sábado, 28 de março de 2009

O anão crescido


Era uma vez uma anão político. Verborreico e trauliteiro. Do alto da sua insuspeitada argúcia, cometeu uma ideia: encheu o peito de ar e, num rasgo acaciano, destilou a ideia de uma Quarta República. Altaneiro e possuído já pela glória de uma imaginária grandeza, dispensou-se de explicar como poderíamos chegar a esse novo paraíso , tendo em conta as condições políticas presentes. Golpe de Estado ? Bruxaria política ? Mistério.

Perante o risco desse vazio, dos baixios da sua truculência, arrancou a implícita a ideia de que seria a sua própria pessoa, perene de uma inspiração suculenta, quem outorgaria aos portugueses, a estes simples mortais que ocupam a terra de tão amplo anão, a suprema dádiva de uma República nova. Poderia ter dito Estado Novo, mas a sua proverbial discrição não lhe permitiu chegar tão longe.

O vultuoso personagem já sabe que a sua República há-de ser presidencial e dispor de um parlamento com 70 deputados (tantos ?). E, é claro, será próxima dos cidadãos. Ou seja, acariciaria os cidadãos com a enérgica linguagem do cacete, como compete a qualquer república digna da energia de um irrequieto arauto de tão transcendentes ruídos. Numa sugestão de génio, o anão subiu mais uma vez ao banco de uma imaginação fértil e deixou pairar a asa luminosa de uma promessa de regionalização, como ingrediente gostoso da sua azougada república.

E quando o jornalista estarrecido titubeou uma última pergunta, o ornamento político do Norte, concedeu solene o peso de uma confirmação luminosa: ele poderá vir um dia a ser o líder máximo do PSD.

Num arrepio gelado de pânico, a velha alma do PSD entrou em transe: "Antes a Manuela ! Mil vezes a Manuela, perca ela as eleições que perder! Tirem-me daqui estes anões!!"

1 comentário:

Henrique Dória disse...

Este é um paísde gigões e anantes
Um abraço Rui