Nas últimas eleições para a Comissão Política Concelhia de Coimbra do PS apresentaram-se duas alternativas, uma liderada pelo Henrique Fernandes e outra pelo Carlos Cidade.
A primeira era uma lista de continuidade do poder concelhio instituído, mas que queria parecer novidade, sem verdadeiramente querer correr o risco de o ser. A segunda era uma lista que se ufanava de uma novidade que, no entanto, se não atrevia a ser, por completo.
No fundo, sem pôr em causa a honestidade pessoal e o esforço despendido pelos dois protagonistas em causa e por muitos que os acompanharam, eram duas hesitações que competiam entre si. O primeiro ganhou, mas rapidamente se entendeu com o segundo, numa fusão de inércias, que, só por muito pouco tempo, conseguiu parecer uma conjugação de vontades. E o que chegou a parecer o despontar de um ímpeto, rapidamente se aquietou numa sucessão de previsibilidades.
E quando o risco de naufrágio parecia ganhar corpo, inesperadamente, pareceu desenhar-se, afinal, em Coimbra o regresso de um novo impulso e alguma esperança. Novas sinergias despontaram, mostrando-se vocacionadas para estimular e dinamizar aquilo que, até então, parecia irremediavelmente adormecido. Mas esse bruxulear de energia depressa se apagou. O império das inércias e o reino das hesitações voltaram impiedosos, para cobrarem de novo o seu tributo. Os equívocos foram ganhando força. O resmungar das meias palavras levou a que cada um se convencesse que eram reais as suas próprias fantasias. E as fantasias de uns foram tornando-se nos pesadelos de outros.
Numa invasão do teatro político pelo hálito tenso da tragédia, os apoiantes de Henrique Fernandes tornaram o paroxismo desse apoio numa angústia crescente do apoiado; mas o sonhado candidato Henrique Fernandes converteu-se para a subjectividade impaciente dos seus apoiantes num ansioso vazio. Numa espiral perversa apoiantes e apoiado pareciam corroer involuntariamente o que mais pareciam desejar.
Na imprensa de hoje e em palavras que navegam já no hiper-espaço, a tragédia política do PS de Coimbra, no plano concelhio, parece aproximar-se do seu ápice.
Incrédulo, regresso a alguns comentários que fiz neste blog e recordo: em Coimbra, no plano autárquico, dentro do PS , contra ventos e marés, o suicídio político continua.
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21 comentários:
Não entendo o teu problema!
O que fazes nesse "meio"?
Desde o biqueiro que o PS deu ao Machado,é a primeira vez que teria condições para voltar a ganhar a Câmara.
Mas,em vez disso,continuam naquela cena Mason de suicídio colectivo.
Achas que é alguma coisa nova?!
Desculpa a minha intromissão nessa "coisa".
1. Ou queremos ser apenas espectadores exigentes ou tentamos interferir na marcha das coisas.
Se tentamos ser apenas espectadores exigentes, ser implacável para com o que se passa no PS pode dar a ilusão de que desse modo não somos cúmplices do estado em que esta sociedade está.
2. Se tentamos interferir na marcha das coisas ( por pouco que seja) e recusamos o quadro do PS como espaço de acção, temos que encontrar outro que tenha maiores virtualidades práticas.
3. Como , por enquanto, não quero ser apenas espectador( ainda que exigente) e como não vislumbro nenhum outro espaço político com maiores virtualidades práticas do que o PS, é este o meu lugar e, portanto, o meu Partido.
O comentário anterior é meu.
RN
Numa imitação patética do PPD, há uns anos atrás o PS inventou este modelo das "Concelhias". Fui sempre contra a criação destas paróquias que só servem para alimentar o ego de um qualquer pároco, não acrescentando nada de bom ao PS, bem pelo contrário o histórico prova que o que nos aconteceu em Coimbra nos ultimos anos, foi uma verdadeira desgraça. O "Pároco da Concelhia" foi sempre referido por más razões .Pela primeira vez dei a cara nas ultimas eleições. Porque era urgente terminar aquele ciclo de desgraça cívica e politica ,e porque o "Pároco Cidade" era mau de mais! E é! Mas o Henrique é uma desilusão. Há dias em que um homem não deve sair de casa. Era o que devia ter feito. Mandá-los todos para o c...
Não existe qualquer diferença entre o PS Coimbra e o PS Nacional.
De desilusão em desilusão até ao aniquilamento total.
