Em Coimbra, o Mondego finge deslizar. Abril não teve ainda a sua palavra. Uma nebulosa confusa de sonhos e receios prepara as eleições. As listas vão ganhado corpo numa artitmética sem alma, como se cada um de nós da sua lista esperasse apenas o sabor amargo da desilusão.
No PS, quando tudo parecia navegar na prudência das águas mansas, um nariz de borrasca surgiu no horizonte. A nuvem parece estar ainda longe, mas aproxima-se. Os talvez deputados , as talvez deputadas, erguem-se solenes numa esgrima de coros de tragédias gregas. O povo socialista estremece. Longe, no Olimpo crispado da capital do império, os deuses franzem gravemente o sobrolho.
O sol esvaiu-se mansamente no horizonte, num amarelo melancólico de fim de tarde. Na esplanada de todos os cansaços, folheei lentamente alguns recanto da memória, lembrando-me irresistivelmente de Jorge Reis, em Paris, olhando-nos distante, e logo de seguida do seu lendário romance: "Matai-vos uns aos outros !". Amen.
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