Pelo que tem transpirado para a comunicação social, acerca do conturbado processo de escolha de um candidato do PS à Presidência da Câmara Municipal de Coimbra, bem como pelos ecos detectados na blogosfera, penso que há um problema emergente que pode vir perturbar ainda mais esse processo. E a partir daí há uma solução que se impõe.
Pessoalmente, estou convencido de que o Henrique Fernandes agiu de boa fé, devendo-se o seu contributo para o inquinamento do processo a tergiversações, a inabilidades e a erros de avaliação. Tendo falhado na pilotagem do processo de escolha, abriu a porta à afirmação de pulsões dissipativas e deu oportunidade a apetites carreiristas, que doutro modo talvez não tivessem ousado afirmar-se.
Nesta perspectiva, não ponho em causa a autenticidade e a boa fé das suas abordagens ao Luís Marinho, no sentido de ele poder vir a ser a solução do problema. Admito, assim, que as dificuldades surgidas nesse processo tenham sido fruto de hesitação e inabilidade, e não de premeditação. Mas o seu arrastamento acabou por levar o Luís Marinho, alguns dias antes das eleições europeias, a comunicar-lhe formalmente por escrito a sua indisponibilidade para poder vir a corporizar essa hipótese.
A tudo isso, acresce que esse naufrágio de hipóteses que traziam esperança, fez despontar, nos dias mais recentes, uma estranha ressurreição de pré-candidaturas que antes eram vistas como brincadeiras ou simples frutos de manobras de contra-informação.
Confesso que me espantei com tudo isso, continuando convencido que, se realmente essas hipóteses forem mais do que isso, não passarão de remendos infelizes, que apenas podem agravar, ainda mais, as sequelas de um processo de escolha mal conduzido.
Em eleições democráticas não há derrotas nem vitórias antecipadas, mas só um optimista extremo poderá realmente pensar que a desesperada invenção de candidaturas independentes (pelo menos, as que foram mais faladas) pode conduzir a uma vitória autárquica. E o efeito normal que uma dessas candidaturas venha a ter no estado actual do partido só pode ser desastroso.
Voltemos ao problema emergente a que acima me referi e que pode tornar este quadro ainda mais complexo. De facto, dado o estado em que se encontra a Comissão Política Concelhia de Coimbra do PS, dado tudo o que acabo de dizer, dadas as interpretações desencontradas e inverosímeis (embora reais) que emergiram sobre o significado dos mais recentes episódios, pode ganhar força uma ideia que, embora podendo não corresponder à verdade, tem a verosimilhança de parecer lógica. E não sendo eu seguidor da ideia feita de que em política tudo o que parece é, sei que seria estulto menosprezar por completo as aparências.
De facto, se um dos candidatos independentes que tem sido mais badalado nos últimos dias se vier a confirmar, poderá haver quem pense que a aparente incoerência do processo não é mais afinal do que a consequência de termos estado desde o princípio perante um processo de faz de conta.
Isto é, outras instâncias, que não o PS, patrocinaram um candidato, tudo se tendo limitado, depois disso, a conseguir-se que o Partido o engolisse, custasse o que custasse. E assim a candidatura do HF nunca foi mais do que uma cortina de fumo que desde sempre foi apenas virtual. Convergentemente, os repetidos apelos ao LM não passaram de um expediente, integrado no referido processo de ocultação.
Dirão: não é verdade. Respondo: também é isso que eu penso. Mas convenhamos: pode parecer verdade. E isso, só por si, já é mau. E uma nuvem de dúvida deste tipo, na actual conjuntura, pode ter efeitos eleitorais demolidores.
Tudo isto me leva a pensar que, chegados ao ponto a que chegámos, já não há soluções boas. Trata-se de optar por uma solução de recurso que contenha em si própria uma probabilidade maior de resultados menos maus. Solução de recurso e de urgência, pois a falta de tempo, por si só, pode fazer com que uma candidatura, qualquer candidatura, potencialmente boa, se enfraqueça dramaticamente.
Solução de recurso e de urgência,viável neste momento, só vejo uma: o Presidente da Federação e o Secretário-Geral do Partido, depois de legitimados pelos passos estatutariamente necessários, escolhem um candidato, por acordo entre si.
Pessoalmente, estou convencido de que o Henrique Fernandes agiu de boa fé, devendo-se o seu contributo para o inquinamento do processo a tergiversações, a inabilidades e a erros de avaliação. Tendo falhado na pilotagem do processo de escolha, abriu a porta à afirmação de pulsões dissipativas e deu oportunidade a apetites carreiristas, que doutro modo talvez não tivessem ousado afirmar-se.
Nesta perspectiva, não ponho em causa a autenticidade e a boa fé das suas abordagens ao Luís Marinho, no sentido de ele poder vir a ser a solução do problema. Admito, assim, que as dificuldades surgidas nesse processo tenham sido fruto de hesitação e inabilidade, e não de premeditação. Mas o seu arrastamento acabou por levar o Luís Marinho, alguns dias antes das eleições europeias, a comunicar-lhe formalmente por escrito a sua indisponibilidade para poder vir a corporizar essa hipótese.
A tudo isso, acresce que esse naufrágio de hipóteses que traziam esperança, fez despontar, nos dias mais recentes, uma estranha ressurreição de pré-candidaturas que antes eram vistas como brincadeiras ou simples frutos de manobras de contra-informação.
Confesso que me espantei com tudo isso, continuando convencido que, se realmente essas hipóteses forem mais do que isso, não passarão de remendos infelizes, que apenas podem agravar, ainda mais, as sequelas de um processo de escolha mal conduzido.