O Batista,se os tem,terá de sus pender a concelhia e avocar a designação de uma candidatura completa.Terá de a levar á CP NACIONAL que a confirmará.Só assim salva a nossa dignidade socialista manchada pelos actos do colectivo concelhio,onde ninguem é inocente
A CPC de Coimbra mostrou a sua absoluta incapacidade para decidir seja o que for a propósito das próximas eleições autárquicas.
por muitíssimo menos, em vários distritos e em várias circunstâncias, as distritais avocaram decisões desta natureza.
Pelo que vi nos jornais locais de hoje, começa a haver personagens que julgam poder aproveitar a confusão para se guindarem à posição de candidatos do PS à CMC.
Cuidado! Em excesso, o ridículo pode matar...
A responsabilidade do que está a acontecer em Coimbra , neste aspecto, também é do Sócrates.
Importa-se com o que se passa seja lá onde for deste nosso rectângulo. Menos com o que se passa em Coimbra.
Fizemos-lhe algum mal ?
Milagre parece estar a ser o facto de a CPC do PS ser tão alucinada que conseguiu que, neste descalabro, o Baptista não tenha praticamente culpa nenhuma.
Alguém já de se interrogou sobre o facto de alguns militantes do PS Coimbra apenas tomarem posição, ou assumirem "projectos" de liderança "alternativa", em eleições internas que antecedem actos eleitorais para os órgãos autárquicos e para a Assembleia da República, quando anteriormente estão coniventes com os detentores do poder partidário?
Dois terços dos militantes do PS de Coimbra nem se deram ao trabalho de votara nas últimas eleições nacionais.
Pelo que para apurar qualquer conspiração em concreto têm que se saber os nomes em concreto dos potenciais calculistas, para se poder avaliar o bom fundamento das acusações que lhes possam ser feitas.
Independentemente das suas hesitações, temos de ser justos: HF, é um bom representante do ps junto dos vários sectores e população da comunidade. É um individuo polido, inteligente, simpático, sensível e com um discurso brilhante.tenho orgulho de ter um camarada assim.
E outra coisa. ele tem toda a razão em relação à "cacofonia"! Querem falar, que falem, mas internamente, os não militantes não precisam saber quando e se a casa "pega fogo". Meus amigos são questões de foro intimo do partido, mas a necessidade de protagonismo das pessoas leva a isto. Porque não, começar por ter protagonismo dentro...
Rui,
passei por cá, vi e gostei: ganhaste mais um seguidor.
e não conhecendo o caso gostei da síntese "fusão de inércias, que, só por muito pouco tempo, conseguiu parecer uma conjugação de vontades".
aqui por Cascais é a mesma coisa.
abraço
José Teles
Eu também sou um individuo polido, tenho alguma coisa de inteligente, simpático, sensível e com um discurso brilhante, apenas me falta a tarimba do seu exercício porque nunca fui nomeado Governador Civil, o que também me impede de ser um bom representante do ps junto dos vários sectores e população da comunidade".
Porém, eu seria um péssimo candidato a Presidente da Câmara Municipal de Coimbra.
Quanto a protagonismo se o há, ele é puramente interno no sentido se ser feito por militantes que há muitos e bons anos fazem parte dos órgãos do Partido (Concelhia ou Distrital.É gente que dificulta, obstaculiza, as melhores soluções e por isso propõem e apoiam os seus semelhantes.
Ter protagonismo dentro? Acredita nisso? Será possível intervir quando não se é alinhado com o status quo instalado?
Coimbra tem de escolher um homem que queira viver a cidade, viver o concelho dar luz, futuro a uma das cidades mais belas de Portugal.
O interesse pessoal tem de ficar de lado, é preciso um homem com a humildade suficiente para mudar Coimbra!
Garante o DC que o candidato do PS à CMC é um tal João Vasco Ribeiro, que realmente não sei quem é.
deixo aqui uma dúvida, na esperança de que alguém me saiba esclarecer.
Quando há pouco numa esplanada se comentava esta novidade numa roda de amigos, um teve uma frase que não compreendi , mas que ele se recusou a esclarecer. Disse esse amigo em jeito de pergunta:" O João Vasco Ribeiro vai usar avental durante a campanha ou vai desfilar com a a bandeira do PS?"
Há assim tantos aventais em Coimbra?
A Egídio Peixoto,
Acredito que é possível... ganhando as eleições internas. Mesmo contra a "compra de votos"!
Meu caro anónimo anterior:
Olhe que não é nada fácil ganhar eleições internas contra a dita "compra de votos".
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