domingo, 27 de abril de 2008

Onde pára a Política ?



O Presidente da República está preocupado com o desinteresse da juventude pela Política.


A mim preocupa-me muito mais o desinteresse pela Política, exuberantemente revelado por quase todos os que, neste país, exercem funções políticas.

11 comentários:

Anónimo disse...

Caro Dr. Rui Namorado,

O Sr. Dr. é militante de um partido... vê o que eu vejo, ouve o que eu oiço e sei que sente o que eu sinto. O mesmo não se poderá dizer de todos os que lá andam. AMs cá fora a maioria vê, ouve e sente o mesmo... Há de facto sérios motivos para a não participação na vida politica.

Anónimo disse...

RN em conversa:

Sem a Política a lei do mais forte funcionaria em estado puro. A sociedade tenderia a ser uma selva no sentido próprio da palavra.

Por isso, não participar na Política é deixar o campo livre aos que detêm poder, dinheiro, informação e consequentes privilégios, para que nos conduzam tranquilamente para um qualquer abismo.

No entanto, para mim aquilo a que chama "vida política" tem vindo a ser uma apropriação falsificadora da palavra "Política", para a mergulhar num caldo turvo onde se misturam sofreguidões carreiristas,ignorâncias enciclopédicas, falhas de carácter e uma enorme falta de imaginação.

Anónimo disse...

Dr. RN, concordo em absoluto com o que me diz... mas o problema é mostrar às massas do partido, que o caminho que estão a seguir, não é o correcto. E aí Caro Dr., existe uama grande falha de comunicação por parte dos pensadores tal como o sr.

Anónimo disse...

RN continua a conversar:

Admito sem qualquer reserva a falha na comunicação que me aponta, embora não me reconheça na categoria honrosa de pensador. Todos pensamos...

No entanto, não me convence a ideia de que é a falha de comunicação de alguns que suscita a insuficiência de todos.

A responsabilidade pelo que está mal pode recair com mais peso nos dirigentes ou nos militantes mais experientes, mas cada um não deixa de ser também responsável pelas suas transigências e pelas suas omissões.

Anónimo disse...

Caro Dr. RN,
Sim. Todos pensamos!
Eu se não pensasse não estaria agora aqui a interagir consigo. Mas chamo-o de pensador, porque é assim que o vejo…
Reafirmo a falha de comunicação porque lhe reconheço credencias ideológicas, que com toda a certeza, mudaria o rumo que o partido está a tomar, se essas credenciais fossem bem comunicadas. Não é dirigente, mas fruto da sua capacidade intelectual e experiência/as tem responsabilidades… de comunicar melhor o seu contributo para um espaço que deve ser um laboratório de novos valores e práticas que possam fomentar novas formas de democracia. O seu comentário parece-me um pouco defensivo. A “culpa” é de todos...militantes de base como eu incluídos, mas também cabe aos mais "velhos" e experientes mostrar aos mais "jovens" que podemos todos viver um partido melhor. E há muitas formas de o fazer...

Anónimo disse...

RN em conversa:

1. Talvez a minha posição seja de facto defensiva. Não o consigo determinar com clareza, pelo que admito que o seja.

2. Eventualmente, isso pode reflectir o facto de eu considerar que a raiz das insuficiências da esquerda do PS está menos nas suas deficiências comunicativas do que na sua incapacidade para conceber uma posição crítica da linha do partido em termos estratégicos radicados num horizonte alternativo, mas traduzível em acções práticas imediadtas que lhe correspondam.

E para comaltar essa insuficiência, essa esquerda inorgânica e dispersa acaba por se refugiar em aspectos culturais, institucionais e civilizacionais que, embora muito relevantes, não visam o cerne das mais graves limitações (na minha opinião) actuais do PS , bem como da Internacional Socialista.

3. Já agora dê lá sugestões para uma melhor circulação interna do debate de ideias e de políticas, dentro do PS.

Anónimo disse...

Caro Dr. RN,
A posição critica e estratégica, está criada. Há capacidade. Não concordo é que em torno dessa posição seja colocada a hipótese da criação de um novo movimento social, que tenha a intenção de se apresentar aos eleitores como se de um novo partido se tratasse. Para isso é muito mais correcto tomar a postura de Helena Roseta. As linhas alternativas são consideradas nos estatutos do ps e por isso as posições criticas não devem ir mais além. Continuo... falha de comunicação, porque senão essas ideias já teriam sido traduzidas em práticas. Não quero com isto dizer, que seja fácil ou que eu faria melhor.
Vou ter oportunidade(espero)e em breve, de dar uma ideia. Esteja atento, porque vou pedir apoio a si e a todos para a concretizar.

Anónimo disse...

RN ainda em conversa:

Aí, é que divergimos.

Nada do que até hoje se afirmou como posição crítica dentro ou a partir do PS (e muito menos contra o PS a partir de outras áreas políticas) me parece ter a consistência estratégica e a densidade crítica necessárias.

