quinta-feira, 24 de março de 2011

ROMPER O CERCO


Por rotina eleitoralista, por inércia propagandista, por força de convicções equivocadas, muitos serão os que se irão comportar perante o PS nos próximos tempos como se o quisessem destruir. Vão concentrar nele todas as culpas por todas as dificuldades que o país atravessa, vão diabolizá-lo imputando-lhe defeitos e perversidades sem conta. Vão sujeitá-lo a um permanente duche escocês, em que num momento lhe imputam todas as desgraças e no momento seguinte o sobrecarregam com todos os deveres de salvação nacional.

Mas talvez a direita e os seus patrões devessem compreender que o país com que se ficaria após uma hipotética destruição do PS seria um espaço político rasgado por um enorme buraco negro. Um buraco negro que separaria a parte do povo que vive o presente como incomodidade da que o encara como prazerosa jornada, sem que estes corressem o risco de ver os seus mandantes de algum modo longe do poder e sem que aqueles pudessem alimentar a mais leve esperança de partilharem sequer o leme do nosso país. Um quadro destes dificilmente permitiria um mínimo de vivência democrática. Muitas energias se escoariam com pouco utilidade modificadora em manifestações, protestos, ocupações e revoltas. A democracia, se sobrevivesse, de tão musculada que iria tendendo a ser acabaria por se tornar irreconhecível, como tal.

E talvez as oposições de esquerda não se devessem imaginar como um regaço onde os que sempre se reconheceram no PS iriam tombar docilmente quando a sua casa fosse destruída. Talvez inchassem um pouco, ficando no entanto arrumados a um canto rilhando os dentes de fúria perante o repetido poder da direita. Acantonados e cercados, aqui ficariam murchando com a Europa. Os excluídos, os explorados e os oprimidos, sonhariam com PECS como com paraísos nesse indesejado tempo cinzento a que uma hipotética destruição do PS muito provavelmente conduziria.

Por isso, a luta que o PS tem pela frente não é apenas o natural combate de cada partido pela própria expansão. É também resistência perante um garrote político que pretende aniquilá-lo. É esforço por manter o fundamentalismo neo-liberal longe do poder total. É deixar uma janela de futuro aberta para que o país possa respirar. Mas também luta para evitar o risco de destruição.

Por isso, não basta seguir as boas práticas destes combates. É preciso povoá-lo de factos que demonstrem um verdadeira metamorfose do PS que, conservando a âncora bem firme no essencial da sua identidade, colmate as suas falhas mais evidentes, abra as portas de novas formas de trabalho político em novos territórios de intervenção e feche as portas á utilização do Partido para oportunismos e carreiras. Não é o tempo de dar responsabilidades a “soldadinhos de chumbo”, óptimos para enfeitar péssimos para combater, é tempo de distribuir “armas políticas” a quem as saiba usar com eficácia.

Determinação e imaginação, enraizamento e flexibilidade, lealdade e frontalidade, coragem e prudência, persistência e ousadia, pés bem assentes na terra e a cabeça firmemente no futuro, eis aquilo de que o PS precisa, eis aquilo a que os socialistas, um por um, estão obrigados.

15 comentários:

Anónimo disse...

Os Socialistas estão obrigados, a traçar um rumo para o Partido, dizendo claramente nos dias de hoje, quais as matrizes politicas que defendem e que opções estratégicas preconizam para o bem comum dos cidadãos portugueses.

Qualquer português de inteligência média, sabe que o actual estado do País, é fruto de uma sucessão de erros clamorosos de gestão da res publica, que não pode continuar.

O PS tem de aprender com esses erros, identificando-os, com a coragem própria de quem tem capacidade para assumir a sua quota parte de culpa e apontar ao povo português um caminho.

Não será com o camarada Sócrates que o PS fará esse trajecto.

A base de apoio popular do P.S. não se identifica na generalidade com as actuais cupulas dirigentes do PS. Não votarão, ou então os mais nervosos, votarão Bloco de Esquerda mais uma vez, como voto de descontentamento/protesto, escancarando assim a porta para a Direita (des)governar a seu belo prazer.

Todos os Socialistas, que de modo propositado, "fizeram a cama" a Manuel Alegre nas presidenciais, hoje, devem estar muito contentes...

A.Brandão Guedes disse...

Só interessa ter um partido socialista se ele não renega o essencial da sua história e matriz ideológica!ocupar o poder qualquer partido o pode fazer ganhando eleições.

Rui Namorado disse...

