quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ocultações e emboscadas

A luta por um lugar de vereador, ou a cobrança de alegadas promessas, por potenciais candidatos a sonhadores com aquele tipo de lugar, têm inquinado o processo de escolha do candidato do PS a Presidente da Câmara de Coimbra.

De facto, não podendo essas razões ser assumidas sem ambiguidade, pelo risco de desprestígio que sempre envolve qualquer ambição excessivamente sôfrega, acabam por se traduzir em argumentos frouxos, que têm o objectivo de combater o que se não quer, ocultando a verdadeira razão porque se não quer.

E neste jogo de sombras e de ocultações, de ambições discretas e medidas exaltações, a racionalidade política vai-se esvaindo, deixando o poder autárquico actual cada vez mais tranquilo.


Parece que há quem prefira estar em lugar de destaque numa prateleira de vencidos, do que participar ao lado de muitos na alegria de uma vitória.

14 comentários:

Anónimo disse...

Não tenho por hábito, por ser avesso à falta de ambição política em termos eleitorais, votar em eventuais prateleiras de vencidos mas também, ou igualmente, de gente que se serve da política para se alcandorar a lugares para os quais não tem o mínimo de capacidade,competência e, fundamentalmente, idoneidade.

Anónimo disse...

Como regra, as ditas "prateleiras de vencidos" são preenchidas pela tal gente "sem o mínimo de capacidade, competência(...) e idoneidade".

Embora se saiba que, neste como noutros casos, não há regra sem excepção.

António Horta Pinto disse...

Para quem, como eu e milhares de cidadãos, é simpatizante e habitual votante no PS, mas não está inscrito e não está a par das querelas intestinas nem nelas participa, a coisa começa de facto a parecer mal. Muito mal.

Anónimo disse...

Mesmo muitos de nós militantes de base começamos a ficar irritados.

Mas afinal a direcção nacional do partido anda a dormir?

JG disse...

É mais um episódio que retira credibilidade a uma actividade que deveria ser a mais nobre de entre todas. Vamos ver o que nos espera domingo quanto a resultados da abstenção. Muitos dos nossos dirigentes políticos são um pouco como os dirigentes do futebol: nem quando levam os clubes à ruína param um pouco para repensar o caminho. Mas, que fazer? No caso da política, até têm a legitimidade de ter sido eleitos! Bem vistas as coisas, a responsabilidade do estado a que isto chegou é muito repartida.
JG

Anónimo disse...

O meu convívio com a malta dos jornais talvez me permita ter uma visão mais detalhada dessa questão.

Mas o que me parece irónico é que é dentro dos grupos do PS que se apresentaram como renovadores, a nível concelhio e distrital, que se afirmam as maiores resistências à candidatura do Luís Marinho e os maiores entusiasmos pela candidatura do Henrique Fernandes.

É talvez, por isso, que entre os jornalistas circula a ideia de que talvez o Hentique Fernandes lhes tenha prometido lugares na lista para a Câmara.

O futuro há-de poder confirmar ou desmentir esses boatos ( se é que são boatos).

gui castro felga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
gui castro felga disse...
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gui castro felga disse...

pois é, caro rui. todas as 'maquinas partidárias padecem disso, em maior ou menor grau. e pior, quantos 'bons politicos' consegues tu nomear nas gerações mais novas?? poucos, muito poucos.

parece-me que é um problema das regras do jogo: para se 'fazer política' em portugal, para se ser ouvido nas decisoes do mundo exige-se quer um dado 'comportamento social', permanentemente em analise pelos outros e em que as pessoas se sujeitem a uma certa invasão de privacidade, e por outro, (ainda mais grave, quanto a mim), exige-se que se abdique de qualquer ambição de 'carreira' na sua área profissional... para fazer politica é preciso um tempo integral e uma escolha da coisa como 'profissão'.

eu acho que esta ordem das coisas só chama à política os grandes egos (e resistentes!!! =), os oportunistas ou os incompetentes ou desiludidos com o trabalho que escolheram. infelizmente para todos nós...

mas... se as pessoas trabalhassem menos horas, fossem mais bem pagas (não esquecer o valor do salário mínimo e medio no nosso país...), se tivessem condições materiais e sociais que incentivassem à participação... talvez houvesse menos abstenção cívica - nos dias de eleição E NOS OUTROS. as pessoas poderiam fazer trabalho associativo, social e sim, politico. e serem mais a discutir as politicas que os 30 ou 50 cromos do costume... a nivel europeu, a nivel autarquico, a nivel nacional... se não tivesse de ser uma escolha entre a politica e o mundo...

