sábado, 7 de fevereiro de 2009

Sondagens e Assombrações


1. Impante pela a enormidade da sua auto-imagem o PSD, representado pelos Senhores e pela Senhora que o guiam, zanga-se com as sondagens que o mostram como se fossem um espelho. Devia zangar-se com ele próprio.
Eis mais uma para aborrecer a baronagem laranja, o barómetro Correio da Manhã/Aximage.

INTENÇÃO DE VOTO LEGISLATIVO

PS: 38,2% (Fevereiro) / 37,3% (Janeiro)

PSD: 23,8% (Fevereiro) / 23,3% (Janeiro)

CDU: 9,2% (Fevereiro) / 8,1% (Janeiro)

CDS: 7,7% (Fevereiro) / 7,7% (Janeiro)

BE: 12,0% (Fevereiro) / 11,4% (Janeiro)

Outros/Bra. e nulos: 4,7% (Fev) / 5,1% (Jan)

Indecisos: 4,5% (Fevereiro) / 7,1% (Janeiro)

Abstenção: 40,1% (Fevereiro) / 41,3% (Janeiro)

Olhando para este quadro, verificamos que de Janeiro a Fevereiro o PS subiu 0,9% e o PSD subiu 0,5%. Ou seja, apesar da campanha negra e das dificuldades económicas o PS distanciou-se ainda mais do PSD. No tal mês em que deveríamos ter visto a Dama de Cinza renascer como Fénix, para assombrara o Governo, apenas a vemos a contas com a sua própria raiva . Raiva por se recear sem engenho para atingir os altos cumes onde julgava poder chegar.

2. E o que já era mau para si, em virtude da comparação das intenções de votos nas legislativas, torna-se devastador, quando se coteja a evolução, que o CM também publica com parte do barómetro acima referido, entre os índices de confiança comparados de Sócrates e de MFL. Vejam-se:

Em qual dos dois líderes tem mais confiança para Primeiro-Ministro: Em José Sócrates ou em Manuela Ferreira Leite?

José Sócrates: 37,9% (Jun 08) / 36,1% (Jul 08) / 37,0% (Ago 08) / 38,7% (Set 08) / 40,9% (Out 08) / 46,8% (Nov 08) / 47,9% (Dez 08) / 47,5% (Jan 09) / 47,9% (Fev 09)

Manuela Ferreira Leite: 33,3% (Jun 08) / 33,1% (Jul 08) / 33,2% (Ago 08) / 30,3% (Set 08) / 28,4% (Out 08) / 26,3% (Nov 08) / 24,9% (Dez 08) / 22,9% (Jan 09) / 22,3% (Fev 09)

Ou seja, entre Junho de 2008 e Fevereiro de 2009, o índice de confiança em Sócrates aumentou de 37,9 % para 47,9%, enquanto o MFL desceu de 33,3 para 22,3 %. Em Junho de 2008, Sócrates tinha uma vantagem 4,6% em relação a MFL. Oito meses depois a sua vantagem é de 25,6 %. Suas excelências os brilhantes que despontaram como pavões no palco do PSD, rodeando como arcanjos salvadores a nova Dª Sebastiana, são afinal uma colecção de pilecas políticas engravatadas.

2 comentários:

Alvarez disse...

Caro Rui,

Mas será que a grande maioria dos portugueses (descontentes como dizem estar) vão votar de novo no homem?

Como diz o outro:
"E o burro sou eu?"

Abraço,

Alvarez

Anónimo disse...

RN em conversa:

Basta olhar para os resultados eleitorais das últimas décadas para se verificar que tem sido sempre heterogénea a avaliação dos potugueses sobre qualquer lider. E os que conseguiram um apoio eleitoral maior, quando passaram os 50% dos votos expressos,o que foi raro, passaram-nos por pouco.Quem é bom para uns, é mau para outros e vice-versa.

Mas também talvez não seja ousado afirmar que em todos os universos de votantes, neste ou naquele partido e neste ou naquele lider, houve portugueses que votaram sem entusiasmo, na perspectiva do mal menor.

Por isso, quando se aprecia o nível de intenções de voto num partido, há que ter em conta não só os seus méritos como o demérito dos outros.

Ora, com Sócrates, pondo agora entre parentesis a medida em que são justos apupos e aplausos,passa-se isso mesmo. A presumível primeira-ministra sombra tem uma credibilidade nula, surgindo, aos olhos dos descontentes com Sócrates, como alguém que ameaça ir ainda mais longe nos aspectos que mais desagradam a esses críticos na governação actual. Por isso, muitos dos descontentes com o actual governo, receiam mais um governo da direita do que a continuidade deste.

Quanto à oposição, alegadamente, de esquerda, as sondagens mostram uma maior facilidade na tranferência de votos do PS para ela. Mas julgo que essa transferência tem um tecto relativamente baixo, para além do qual não passará. Disso mesmo parece ter consciência o BE, a fazer fé das notícias sobre o seu recente congresso.

Mas isso não basta para sair do dilema em que o PCP e o BE parecem estar confinados: precisam de exacerbar o confronto com o PS para conseguir transferência de votos a seu favor, mas, se o antagonismo assim suscitado se dramatizar em excesso, pode ficar transparente a completa impossibilidade de que os seus votos contem para se decidir se é o PS, se é a direita quem vai governar. mais: os votos neles aumentarão as hipótese de adireita governar, na medida em que eles não t~em qualquer hipótese de o poder fazer e nada querem com o PS.

Alguns dirão que isso não importa e insistirão no voto BE/PCP; mas outros, que sem isso poderiam vir a votar nesses partidos, preferirão não o fazer a contribuir para que se venha a ter um governo MFL ou MFL/PP.