E já que fala na HR, sempre lhe digo que ela é um excelente exemplo de insuficiência estratégica e de superficialidade crítica. Embora possa ter reagido a distorções realmente existentes e ter até propostas parcelares interessantes e criativas não tem uma visão estratégica que possa contribuir para uma alteração de rumo em termos globais. Pode reflectir uma impaciência compreensível, mas não serve de base a qualquer actuação global promissora.

Quanto a movimentos sociais fora do PS parecem-me totalmente estéreis como alternativa ao que o PS no seu todo deveria fazer, embora possam ter uma eficácia como complemetos de uma outra política.

Mas não estou certo que uma insistência do nosso PS e da Internacional Socialista na inércia estratégica e na anemia política em que se têm deixado cair não conduza a catástrofes políticas que podem conduzir a um retrocesso dramático na União Europeia.

É esta, para mim, a origem principal do peso da nossa responsabilidade como Partido e de dos militantes como partes desse colectivo.

Anónimo disse...

Numa República não é preciso ser republicano e na democracia não é preciso ser democrata.
Nas democracias europeias os jovens que mais se interessam pela política são os neo-fascistas que querem mudança. Os que aceitam a normalidade democrática não estão preocupados com o futuro político e deixam aos profissionais da política (bons e maus) o trabalho de prepararem e tomarem decisões.
Portugal tem tido participações eleitorais razoáveis e quando são baixas não deixam de ser também uma forma de votar.
Repare-se nas últimas eleições para a presidência da CML, o António Costa (PS) ganhou em todas as freguesias de Lisboa (o que nunca aconteceu com partido algum, incluindo aquelas que sempre votaram em certos partidos. Tudo com grande abstenção.
Porquê?
Pela simples razão que o eleitorado não PS votou não votando. Não quis pôr a cruzinha no PS, mas também não quis que o António Costa perdesse e, como tal, não votou naquilo que seriam os seus candidatos.
Frequentemente, a abstenção é um forma de votar e o chamado "desinteresse" é um sinal de confiança naqueles que ocupam o poder.
Cavaco foi eleito e o que queria mais. Que os jovens andassem atrás dele a a aplaudi-lo ou andassem atrás do Sócrates a apoiar ou criticar.
Em Portugal, qualquer jovem sabe que é preciso o dinheiro dos contribuintes para fazer isto ou aquilo. Portanto, tudo sai de um lado para ir para o outro e a falta de empregos deve-se ao fecho de tantas fábricas que se deslocalizaram para a Roménia, Bulgária, Polónia, China, etc. onde os salários são mais que miseráveis. As multinacionais aproveitaram e foram-se embora como a Yasaki-Saltana que graças às leis democráticas teve de pagar indemnizações da ordem dos 25 mil euros a muitas operárias como foi mostrado na televisão.E muita gente conseguiu rapidamente novos empregos. Curiosamente, a Yasaki manteve em Portugal o seu centro de estudos, desenvolvimento e fabrico de protótipos que emprega muitos engenheiros e especialistas bem pagos.

Não tenho dúvidas que nas eleições de 2009, mais de 70% dos portugueses vão votar e cada um a favor do partido que achar o melhor.
Saudações Socialistas
DD

Anónimo disse...

Se não há consistência estratégia ou densidade critica necessárias, então a atitude politica de Manuel Alegre, não passa de “birra”?
Em relação a HR, discordo.
Em relação ao que me diz acerca dos movimentos sociais fora do PS (com a intenção de sair do seu seio) não me parece que seja um completo, mas sim uma alternativa ao ps. Quanto a isso esperemos por próximas eleições, para ver.
No que diz respeito à insistência do PS e da Internacional na inércia, concordo consigo, considerando que esta se deve também, entre outras coisas, a uma certa indefinição da nossa identidade, fruto dos tempos actuais de globalização.

Anónimo disse...

RN continua em conversa:

1. Realmente, tal como disse, penso que: "Nada do que até hoje se afirmou como posição crítica dentro ou a partir do PS (e muito menos contra o PS a partir de outras áreas políticas) me parece ter a consistência estratégica e a densidade crítica necessárias".

Isso não siginifaca que reduza a simples "birras" as posições críticas tomadas quer por Manuel Alegre, quer por outros.

Por mim, estive muitas vezes em discordância com as direcções do Partido e não considero que alguma vez o tenha estado por "birra".

Mas nem por isso considero que as posições que então assumi( e assumo actualmente) tenham atingido, quer a consistência estratégica, quer a densidade crítica necessárias.

2.Registo a sua discordância quanto ao que eu disse sobre as posições da HR.

3. Os movimentos sociais enquanto permanecerem como tais nunca podem ser alternativa aos partidos.
Quando o forem, deixam de ser movimentos sociais e passam a ser partidos, seja qual for a designação que adoptem.

Complemento podê-lo-ão ser, se os partidos que possam convergir com os seus objectivos compreenderem que a complementaridade entre uns e outros é não só uma sinergia virtuosa, mas também um elemento relevante da emergência de uma sociedade outra.