Caro Pedro Miguel:

Acho um de um enorme oportunismo e de uma grande falta de consideração usar o meu blog para fazer propaganda da sua lista.

Abstive-me de tomar posições públicas quanto a vós, por amizade para com o AFF, mas se me provocarem mais ainda posso ir a tempo.

É claro que na sua lista não voto de certeza, não apenas pelo seu significado circunstancial, mas também pela sua inconsistência política. E, já agora, também por estar recheada de elementos que ajudaram, sofregamente, há alguns anos atrás a correr comigo e com outros membros da Esquerda Socialista, a cuja candidatura nacional se atrelam agora, da Secção de Educação de Coimbra do PS.

Rui Namorado disse...

Como viu já apaguei os seus comentários propagandísitcos.

Rui Namorado disse...

Conversando cordialmente com A. Brandão Guedes:

1. Um partido socialista não é algo se tenha como se tem um objecto descartável. É algo que existe, porque tem milhares de militantes e milhões de eleitores.Se desaparecesse ficávamos melhor ?

2.Onde está o juiz para decidir se algum partido renega ou não o essencial da sua história ou da sua matriz ideológica, com competência e autoridade objectivamente infalíveis.

3. Numa sociedade como a nossa, quando um partido socialista forma governo, pode considerar-se que verdadeiramente ocupa o poder?

Pedro Miguel Martins disse...

PS/Congresso: Opositores de Sócrates… (conclusão)


Escrito por CP
Domingo, 27 Março 2011 00:18
Pedro Malta, Susana Pereira, Luís Filipe Pereira e Manuel Antão são os congressistas de Santo António dos Olivais conotados com Sócrates; Pedro Martins e Carlos Monteiro são afectos a Fonseca Ferreira.

A eleição de um terço dos congressistas correspondentes à maior secção residencial socialista de Coimbra por parte de uma lista de alternativa a José Sócrates foi reconhecida como surpreendente por fontes partidárias auscultadas pelo “Campeão”.

O elenco protagonista da inesperada votação é encabeçado por Pedro Martins, membro da Comissão Concelhia do PS/Coimbra, cujo posicionamento no passado recente é marcado pelo distanciamento em relação ao líder partidário de âmbito local, Carlos Cidade. Acresce que a lista vencedora congrega todas as sensibilidades pró-socráticas.

Pedro Malta é conotado com Cidade, Susana Pereira e Luís Filipe Pereira são afectos ao presidente da Federação socialista conimbricense, Mário Ruivo, e Manuel Antão é conotado com Victor Baptista, anterior líder partidário de âmbito distrital.

Da lista de Malta faziam ainda parte Ana Rosa Gomes e Carlos José Martins e a de Martins compreendia Alice Portugal, Hugo Duarte, Victoriano Nazareth e Teresa Pimenta.

O XVII Congresso do PS, em que José Sócrates deverá voltar a ser proclamado como secretário-geral (para quarto, e último, mandato), realizar-se-á a 08, 09 e 10 de Abril.

Pedro Miguel Martins disse...

PS/Congresso: Opositores de Sócrates com um terço dos delegados dos Olivais


Escrito por CP
Sábado, 26 Março 2011 23:51
Subscritores de uma das moções de alternativa à continuidade de José Sócrates na liderança do PS fizeram eleger, hoje, um terço dos delegados da Secção socialista de Santo António dos Olivais (Coimbra) ao XVII Congresso do PS, disse fonte partidária ao “Campeão”.

A lista afecta ao secretário-geral obteve 86 votos e a de alternativa, conotada com António Fonseca Ferreira, alcançou 40, cabendo quatro congressistas a uma e dois a outra.

Rui Namorado disse...

Caro Pedro Miguel:

Você insiste ! Mas como a propaganda é agora inócua vou deixar os seus comentárioa à vista.

E já que insiste no assunto sempre lhe digo mais alguma coisa.

1º É estranho e significativo que nenhum elemento da lista tenha sido antes das eleições membro da corrente de opinião Esquerda Socialista;

2º É mais estranho ainda que o AFF tenha tido 17 votos,tendo chegado a lista de delegados aos 40. Até parece que estamos aqui perante uma estratégia de "cuco": por razões que não são visíveis, alguém resolveu usar a candidatura do AFF para algo que nada tem a ver nem com ele, nem com o conteuúdo da moção de que é o primeiro subscritor. De facto, pelo menos 23 dos 40 votantes na lista de delegados afectos ao AFF votou em Sócrates que teve mais de 100 votos para secretário-geral, em vez dos 80 que teve a sua lista.