Em eleições democráticas não há derrotas nem vitórias antecipadas, mas só um optimista extremo poderá realmente pensar que a desesperada invenção de candidaturas independentes (pelo menos, as que foram mais faladas) pode conduzir a uma vitória autárquica. E o efeito normal que uma dessas candidaturas venha a ter no estado actual do partido só pode ser desastroso.
Voltemos ao problema emergente a que acima me referi e que pode tornar este quadro ainda mais complexo. De facto, dado o estado em que se encontra a Comissão Política Concelhia de Coimbra do PS, dado tudo o que acabo de dizer, dadas as interpretações desencontradas e inverosímeis (embora reais) que emergiram sobre o significado dos mais recentes episódios, pode ganhar força uma ideia que, embora podendo não corresponder à verdade, tem a verosimilhança de parecer lógica. E não sendo eu seguidor da ideia feita de que em política tudo o que parece é, sei que seria estulto menosprezar por completo as aparências.
De facto, se um dos candidatos independentes que tem sido mais badalado nos últimos dias se vier a confirmar, poderá haver quem pense que a aparente incoerência do processo não é mais afinal do que a consequência de termos estado desde o princípio perante um processo de faz de conta.
Isto é, outras instâncias, que não o PS, patrocinaram um candidato, tudo se tendo limitado, depois disso, a conseguir-se que o Partido o engolisse, custasse o que custasse. E assim a candidatura do HF nunca foi mais do que uma cortina de fumo que desde sempre foi apenas virtual. Convergentemente, os repetidos apelos ao LM não passaram de um expediente, integrado no referido processo de ocultação.
Dirão: não é verdade. Respondo: também é isso que eu penso. Mas convenhamos: pode parecer verdade. E isso, só por si, já é mau. E uma nuvem de dúvida deste tipo, na actual conjuntura, pode ter efeitos eleitorais demolidores.
Tudo isto me leva a pensar que, chegados ao ponto a que chegámos, já não há soluções boas. Trata-se de optar por uma solução de recurso que contenha em si própria uma probabilidade maior de resultados menos maus. Solução de recurso e de urgência, pois a falta de tempo, por si só, pode fazer com que uma candidatura, qualquer candidatura, potencialmente boa, se enfraqueça dramaticamente.
Solução de recurso e de urgência,viável neste momento, só vejo uma: o Presidente da Federação e o Secretário-Geral do Partido, depois de legitimados pelos passos estatutariamente necessários, escolhem um candidato, por acordo entre si.
A meu ver essa via, poderia até superar as dificuldades em que o PS está em Coimbra neste plano, se fosse capaz de designar como candidato à Câmara um militante do PS com efectiva ligação a Coimbra, sendo certo que, pelo contrário, para mim, designar um independente como candidato nas actuais circunstâncias será sempre uma má solução. É pública a distância política que me separa de ambos na geometria interna do Partido, mas não vejo, dentro do estado necessidade para onde o PS de Coimbra foi atirado, outra solução com viabilidade prática.
16 comentários:
Mas, chegados a este ponto, a dignidade do PS/Coimbra está fortemente em causa, logo parece fundamental sermos "Nós" a conseguir ainda apresentar uma solução. Isso também importa e muito. Vamos acreditar que ainda é possível, porque se nós não acreditarmos, não sei quem possa acreditar. Mais, uma avocação não vale o que vale, antes é o que é...
1- Alguém me poderia informar quem são os "iluminados" que fazem parte do Secretariado da Concelhia?
2 - Haverá alguma possibilidade de destituir, com carácter de urgência, a CPC por manifesta incompetência donde resultam graves prejuízos para o PS e para o Município de Coimbra?
Como digo no texto, chegados a este ponto, só temos pela frente, em tempo útil, soluções más. Na minha opinião, a menos má, na actual conjuntura, é a que eu sugiro.
RN diz:
O comentário anterior foi escrito por mim.
RN
Ainda acredito no Marinho.
Quem melhor do que ele tem uma ligação a Coimbra e, simultaneamente, à Europa?
Se o Sócrates conseguisse convencê-lo podia ser uma solução.
Penso que o Rui tem razão no que afirma.
Posteriormente deveremos analisar o que nos fez chegar a este ponto.
Julgo que falaram demais para os jornais, todos e sobre tudo ao mesmo tempo, com meros interesses pessoais e não os do PS e muito menos os de Coimbra que merece outro executivo camarário.
Luís Vilar
Concordo com o que o Rui N. diz.
O mal foi falarmos de mais para fora.
Alguns camaradas se estão insatisfeitos, devem dizê-lo nos sítios próprios, e, não na TSF ou nos jornais da urbe.
Tenho a certeza que dentro do PS Coimbra há gente muito válida para assumir o lugar na praça 8 de Maio.
Um grande abraço para todos
ERNESTO MOURA
Pedro Martins demitiu-se.
Parabéns.
É um tipo coerente.
Demitiu-se da CPC?
Se isso aconteceu, fez muito bem. Há que ser-se coerente e decente!
Deu conta muito tarde d buraco em que se tinha metido.
Do buracão!
A proçissão ainda vai no adro...
O Luis Marinho não é santo e por isso não faz milagres...nem é mártir, nem tonto.Nem se esquece do que lhe fizeram na Figeira.
Por este andar talvez na eleição para a Cãmara de Coimbra o PS consiga alcançar os 17% obtidos na Sé Nova do dia 7 de Junho.
Quem será o candidato?
O Cidade e o Santarino - parece que alguns mais - estão disponíveis!
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