O resultado das eleições em Baden-Württemberg pôs fim a meio-século de predomínio democrata-cristão. De facto, o partido da Srª Merkl perdeu, 5,2% dos votos e 9 deputados e os seus aliados liberais perderam 5,4% e 8 deputados. Os Verdes ganharam 12,5% dos votos e 19 deputados, ficando com mais 1, 3% do que o SPD e com mais um deputado, o que faz com que lhes caiba a liderança de um governo estadual, pela primeira vez na história da Alemanha. O governo será pois verde-vermelho, ficando assim bem claro o mau resultado do SPD, que baixou 2,1% e perdeu 3 deputados, tendo tido o seu pior resultado de sempre neste Estado. A Esquerda ( Die Linke) oscilou ligeiramente para baixo (0,3%), continuando fora do parlamento estadual. A coligação de esquerda terá pois 71 deputado estaduais e a direita 67.
Na Renânia -Palatinato, o grande derrotado eleitoralmente foi o SPD que perdeu 9,9% dos votos e 11 deputados. Os liberais (FDP), que tinham 10 deputados, deixaram de ter assento no parlamento estadual, por terem descido de 8% para 4,2%; os Verdes, que antes não estavam representados neste parlamento, passaram a dispor de 18 deputados, já que atingiram os 15,4%, quando antes tinham ficado ligeiramente abaixo da barreira dos 5%. A CDU subiu 2,4% e 3 deputados, tendo ficado com menos um deputado do que o SPD e com menos 0,5% dos votos. A conjugação destes resultados faz com que o SPD possa continuar a liderar o governo estadual, mas, uma vez que perdeu a mairia absoluta, agora com a participação dos Verdes. A Esquerda oscilou agora ligeiramente para cima (0,4 %), tendo continuado fora do parlemento estadual com os seus 3% de votos.
2. A severa derrota política da Srª Merkl, em B. -W., não deve fazer esquecer a incapacidade do SPD para a aproveitar, ao ter descido também mais de 2%. E, embora continue com a liderança do governo da R.- P., não se pode ignorara que perdeu 10% dos votos.
O SPD parece pois consistentemente amarrado a um patamar eleitoral modesto, reflectindo uma clara incapacidade para capitalizar a seu favor o desgaste do governo da Srª Merkl ( CDU-CSU/FDP). A Esquerda também não se tem mostrado capaz de aproveitar a estagnação do SPD para levantar voo. Apenas Os Verdes ( Die Grünen) se têm mostrado pujantes, de acordo com as indicações das sondagens, confirmadas pelos resultados das eleições acima referidos.
Na verdade, se analisarmos a evolução das sondagens dos últimos meses, respeitantes a toda a Alemanha, não vemos grandes oscilações. Na mais recente, já desta semana, a CDU/CSU limita-se a 33%, o SPD não vai além dos 25 %, Die Grünen atingem os 21%, Die Linke fica-se pelos 8% e o FDP cai para uns perigosos 5%. Ou seja, a base eleitoral do Governo da Srª Merkl desceu para uns modestos 38 %, os três partidos de esquerda, actualmente na oposição, se pudessem somar-se, chegariam aos 52%. E mesmo que uma possível coligação abrangesse apenas o SPD e os Verdes, ela atingiria os 46%.
Parece claro que, se não houver uma mutação inesperada, a esquerda tem boas hipóteses de voltar ao poder, após as próximas eleições legislativas alemãs. Mas, contra o que ainda há poucos anos era impensável, não é hoje certo que uma futura coligação de esquerda na Alemanha seja liderada pelo SPD. Pode ser liderada pelos Verdes. Também é nítido que, tal como em comentários anteriores sobre eleições alemãs já alvitrei, a estagnação do SPD não foi aproveitada pela Esquerda. E o papel dos Verdes na Alemanha não é um exemplo que possa ser seguido por outros países. Nomeadamente, aqueles onde os partidos deste tipo têm pouca expressão ou simplesmente não existem, como acontece no caso português.
A estagnação política dos partidos europeus da Internacional Socialista continua, pois, sem fim à vista; e o facto de se estar a passar com o SPD o que acima se refere agrava essa situação, em virtude da grande importância desse partido no PSE ( Partido Socialista Europeu ).
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