Era uma vez um partido que parecia correr o risco de naufrágio.
Não tanto por ter alguma vez metido água, para além do que era da sua própria natureza, mas, principalmente, por se terem apresentado, solícitos e prontos a todos os sacrifícios, alguns dos seus mais esforçados barões, alegando que vinham salvá-lo de um naufrágio, que eles próprios em uníssono assim, dramaticamente, anunciavam.
As basses entreolharam-se incrédulas perante o anúncio de tamanha desgraça, desconfiando de um tão grande excesso de salvadores.
Foi por isso com naturalidade que o Zé desse partido, primo de um outro mais antigo, muito conhecido dos portugueses, disse pesaroso à mulher:
"Ó Maria, o partido do Sr. Doutor vai mesmo ao fundo. Com tantos barões a quererem salvá-lo, não vai conseguir resisitir".
E um dos seus dirigentes mais circunspectos, desde jovem seduzido pela filosofia chinesa, sentenciou:
"Se os salvadores se excederem numa ânsia salvífica e forem tantos que um salvado é pouco, podem ser eles os donos do naufrágio."
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