Deontologicamente, não me parece algo de muito curial, embora formalmente seja um comportamento conforma ás regras instituídas.

3º O que resulta pois dos resultados é que a força do candidato é de 17 votos e a força da lista que o apoia é de 40 votos. É um bom resultado para o candidato, é um excelente resultado para os participantes na lista.

4º Por isso,se, ao contrário do que a mim me parece, o resultado ocorrido tiver alguma coisa a ver com o conteúdo da moção e com o sentido da candidatura do AFF, será de esperar que, depois do Congresso, a Esquerda Socialista venha a ter em Coimbra (e particularmente nesta importante secção) uma relevância política que antes nunca teve.Se eu estiver enganado, só posso pois desejar-lhes as maiores felicidades.

5º A notícia está pois baseada na ocultação do facto de ter havido pelo menos 23, dos 40 alegadamente não-socráticos, que votaram em Sócrates.

Rui Namorado disse...

Num breve acrescento ao comentário anterior, apenas quero reforçar o grande peso que tiveram os votos dos Olivais para o AFF: teve 17 votos na secção dos Olivais e 18 em todas as outras secções do Distrito de Coimbra.

Pedro Miguel Martins disse...

Sinto orgulho em ter sido eleito numa lista afecta à moção do camarada Fonseca Ferreira, um antifascista que, em 1958, na Guarda, recebeu o General Humberto Delgado nas escadarias do Hotel de Turismo, estando presente nessa recepção o meu PAI.

Rui Namorado disse...

1. Não sabia que o AFF era suficientemenet "velho " para tal efeméride. Mas acho de louvar o seu orgulho.

2. Esperando subir ligeiramente na escala da sua consideração sugiro-lhe que vá ao meu blog clique na entrada " Humberto Delgado" e leia a respectiva postagem com fotografias e tudo.

3. Enfim a malta fixe era toda pelo Delgado

Rui Namorado disse...

Sendo mais específico:

Domingo, 20 de Julho de 2008
"O General sem medo e nós"

Palavras-chave: Humbero Delgado

Pedro Miguel Martins disse...

Já vi.
Não me surpreende.
A estima é grande e não foi beliscada por este recente processo eleitoral.
Contudo, se tivessemos estado no mesmo barco podíamos ter "feito história"
Abraço

Rui Namorado disse...

Eu e vários outros socialistas aqui em Coimbra,não concordámos desde o início com a criação desse "barco", pelo que não fazia sentido entrar para um protótipo que se fez á nossa revelia, o que aliás ficou patente no próprio conteúdo da moção.

Anónimo disse...

Do JornalI, à vossa consideração:

"O administrador dos CTT Marcos Baptista, ex-sócio do secretário de Estado Paulo Campos e por este nomeado, adulterou o currículo, afirmando ser licenciado pelo ISEG, como consta no despacho de nomeação publicado em Diário da República. O curso não foi concluído, apurou o i, não tendo Marcos Baptista completado as cadeiras suficientes para concluir uma licenciatura pós Bolonha, caso o curso tivesse sido realizado após a entrada em vigor deste acordo comunitário.

Na sequência da investigação, o i procurou esclarecer o assunto junto do administrador durante o dia de ontem, sem sucesso. Hoje, Marcos Baptista suspendeu o mandato na administração da empresa pública, alegando “razões pessoais” e mostrando-se “surpreendido por dúvidas” sobre a sua formação académica. “Devo referir que sempre estive convencido que o meu percurso académico com 8 anos de frequência universitária e elevado número de cadeiras concluídas, em mais do que um plano de estudos curriculares, correspondesse a um curso superior à luz das equivalências automáticas do Processo de Bolonha. Solicitei, por isso, hoje ao ISEG a devida avaliação curricular”, referiu no comunicado interno que enviou aos trabalhadores.

Recorde-se que o secretário de Estado Paulo Campos, que tem a tutela dos CTT, nomeou no ano em que assumiu o cargo no ministério (2005) Marcos Baptista como administrador dos CTT. Marcos Baptista tinha sido sócio de Paulo Campos na empresa Puro Prazer. Já em 2009, Paulo Campos leva para o grupo Luís Manuel Pinheiro Piteira, outro dos sócios da empresa. O secretário de Estado justificou na altura que as escolhas “basearam-se no escrupuloso cumprimento da lei e recaíram na escolha de pessoas com perfil adequado para cada cargo”. Hoje o i noticia que Marcos Baptista não completou a licenciatura em economia, tendo falsificado o currículo publicado em Diário da República".