=) se houvesse socialismo e igualdade e liberdade 'a sério'...

Anónimo disse...

De facto é muito triste ser militante do PS-Coimbra. Este, é de meia duzia de camaradas que brincam à politica, sem o menor respeito pelos militantes que os ajudam a ter tachos e a no fundo a satisfazer as necessidades básicas de protagonismo. Quem quer participar politicamente, é afastado para não lhes estragar a brincar. E por mim, deixarei de votar PS, para que HF e Lda's aprendam e vejam o que andam a fazer ao partido. Um vitoria tão fácil de conquistar como esta para a camara, é deitada fora, assim, de uma forma tão desrespeitosa. Enfim, são estes que fazem com que outros partidos assumam o nosso lugar. Parabéns!

Rui Namorado disse...

Olá, miss red.

Se houvesse, mas não há.

O problema maior não está em pensá-lo, mas em atingi-lo.

E, no entanto, pensá-lo não é uma tarefa menor.Mas é insuficiente.

Por outro lado, o socialismo não é algo que esteja certo. Depende da capacidade social colectiva de o conquistar. Não sendo certo, não deixa de ser imperativo, já que um futuro pós-capitalista que não seja socialista será seguramente a barbárie.

Por isso, se é certo que a acção política envolve emoções e simpatias não se pode deixar encerrer nelas, já que a cada um não pode apenas imprtar o acerto e a justiça do seu protesto, mas principalmeneta probabilidade efectiva de contribuir para que um dia seja realidade aquilo com que sonha.

É talvez por isso que é potencialmente mais útil ser parte de um grande exército imperfeito do que de uma companhia de elite. Só o primeiro pode ganhar batalhas, embora o segundo possa ficar na história dos que perderam heroicamente. Melhor, a utilidade histórica do segundo depende do êxito do primeiro, já que nenhuma companhia de elite pode sair vitoriosa de um combate em que o exército, do qual de um modo ou outro depende, for derrotado.

RN

gui castro felga disse...

poois. companhia de elite? isso é que é um elogio. =) bom saber que levas o bloco a serio...

eh pa, mas olha que não, rui, o BE está longe de ser uma 'elite politica'... falta muita coisa...

não concordo nada com esse sentimento de culpa-acristanado-anti-elite. sim, és, somos, priviligeados - pelo sitio em que nascemos, pelas condições que tivemos (que nos permitiram estudar, por exemplo), por vivermos em paz... é agradecer a sorte ao mundo, aproveitar e devolver à comunidade em energia e em ideias em dobro. e construir um mundo em que toda a gente tenhas (mais) oportunidades que nós tivemos. ponto.

achas que o mal menor é um bem maior? eu quero políticas exigentes, para chegar ao tal socialismo de-pre-ssi-nha. ontem já era tarde para todos os precários, os sem direitos, os anjos caídos e os milhoes de pobres e excluidos portugueses e mundiais...

nesse sentido, voto útil é o meu... se esse exercito imperfeito me parece parte do problema e não da solução, acho que só posso mesmo remar contra a maré e contra o sistema neoliberal mundial que eu creio ser o que escreaviza os homens de tantas maneiras. o exercito imperfeito não tem tentado mudar essa ordem das coisas, antes a perpetua.

mas não te preocupes, que ao que dizem as sondagens, a maioria da população concorda com o programa do ps... talvez as pessoas tenham medo de sonhar mais alto...

RN disse...

1.Destacamento de elite é o que está treinado par certo tipo de combates. São destacamentos naturalmente pequenos, mas adequads a certo tipo de lutas. Não se trata de elogiar ninguém, mas apenas de, uma vez que existem, lhes imaginar uma utilidade objectiva. E se não há elogio, não há culpabilização.

2. O problema não é o de exigir a um hipotético "outro" que faça o que pensamos ser certo. Está em fazer com que aconteça realmente e em tempo útil o que achamos que é bom que aconteça.

3. O poeta diz que o sonho comanda a vida, mas não diz que o sonho é a vida.

gui castro felga disse...

you may, my dear, say that I'm a dreamer... saudações, camarada