quinta-feira, 31 de maio de 2018

PAUL SINGER - segunda-feira, dia 4 de junho, em LISBOA


Na apresentação dos "Ensaios sobre Economia Solidária"de Paul Singer, recentemente publicados em Portugal, vai ser homenageado  o seu autor, ilustre e saudoso economista, político  e intelectual  brasileiro que acaba de nos deixar.

O evento vai ter lugar na próxima segunda-feira , dia 4 de Junho, em Lisboa , na Rua Castilho-nº5 [Espaço Atmosfera M]. Participarão o brasileiro Dimas Gonçalves e os portugueses Jorge de Sá e Rui Namorado.



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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Homenagem a ANTÓNIO ARNAUT




As palavras vão atropelar-se neste começo de saudade. A memória está a começar a percorrer, espantada, todos os seus recantos. Perfilam-se as homenagens. Justas.
Penso numa maneira simples, caro António Arnaut, de te dar um abraço que nunca receberás. Descubro. Certamente, que Torga gostaria de te prestar solidariedade, se pudesse. Procuro. No oceano da “Poesia  Completa”, de Miguel Torga, escolho um pequeno poema : “Confiança”. Faço que com ele Torga saúde o seu amigo Arnaut. Ambos se reunirão certamente para que ela seja transmitida a todos nós. Não os podemos defraudar!
Eis o poema:

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura…
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova…

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Pela ópera se conhecem as gargantas!





Passemos por cima da questão de saber o que quer dizer o irrequieto Mendes, quando fala em pessoas que estão "a abandonar Sócrates". Concentremo-nos na parte da sua afirmação que assegura que elas o fazem por “calculismo” e não “por convicção”.

O  irrequieto Mendes formula desse modo um juízo valorativo sobre as raízes subjetivas desse “abandono”, garantindo que a “maior parte”, embora finja fazê-lo por “convicção”, realmente é movida por simples “calculismo”. Ou seja , a maior parte dos abandonadores são afinal meros hipócritas. Faz assim um juízo negativo de carácter

Conforme pode ter visto quem ouviu o programa, ele estava a referir-se  a quem no PS tomou posições públicas críticas em face dos comportamentos imputados a Sócrates, se eles se vierem a comprovar judicialmente.

Em que dados se poderá basear o irrequieto Mendes para ter proferido uma tal afirmação? Exaustivo inquérito aos abandonadores, amostragem estatística comprovada, confidências de agentes de uma qualquer polícia secreta ? Garantindo o bem informado comentador que, estando em causa uma maioria de hipócritas nem todos o são, pergunta-se  qual a percentagem maioritária em que ele  está a pensar? Cinquenta e um por cento de hipócritas ou noventa e nove? Isso ele não diz. Como aliás  não indica um único nome quer de convictos  quer  de calculistas. Mendes limita-se a insultar impessoalmente e a absolver também  impessoalmente.

As perguntas feitas são,  naturalmente, retóricas. É óbvio que o comentador Mendes se limitou a bolsar um palpite insultuosos contra  alguns membros do PS que não identificou, a partir de uma  mera convicção subjetiva, por mera impressão pessoal, sem se preocupar com qualquer deontologia comunicacional ou com a simples decência.

A sua pesporrência, no entanto, impediu-o de se aperceber que os termos e o conteúdo do que nesse aspeto disse, evidenciavam, por si sós, que não estávamos perante a expressão de uma verdade apurada, mas perante  uma simples  imputação arbitrária,  leviana, inverificável,  gratuita e insultuosa.

Essa figura,  a quem dão tempo de antena ao domingo em horário nobre numa estação televisiva, mostrou bem o que é : um propagandista  encapotado do PSD com atuação semanal  numa estação televisiva. 

Mas neste caso, muito para além dessa circunstância político-partidária, há que encarar o  detalhe marginal de que aqui falamos  como indício ou sintoma da parcialidade intelectualmente desonesta deste senhor. Para este irrequieto senhor é algo de natural  insultar gente indeterminada , sem ter sequer a coragem e a preocupação de os identificar pessoalmente, mas objetivamente  certo de que os emporcalharia em conjunto. E, não identificando ninguém, ficaria também a coberto de qualquer resposta.

