Pós-Graduação.

Estrutura Curricular

A duração total da Pós-Graduação excede as 80 horas, distribuídas ao longo de um trimestre e correspondendo a 20 ECTS. O curso compreende oito módulos temáticos, para além de seis conferências sobre temas de economia social, proferidas por especialistas, nacionais e estrangeiros e de um conjunto de testemunhos de experiências vividas, prestados por alguns protagonistas de organizações da economia social. São os seguintes os referidos módulos temáticos, pelos quais são responsáveis os professores da FEUC e membros do CECES abaixo indicados:
  • Introdução à economia social – cooperativismo, mutualismo e solidariedade social, Prof. Doutor Rui Namorado [8 h]
  • Empreendedorismo social, políticas e mudança social, Profª. Doutora Sílvia Ferreira [8h]
  • Fundamentos da gestão das organizações da economia social, Profª. Doutora Teresa Carla Oliveira [8 h]
  • Empresas e sociedade: da ética à responsabilidade social, Prof. Doutor Filipe Almeida [8 h]
  • Políticas de emprego, relações laborais e Economia Social, Profª. Doutora Margarida Antunes e Profª. Doutora Maria Elisabete Ramos [8 h]
  • Direito cooperativo e da economia social, Prof. Doutor Rui Namorado [8 h]
  • Gestão da qualidade nas organizações da economia social, Prof.ª Doutora Patrícia Moura e Sá [8h]
  • O desenvolvimento local como estratégia, Dr. Bernardo Campos [8 h]

    Período letivo

    As aulas decorrerão às sextas-feiras de tarde e aos sábados de manhã, durante os meses de Março, Abril, Maio e Junho de 2013. Se for necessário proceder a modificações pontuais do calendário lectivo, nenhuma delas poderá implicar o prolongamento da parte de contacto presencial do curso, para além do dia 22 de Junho de 2013.

    Habilitações de acesso

    O Curso destina-se, fundamentalmente, a titulares de uma licenciatura, mas será possível a admissão de candidatos que, não preenchendo esse requisito, tenham uma experiência profissional muito relevante, em qualquer organização da economia social; para isso 20% das vagas serão prioritariamente destinadas a esse tipo de candidatos.
    Pela sua conclusão com aprovação, será atribuído um Diploma de Pós-Graduação em “Economia Social – cooperativismo, mutualismo e solidariedade”, pela Universidade de Coimbra.


    ****    

    CANDIDATURAS: documentos a inserir no sistema informático

    1. Carta de motivação
    2. Cópia do Documento de Identificação (Bilhete de Identidade, Cartão de Cidadão ou Passaporte)
    3. Cópia do Certificado de Licenciatura (quando aplicável), com indicação da classificação final, ou certidão das habilitações para candidaturas apresentadas ao abrigo da alínea d), ou seja, candidatos que, não preenchendo tendo licenciatura, tenham uma experiência profissional muito relevante, em qualquer organização da economia social.
    *  Os interessados poderão candidatar-se 
    até ao próximo dia 31 de Janeiro de 2013.

    Co-organização do
    Patrocínio do

    terça-feira, 1 de janeiro de 2013

    BOM ANO


    Bom ano de 2013



    O ano novo chega adormecido,
    como se fosse noite dentro dele.
    É um ano de inverno, carcomido,
    deserto de amarguras e miragens.

    Se formos um outono que o receba,
    melancólicos, tristes, derrotados,
    o ano que aí vem há de perder-se,
    na margem de um  sabor desencantado.

    E se há um tempo a vir desmoronado,
    manchado de silêncio,  sem palavras,
    se os corvos do poder desembainharam
    suas vastas matilhas de terror,

    este não é um tempo de aceitarmos,
    esta tristeza fria, até aos ossos.
     É preciso por isso um golpe de asa,
    de sermos tempo novo e acordar.

    [Rui Namorado]