O grande poeta espanhol António Machado escreveu um dia:
Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.
E, no entanto, o velho sábio chinês do nosso pensamento, olhando além do horizonte imenso da Ásia , talvez um dia tenha perguntado:
Se não souberes para onde vais, como poderás escolher o teu caminho?
Entre o poeta e o sábio, sentimos a tragédia da modernidade. Se caminhamos levados pela vertigem dos nossos próprios passos, pelo impulso da nossa própria esperança, corremos o risco de nos extraviarmos no limbo das ilusões. Se passamos tempo demais à procura do caminho justo, podemos nem chegar a caminhar.
Talvez, por isso, António Machado acercou-se de mim com um sorriso triste, tirou o chapéu num gesto contido e disse-me:
No meu peito há um navio que inventou o próprio mar.
Em resposta, o velho sábio chinês do nosso pensamento, olhou com serenidade através da planície e perguntou-me:
Se te perderes na dispersão dos horizontes, quem te encontrará?
Se te perderes na dispersão dos horizontes, quem te encontrará?
Talvez, sem nós o sabermos, por completo, entre o generoso coração das tempestades e a fria paciência das caravanas, as nossas mãos tremam de hesitação.
2 comentários:
Rui, eu prefiro o pensamento de Sêneca: Não existe vento favorável para aquele que não sabe para onde vai. Concorda?
Todos os pensamentos nos ajudam a pensar.
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