quarta-feira, 23 de abril de 2008

Requiem pela Europa melancólica


A Assembleia da República aprovou hoje o Tratado de Lisboa. A atmosfera pública que rodeou o evento é comparável à que teria rodeado uma notícia que informasse sobre a visita a Portugal do Ministro dos Negócios Estrangeiros das Ilhas Maurícias.


Sôfrego na ânsia de fugir a um referendo que não devia ter sido prometido, o cartel do conformismo político procurou anestesiar o bom povo, rodeando a questão europeia de uma exótica mistura de silêncios e frases chatas, que afugentariam qualquer mortal que se aproximasse delas.


Êxito excessivo. A Europa transformou-se numa rotina. E afinal devia ser um horizonte de esperança. Transformada em rotina, deixou-se encerrar neste presente atrofiado que o neoliberalismo tenta converter numa paciência sem limites.


É claro, que há uma pequena casta que ronrona de prazer num excesso de mordomias. Mas os indutores de conformismo acham que o sofrimento dos povos não é mais do que uma oportunidade para dar aos ricos a oportunidade para serem caridosos. E depois a turba faminta há-de ficar eternamente grata e mansa. É esse o tipo de Europa com que sonham os euroglutões.


Por isso, lhes convém uma Europa reduzida a esta rotina cinzenta aprisionada num discurso "europês" previsível e redondo que brota em catadupa dos tecnocratas de Bruxelas.

Ou seja, uma Europa melancólica que erra pelo mundo espalhando sorrisos que ninguém leva a sério e distribuindo conselhos que ninguém ouve.


Os eurocratas, os euroglutões e os simpáticos eurofóricos julgam que ganharam uma batalha, quando apenas aumentaram o risco de um pesadelo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro amigo:

Como me diz que não conseguiu postar o seu comentário neste blog, permiti-me transcrever para aqui a mensagem que me enviou por e-mail.
RN


Caro Rui Namorado,

No seu blog, as respostas parece que nõ seguem.

Aqui vai uma resposta:

A oposiçã de esquerda diz que Portugal perde soberania, mas não é capaz de explicar a razão porque tantos países pequenos e tantos ex-comunistas entraram e ainda querem entrar na UE.
Países que foram governados pelos seus PCs como a Polónia, Estónia, Lituânia, Letónia, Hungria, Roménia, Bulgária, Rep. Checa, Eslováquia e Eslovénia. Para além disso, entrou Malta, Chipre e estão pequenos países como o Luxemburgo, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Irlanda, Noruega, etc.

Enfim, tantos países aceitam uma redução de soberania porquê?
Ao todo somos quase 500 milhões de habitantes na UE. Porquê, tanta gente?
Porque razão, países governados durante mais de meio Século pelos Comunistas entraram na UE e oferecem mão-de-obra a preços baixíssimos, o que prejudica largamente as nossas indústrias.


Cumprimentos
Dieter