1. Envolvendo-se mais no labirinto de desnortes que o vai reduzindo pouco a pouco à condição de simples oráculo radical de trazer por casa, o Dr. Menezes deu a si próprio o ridículo papel de megafone do neoliberalismo mais trauliteiro, proclamando a exigência de uma nova Constituição.
“O País precisa de uma nova Constituição"- disse, o azougado clínico, qual D. Sebastião de arrabalde num piquenique de domingo.
E revelando-se como um verdadeiro contador de histórias da carochinha, a fazer fé no "Correio da Manhã" que nos deu a notícia, atirou-nos com as seguintes pérolas : "
"Já passaram 35 anos, sendo altura de dizer que esta não seria a Constituição da República se não tivesse sido redigida sob o cutelo da pressão, do sequestro sobre o Parlamento”.
Transformou um dia de sequestro que realmente existiu , e durante o qual se não aprovou qualquer preceito da futura Constituição, em vários meses que apenas delirantemente imaginou. E assim atirou com toneladas de lama para cima dos deputados constituintes de todos os partidos que se honraram e nos honraram com uma Constituição que mereceu a a provação de todos os partidos menos o CDS; ou seja, dos partidos que representaram mais de 85% do eleitorado. O azougado Menezes reduziu assim, a um destacamento de cobardes, os deputados do PSD que foram constituintes e aprovaram a Constituição , alguns dos quais deram aliás contributos relevantes para o resultado final. Fez essas disparatadas declarações à sombra desse modelo de contenção verbal e de equilíbrio emocional, que é o Dr. Jardim da Madeira , seguindo-lhe assim as passadas tonitroantes que o têm levado a fulminar a Constituição da República de seis em seis meses .
Forte da sua energia demiúrgica, que o teria levado a um Olimpo da política se fosse tempo disso, o irrequieto clínico do norte esclareceu o segredo da excelência que ele garante para a sua Constituição, que generosamente ameaça fazer engolir aos portugueses: a Constiutuição do Dr. Menezes, inspirado pelos ares do Dr. Jardim, vai ser “ser simples", de modo a ser seguro que não será "complexa e burocrática", nem "difícil de analisar". Tudo isso, porque o Dr. Menezes vai cometer essa generosidade suprema de a construir "ao serviço dos portugueses”.
2. A história política está cheia de operetas que se transformaram em tragédias. Por isso, não devemos apenas divertir-nos com o Dr. Menezes como ele merece. Devemos também lembrar que há regras para rever a Constituição , regras que integram o cerne da nossa democracia.
Pelo que, quem preconiza a aurora de uma nova Constituição, ou está forte da evidência de ter 2/3 da Assembleia da República a suportar esse desígnio, ou está a apelar ou a revelar um golpe de estado. Ora, um golpe de estado contra a democracia não deve esperar a submissão do povo. Um golpe de Estado contra a democracia tem que prever a hipótese de ser o início de uma guerra civil.
3. Isto é, ou o Dr. Menezes é um humorista de fim de semana que se entretém a espalhar disparates por almoços e comícios; ou o Dr. Menezes sabe exactamente o que diz e está em última analise a propor algo que implica o risco de uma guerra civil.
Num como noutro caso, estamos perante contributos edificantes para o desenvolvimento da nossa democracia.
1 comentário:
Ele já tinha dito que queria acabar com Tribunal Costitucional; agora quer acabar com a própria Constituição. Quer outra "mais fácil de analisar"!Ele o que é é ignorante, e não consegue perceber o que lê!
Enviar um comentário