Enfim, um grilo falante da direita enraivecida. Ou como se diz: pela ópera se conhecem as gargantas.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Dois pontos de um soneto em prosa


        


 Dois pontos de um soneto em prosa


Ponto Um-

Ontem, a luz de um sol negro e profundo aprisionou-os numa aventura outonal. Hoje, sofrendo talvez ainda as pétalas frias desse outono, descansam desesperadamente num inverno que cultivam melancolicamente como se fosse o futuro.
O marulhar seco dos poderes, a cólera surda dos oprimidos, a palidez sufocada das ruas e os oceanos abertos do futuro desfilam indiferentes. Uma guitarra triste celebra os corações arrependidos.
Os povos erguem-se magnificamente dispostos a errar. Os amanuenses da política, breves cães de guarda, percorrem suas pobres ideias gastas como se estivessem parados num apeadeiro sombrio, dizendo aos comboios para não passarem.

Ponto Dois –

Miam como gatos, caminham como gatos, arranham como gatos. Garantem-nos que são cães. Devemos acreditar?

sábado, 5 de maio de 2018

HOMENAGEM POÉTICA A MARX










No dia em que se comemoram os duzentos anos do nascimento de MARX, resolvi publicar no meu blog um conjunto de sete poemas que o homenageiam. Foram publicados, pela primeira vez, no meu  livro Sete Caminhos , editado pela Fora do Texto[Centelha] em Fevereiro de 1996. Era eu então deputado na Assembleia da República pelo Partido Socialista.


AO JOVEM  MARX

ousaste e viste
esse grito cercado que morria
cansado nas gargantas que o fechavam

ousaste e viste
esse grito cercado que crescia
liberto das gargantas que o calavam

abriste  a flor do fogo e a tempestade
e foi enorme tudo o que era simples


UMA VELHA FOTOGRAFIA DE MARX

Melancólico   chega de outro tempo

trazendo no fundo dos seus olhos
um sopro  subtil de ternura

É apenas um homem que nos olha
arguto
abrindo  as portas do mistério

E assim sabemos que no fim de tudo
paixão
é querer recomeçar


DE  MARX  PARA ENGELS

Se um muro passasse
a meio de nós

uma parte de mim
estaria do teu lado


MARX  EVOCA  ROSA  LUXEMBURGO

Foste a rosa do vento repartida
entre  o sonho mais largo e a revolta

Em ti desabrochou a tempestade,
mas, na hora do medo e do terror,
colheu-te o teu destino e o cão da História.

E no mais alto livro da memória
escreveu-se  a triste dor do teu caminho.


MENSAGEM   DE  MARX  A  TROTSKY

Os anos não morreram no teu peito.
Foste buscar o tempo, não esperaste.
Não esqueceste o futuro um só momento.
Ousaste a tua vida sem fronteiras.
Subiste a História como quem conquista.
Perdeste o teu olhar no horizonte,
rasgando cada dia mais além.

Não viste esse bolor que te envolvia,
sujo tempo das sombras que cercavam.

E tudo se perdeu, quando perdeste.


CARTA DE MARX A GRAMSCI

Ousaste as minhas ideias como se fossem as tuas,
com esse rigor aberto dos mercadores, dos poetas,
com esse sul nascido de palavras e de estátuas.

Com teu extremo vigor,    porém tão leve,
rompeste o labirinto das ciladas.

Soubeste ser subtil, sendo inteiro.
Foste nós,   pensando o outro lado.

Foste sonho dentro das ideias,
Política medida, verso a verso.

Em ti senti a própria liberdade
e fui ao fundo do que mais sonhei.


PENSAMENTO   DE  MARX  SOBRE  GUEVARA

Uma asa de angústia no olhar
e  um sonho tão urgente que doía.

Seu largo coração aberto ao sul
sofria em si a dor de um continente.

Um puro diamante de revolta,
na solidão das Américas.