Com atraso, mas espero que com alguma utilidade, eis aqui mais um texto que recebi do Júlio Mota a dar-nos conta de mais uma iniciativa de grande interesse.
"Os docentes da disciplina de Economia Internacional, em colaboração com os alunos do Núcleo de Estudantes de Economia da AAC e com o apoio da Coordenação do Núcleo de Economia, estão a realizar o Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC de 2007-2008 com o tema
Integração Mundial, Desintegração Nacional: A Crise nos Mercados de Trabalho.
Com a presente carta, vimos comunicar o programa da próxima sessão, a sessão 11 deste ciclo, a realizar no dia 18 de Abril com início às 10 horas na FEUC e com o seguinte programa:
Sessão 11:
Com a presente carta, vimos comunicar o programa da próxima sessão, a sessão 11 deste ciclo, a realizar no dia 18 de Abril com início às 10 horas na FEUC e com o seguinte programa:
Sessão 11:
Globalização e Mercados de trabalho: a perspectiva dos países em vias de desenvolvimento
1ª parte
1ª parte
Colóquio
Local: Auditório da FEUC
Programa:
10.00
Abertura
10.20 – 11.00
Conferência de Machiko Nissanke (School of Oriental and African Studies, SOAS, Universidade de Londres): Por uma globalização a favor dos países em vias de desenvolvimento
11.00 – 11.40
Conferência de Stefaan Marysse (Universidade de Antuérpia): O debate do Rendimento Mínimo Garantido na África do Sul: Uma perspectiva comparada
11.40 – 11.50
Intervalo para café
11.50 – 12.10
Comentários de Jochen Oppenheimer (ISEG-UTL) e Margarida Proença (EEG-UM)
12.10
Debate com os participantes
2ª parte
Cinema e Debate
Local: Teatro Académico Gil Vicente
21.15 – 22.30
Filme/Documentáro: The Other Europe, de Poul-Erik Heilbuth, 2006
22.30 - 23.10
Comentários de Stefaan Marysse, Machiko Nissanke, Romero de Magalhães (FEUC) e Jochen Oppenheimer.
23.10
Debate
No Teatro Académico Gil Vicente será disponibilizada uma brochura produzida pelos docentes da disciplina de Economia Internacional, com textos de apoio e de desenvolvimento da temática tratada no filme, ou seja, sobre a problemática da imigração no espaço europeu, sobre a emigração como um dos mecanismos de regulação do capitalismo à escala da União Europeia e sua política relativamente às migrações, sobre uma outra forma de deslocalizações e de desregulação dos mercados nacionais de trabalho. Neste sentido, nesta brochura, incluem-se algumas leituras da eventual política da União Europeia sobre a imigração, que têm como ideia comum que a imigração está a ser um instrumento de apoio às políticas salariais e de emprego, de forma a conter a pressão salarial, a manter os níveis de precariedade e a contribuir para que o salário seja a grande variável de ajustamento na política macroeconómica. Com estes documentos mostra-se que a situação ilustrada com o filme anterior, El Ejido, não é fruto de uma aberração em Espanha, mas que esta situação se inscreve na política geral da União Europeia, em nome da referência máxima da arquitectura da construção europeia: a estabilidade dos preços dos bens e serviços.
Um antropólogo francês, Emmanuel Terray, tem uma imagem particularmente sagaz para descrever a situação tratada no filme. Para ele, a “economia baseada no trabalho ilegal” representa uma forma de “deslocalização no próprio local”;o que significa basicamente “localizar no país de origem” indústrias e sectores económicos que não podem ser transferidas para países onde os custos do trabalho são muito baixos, importando simplesmente trabalhadores de baixos salários sob a forma de imigrantes clandestinos.
Sobre o filme:
Sinopse de A outra Europa
China, de manhã e muito cedo. Um pai telefona de Morecamb Bay, na Inglaterra, para dizer adeus. Como trinta e quatro outros chineses imigrados clandestinos, foi contratado para a apanha de bivalves (conquilhas e amêijoas) com um salário bastante inferior aos salários locais. Nenhum deles conhecia as condições da apanha dos bivalves nem os perigos que representavam as águas da baía. Destes, 23 afundaram-se. Estes jovens mortos nessa noite fazem parte da “outra Europa” - uma Europa em que os passaportes, documentos, seguros, sindicatos ou direitos fundamentais não existem, onde a lei como instrumento de garantia dos cidadãos não se aplica; uma Europa que não faz os grandes títulos dos jornais e das televisões.
Falamos duma Europa que progressivamente fechou as suas portas oficiais à imigração. Mas milhares de pessoas forçam a sua passagem, ano a ano. Contudo, enquanto os europeus e os seus líderes políticos falam em combater a imigração ilegal, a utilização dos seus serviços é permitida em larga escala, apesar do facto de desde há 10 anos ser possível ler artigos sobre a forma como são recrutados os trabalhadores da construção civil no coração de Paris ou os trabalhadores agrícolas em Espanha e na Alemanha; é surpreendente, pois, como está a ser feito tão pouco pelos poderes públicos para que os empregadores deixem de empregar trabalhadores ilegais.
Isto não é um filme sobre imigração; nem é um filme de debate a favor ou contra mais imigrantes. Também não é um filme sobre a “Fortaleza Europa”; já antes acompanhámos o assalto dos imigrantes às fronteiras europeias. Vimo-los nas chocantes imagens de televisão a atravessar o Mediterrâneo em pequenos botes. Vimos refugiados africanos e asiáticos a trepar por arame farpado ou escondidos na escuridão de contentores.
Esta é a história da Europa de que pouco ouvimos falar. O que é que acontece aos milhões que conseguiram efectivamente entrar na Europa? Com este filme centramos a atenção nas condições com que eles se deparam. Isto é um filme sobre direitos humanos e sobre a forma como os europeus tratam milhões de pessoas que trabalham para eles.
O que fica é o dilema central do filme: os europeus sentem-se vítimas, submergidas numa onda de imigrantes. Mas é este o verdadeiro cenário? É a Europa realmente uma vítima, ou será que a procura de força de trabalho ridiculamente barata cria um terreno fértil para atrair as centenas de milhares que entram furtivamente todos os anos? Será que os Europeus são vítimas inocentes ou são efectivamente os criadores da vaga?
Informamos que o programa do ciclo, bem como todos os documentos até aqui produzidos, podem ser consultado no sítio: http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int.
Sem outro assunto e certos da vossa atenção e aguardando a vossa presença nestas sessões assim como a divulgação deste evento cultural, apoio este que antecipadamente agradecemos, apresentamos os nossos cumprimentos.
Pela Comissão Organizadora
Júlio Marques Mota "
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