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1. A política parece ter fugido do discurso do governo.
Mas o governo não pode comportar-se como se fosse um simples conselho de administração a prestar contas aos accionistas; nem pode ser uma câmara de eco das banalidades mediáticas; e, muito menos, uma equipa de "marketing" a anestesiar-nos de complacência.
Na verdade,consentir nessa deriva de ambiguidades, faz-lhe correr o risco de o aproximar do que poderia ser para si o supremo abismo: passar a ser olhado como se fosse o braço político dos patrões.
É que quem for encarado como braço político dos interesses dos mais ricos e privilegiados, dificilmente continuará a ser visto como seu pelo povo de esquerda.
2. De facto, não é realista esperar-se que o povo de esquerda tenha paciência eternamente, suportando sem reagir que as desigualdades sociais cresçam e os sacrifícios se repartam sem justiça, não beliscando sequer o essencial dos privilégios dos ricos e dos poderosos.
Efectivamente, exigir da maioria que se sacrifique hoje para que amanhã todos vivam melhor, é algo que exige garantias; exigir que a maioria se sacrifique hoje, para que cada vez menos vivam cada vez melhor e cada vez mais vivam cada vez pior, é um miserável embuste que não pode durar muito tempo.
3. Conseguir explicar com clareza a complexidade da vida em sociedade é uma enorme virtude política. Descompreender a complexidade social, fechando-a num discurso economicista encantatório, que apresenta os principais problemas do mundo como se fossem simples, lineares, transparentes e sem saída, é claro sintoma de uma irrecuperável mediocridade politica.
Moralidade : Seria bom que tudo isto nada tivesse a ver com o que se passa actualmente em Portugal.
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